Gatos devem ser livres?

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Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Um dos temas mais discutidos na internet, em comunidades do mundo inteiro, é a conveniência ou não de deixar o gato sair de casa para dar suas voltas. Diversos enfoques são levados em conta, mas não encontrei consenso quanto à melhor atitude a tomar. Neste artigo procuro discutir os diversos aspectos envolvidos na questão.

Situação atual
A maioria dos gatos que mora em casa tem livre acesso à rua, pelo menos em determinado período do dia. Noto que, tanto no Brasil como em diversos outros países, o hábito de deixar o gato passear é tão comum que portinholas para sair e entrar são itens normais em catálogos de produtos para pets. Privar o gato da liberdade é uma grande responsabilidade, principalmente se ele for bastante ativo e explorador. Alguns gatos, impedidos de sair por viver em apartamento, acabam se machucando e até morrendo ao pular de prédios. Esses acidentes, que poderiam ser evitados se os proprietários colocassem tela nas janelas, são um bom indicativo da grande motivação felina para explorar novos locais.

De outra parte, apesar de comum, a permissão de livre acesso à rua expõe o gato a diversos perigos, além de ser uma atitude polêmica sob o ponto de vista comunitário, já que, diversas doenças e parasitas podem ser espalhados pelos gatos andarilhos. É fato também que os não castrados acasalam com facilidade, contribuindo assim, para aumentar a quantidade de animais abandonados.

Refletir sobre as consequências de cada opção fica mais fácil quando levamos em conta os vários aspectos envolvidos.

O prazer da liberdade
Os gatos são animais exploradores, caçadores e curiosos. Parte deles estando em liberdade, anda mais de dois quilômetros por dia, caçando dezenas de insetos, pássaros e outros animais. Outros, mesmo tendo a possibilidade de sair, preferem desfrutar da segurança e do conforto que a casa oferece. A variação comportamental decorre de características de cada raça e de cada indivíduo. Os indivíduos mais calmos e menos ativos são os que costumam ser mais caseiros.

Efeito da castração
Na maioria dos casos, a necessidade de defender o território e de explorar o ambiente em busca de parceiros sexuais diminui consideravelmente com a castração. Também diminui a chance de um gato castrado saltar da janela de um prédio. Talvez possamos concluir que a adaptação de um gato a espaços restritos torna-se mais tranquila se ele for castrado.

Não é verdade que a castração deixa o gato preguiçoso e desestimulado. Muitas vezes, a energia antes gasta em busca de parceiros sexuais passa a ser utilizada para brincar e interagir com o proprietário.

Perigos e acidentes comuns
Por mais esperto que o gato seja, viver em liberdade, principalmente em cidades, envolve riscos. Diversos proprietários que agora restringem o acesso à rua já perderam um gato de maneira trágica.

O acidente mais comum é o atropelamento. Mesmo que o gato more numa rua calma, se ele for um dos que andam bastante, pode chegar a lugares mais movimentados.

Envenenamento é outro perigo. Seja por ingerir veneno colocado para matar ratos, por contaminação com produtos químicos ou como vítima de uma ação proposital. Se não bastasse, o gato também pode ser atacado. A grande maioria dos cães não permite a entrada de gatos em seu território e adora persegui-los.

Problemas com a vizinhança
Muitas pessoas se consideram desrespeitadas quando vêem sua propriedade invadida por um animal de outra casa. O incômodo e a irritação aumentam quando alguém encontra um gato de terceiros dormindo em cima de seu carro ou tentando caçar passarinhos e agarrar peixes do aquário de sua casa. Uma pessoa que conheci teve alguns de seus peixes Betas roubados por um gato invasor – e no quintal havia um Dogue Alemão que odiava gatos!

Conclusão
Acho importante levar todos esses pontos em consideração. E, caso a escolha seja por privar o gato da liberdade de passear, devemos proporcionar a ele brincadeiras e enriquecimento ambiental. Criar, enfim, situações estimulantes. Na matéria “Aumente o bem-estar do seu gato”, da revista Cães e Cia 286, há sugestões interessantes nesse aspecto.

Castração do gato e efeitos sobre o comportamento

Photo credit: marco monetti / Foter / CC BY-ND
Photo credit: marco monetti / Foter / CC BY-ND

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Por que castrar?
A cirurgia de castração ou esterilização está se tornando cada vez mais comum. Nos Estados Unidos e na Inglaterra, por exemplo, é raro encontrar gatos de estimação que não tenham sido castrados. A castração, por impedir que o animal se reproduza, tem sido divulgada por ONGs e por governos como uma das melhores maneiras de controlar o excesso de animais e, conseqüentemente, diminuir o abandono.

Essa cirurgia também tem sido recomendada para evitar problemas comportamentais. Apesar dessas vantagens, no Brasil existe ainda bastante resistência à esterilização. Alguns proprietários temem o perigo da anestesia, outros acreditam que o animal perde a personalidade ou se torna gordo e preguiçoso. Embora alguns medos possam de mitos ou referem-se a problemas que podem ser solucionados de maneira prática e fácil. As principais dúvidas sobre a castração e seus efeitos sobre o comportamento serão aqui discutidas.

