
Por Carlos Antoniolli, adestrador da equipe Cão Cidadão.
Quando nos deparamos com casos de agressividade canina, o mais importante, inicialmente, é identificarmos os fatores estimulantes e o tipo de agressividade. Os animais podem demonstrar agressividade por dominância, por território e mais comumente por medo.
A agressividade por medo é causada normalmente por falha no processo de socialização, algum trauma psicológico, e não podemos deixar de considerar o histórico genético do indivíduo, pois, algumas raças possuem uma maior predisposição ao medo do que outras. Lembrando que o medo é um sentimento essencial para a sobrevivência e a evolução da espécie, ou seja, ao introduzirmos o cão ao nosso convívio, é de nossa responsabilidade criarmos boas associações para ele com nossas atividades rotineiras.
Um cão exposto ao medo recebe um estimulo fisiológico e o hormônio adrenalina é secretado na corrente sanguínea e, com o aumento do batimento cardíaco, há uma maior irrigação de sangue oxigenado nos tecidos musculares, proporcionando a ele as opções de fuga ou ataque. Normalmente os cães optam primeiramente pela fuga ou tentam evitar o contato com uma pessoa, por exemplo.
Caso tenham sucesso, eles irão permanecer ou repetirão esse comportamento, mas, infelizmente, não é o que mais ocorre, pois as pessoas, sem saber, ignoram os sinais corporais e acabam forçando a interação. Sem a opção de fuga, o cão ataca ou inicialmente começará a demonstrar sinais agressivos, como: rosnar, latir, ameaçar ao ataque e, finalmente, o atacar propriamente dito. Essa opção se torna muito eficaz para o cão, pois, na sua grande maioria, ele terá êxito e conseguirá afastar o agente amedrontador e esse comportamento será naturalmente recompensador e tenderá a repeti-lo.
Em um treino de dessensibilização, o mais importante é não permitir que o cão entre no estágio agressivo. Para isso, se faz necessário identificar a distância ideal entre o cão e o fator estimulante, que é logo abaixo do limiar estressante, ou seja, antes do disparo da adrenalina e a partir desse ponto, iniciar o treino com associações positivas. O cão deve perceber que toda vez que é exposto a uma pessoa, algo muito bom ocorre, por exemplo, ganhar um petisco. Conforme o cão for demonstrando relaxamento em relação ao agente agressor, gradativamente deverá reduzir a distância, assegurando para em não ultrapassar o limiar estressante.
Alguns animais começam apresentar agressividade por medo em decorrência de alguma alteração clínica. Nesse caso, é muito importante, antes de qualquer intervenção comportamental, uma avaliação médica veterinária.
O mais importante em treinos com cães agressivos, independentemente do tipo e grau de agressividade, é a segurança dos envolvidos (cães e humanos) e sempre deverá ser acompanhado e assessorado por um especialista comportamental canino.
Fonte: Publicado no Portal Simba Lovers.