O que muda?
Pela castração ou esterilização se retiram os testículos dos machos ou os ovários e o útero das fêmeas. Com isso ocorre a interrupção da produção de hormônios sexuais, o que pode alterar os comportamentos influenciados por eles, além de pôr fim à produção dos espermatozoides e dos óvulos.

Riscos
Com a evolução da medicina veterinária, tornou-se raríssimo perder um animal por causa da castração. As chances de ocorrer problema durante ou após a cirurgia se reduzem ao mínimo se forem feitos exames prévios de sangue e de coração, principalmente se houver suspeita de doença, se a anestesia for inalatória e se o animal não estiver obeso. Por isso, procure seguir corretamente todas as dicas do seu veterinário. A recuperação costuma ser bastante rápida, levando no máximo alguns dias.

Assim como se pode dizer que há sempre risco numa cirurgia, por menor que seja, há também risco se a cirurgia não for feita. Com a presença dos hormônios sexuais no organismo, os machos não castrados estão mais sujeitos do que os castrados a desenvolver câncer de próstata e nos testículos (o castrado não tem mais testículos) e as fêmeas, infecção no útero e câncer de mama (quando a esterilização ocorre antes do primeiro cio, a chance de desenvolver esse tumor é muito menos, próxima a zero).

Ganho de peso
É possível que a esterilização aumente a tendência de o gato engordar. Com a redução dos hormônios sexuais, ocorrem alterações metabólicas e elas podem contribuir para o acúmulo de gorduras. Uma das possíveis decorrências é o metabolismo ficar mais eficiente, e o gato engordar.

Uso de produtos veterinários
Devemos sempre levar em consideração o sofrimento psicológico e os possíveis traumas que alguns procedimentos podem causar. Às vezes, é preferível anestesiar ou sedar o gato antes de submetê-lo a algo muito estressante. Nesse caso, peça orientação ao veterinário sobre o medicamento e a dose a serem utilizados.

Encontros noturnos de gatos: saiba o que são e como funciona

Photo credit: OiMax / Foter / CC BY
Photo credit: OiMax / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Muitos proprietários que mantêm solto o gato sabem apenas parte do que o bichano faz quando dá suas voltas por aí. Alguns felinos, além de caçar, passear, namorar e demarcar território, saem para participar de “reuniões”. A versão mais barulhenta desses eventos já foi retratada em filmes e desenhos animados, nos quais vemos diversos gatos reunidos e pessoas irritadas jogando água ou objetos neles para silenciá-los.

Em geral, os encontros entre felinos são feitos à noite. É quando o ambiente está mais tranqüilo e os gatos, mais ativos. Poucos sabem o que de fato acontece nessas reuniões. Para entender melhor o assunto, é importante conhecermos a natureza territorialista dos felinos.

Defesa de território
Os gatos procuram manter afastados os competidores, principalmente os outros gatos, para diminuir a necessidade de disputa por alimentos e por parceiros sexuais. Essa postura territorial é mais evidente nos machos, mas ocorre também com as fêmeas.

Obter os benefícios de ser o dono do território tem seus custos. O gato que o defende, além de precisar de tempo e energia para manter os intrusos distantes, está sujeito a ferimentos resultantes dos conflitos. E o gato agressor, por sua vez, se arrisca a ser ferido e a nada ganhar com isso, se a tentativa de conquista for frustrada.

Assim, em alguns casos, os gatos preferem se tolerar e compartilhar o mesmo território a ficar brigando por ele.

Elite com circulação livre
É nas reuniões que os gatos de um mesmo território se mantêm em contato. Desses encontros só participam vencedores. Os mais fort es, os bons de briga e os corajosos formam um grupo cujos “sócios” se concedem a regalia de circular pelo território comum, sem ser hostilizados um pelo outro.

Resistência a novatos
Como além de sócios esses gatos são competidores, para eles quanto menor for o grupo, melhor. Por isso, os gatos visitantes são mal recebidos. A rejeição começa com intimidações para o recém-chegado perceber que a área já tem dono. A maioria entende o recado e vai logo embora. Mas se algum gato visitante insistir em permanecer, a intimidação evolui para tentativa de expulsão. Nesse estágio, o novato poderá apanhar, levando mordidas e unhadas de um ou mais gatos.

Se depois de tudo isso, o pretendente insistir em continuar na área, poderá ser aceito pelos membros do grupo. Mas não necessariamente. Se a aceitação não vier, o gato novato terá de fugir constantemente dos gatos do grupo.

Expulsão de membro
Fazer parte do grupo não é garantia de que a posição está assegurada. Pelo contrário. Se alguns gatos suspeitarem que um dos sócios está enfraquecido, poderão aproveitar a ocasião para atacá-lo e, quem sabe, expulsar o colega e adversário.

Com a finalidade de evitar essa situação, os gatos tendem a disfarçar quando estão machucados ou sentem dores. Muitas vezes, enquanto não estão bem, se escondem para não mostrar fraqueza nem ter de duelar. E só voltam às reuniões depois de estarem recuperados, sentindo-se em condição de defender a posição deles.

O gato que retorna do pet shop perfumado e com lacinho pode entrar em apuro se for membro de uma dessas sociedades felinas. O cheiro e a aparência diferentes podem ser interpretados como uma fraqueza, possivelmente uma doença. Ao desconfiar de que ele esteja enfraquecido, os demais gatos poderão começar a desafiá-lo. Se o nosso gato estiver bem e for bom de briga poderá reconquistar o espaço, mas ficando sujeito a voltar para casa com arranhões e feridas.

Escassez e atritos
A escassez de alimento ou de fêmeas no cio pode aumentar os atritos durante as reuniões felinas. Nessas ocasiões, os gatos ficam mais dispostos a se arriscar para conseguir a diminuição da quantidade de competidores, e podem tentar expulsar alguns membros do grupo.

Apego entre gatos
Nem sempre um gato considera outros gatos como rivais ou competidores. Algumas raças, como é o caso do Persa, tendem a ser mais amigáveis. Exemplares que cresceram juntos, principalmente onde não há escassez de alimento, costumam desenvolver apego. Esse laço é, em geral, mais forte nos gatos castrados já que os hormônios sexuais aumentam a incidência das disputas, principalmente entre os machos.

Pensando em adquirir um gato

Photo credit: CJ Isherwood / Foter / CC BY-SA
Photo credit: CJ Isherwood / Foter / CC BY-SA

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Existe um preconceito muito grande com relação aos gatos. Mas, após conhecê-los realmente, muitas pessoas se tornam amantes de tais criaturas.

Sem dúvida nenhuma, os gatos são diferentes dos cães e qualquer pessoa que espere um comportamento igual poderá se decepcionar. Gatos são mais independentes, donos das próprias vontades — não se submetem ao ser humano com tanta facilidade. Mas isso não quer dizer que eles não se apegam a pessoas, que são interesseiros e falsos, como muita gente costuma falar.

As diferenças comportamentais entre cães e gatos são fruto do diferente modo de vida que cada um levava. Os ancestrais dos gatos caçavam animais menores que eles, como ratos e passarinhos. Por isso, podiam caçar sozinhos.

Já os ancestrais dos cães caçavam também animais grandes. Para eles, fazer parte de um grupo era questão de sobrevivência, enquanto que para o gato não era. Daí vem a necessidade de o cão estar sempre por perto do grupo dele ou de seu “proprietário”, enquanto que para o gato nunca existiu essa preocupação. Mesmo não havendo mais necessidade de caçar para se alimentar, tanto os cães como os gatos mantêm comportamentos que já foram essenciais para a sua sobrevivência.

Independência e apego
Apesar de mais independente, o gato também se apega a pessoas, reconhece os seus proprietários, dá carinho e procura companhia. Há quem julgue os cães dependentes demais, querendo sempre chamar a atenção, nunca dispostos a ficar sozinhos. Pessoas assim podem até se sentir “sufocadas” por cães e encontrar nos gatos uma companhia ideal.

Território
De certa forma, os gatos são até mais territoriais que os cães: a maioria dos felinos não relaxa até conhecer bem seu espaço. Demonstrações de carinho só ocorrem depois de o gato ter se adaptado ao ambiente. Antes disso, estará estressado, preferirá ficar sozinho e, para se desvencilhar, poderá arranhar e morder até mesmo pessoas conhecidas.

Higiene e cheiro
Extremamente limpos, os gatos são quase obstinados por limpeza. Exceto algumas raças de pelo longo, são capazes de se limpar perfeitamente. Têm instinto de enterrar as fezes e a urina e, por isso, são facilmente treinados a usar uma caixinha de areia como banheiro.

Levar para passear
Facilmente o gato se sente desprotegido em ambiente novo. Por isso, não costuma ser muito fácil passear com ele, pelo menos da mesma maneira que se passeia com um cão. O gato se assusta com mais facilidade, atrapalhando a marcha constante durante o passeio.

Elegantes e discretos
Gatos são de uma elegância notável e se deslocam discretamente. Embora mais silenciosos que os cães, quando não castrados podem se tornar bastante barulhentos na época do cio, tanto machos como fêmeas, emitindo miados longos e contínuos.

Grandes saltadores
Por saltar mais alto e escalar melhor que o cão, o gato escapa com mais facilidade para a rua. Mantê-lo sem acesso à área externa e colocar telas nas janelas são recursos adotados por algumas pessoas para evitar o problema. Mesmo porque, em um apartamento, saltar pela janela ou cair dela pode resultar em acidente fatal.

Cuidado com os móveis
Raspar as unhas é uma necessidade para os gatos. Muitas vezes, eles escolhem estofamentos para fazê-lo. Existem arranhadores no mercado que podem ajudar a preservar a mobília. Mesmo assim, às vezes, é necessário supervisionar o felino até ele aprender a arranhar somente no arranhador.

Vira-lata ou de raça
Existem diversas raças de gatos, algumas mais calmas como o Persa e outras mais agitadas como o Siamês. Os vira-latas também constituem uma boa opção, já que costumam ser saudáveis e resistentes a doenças. Gatos muito peludos exigem maiores cuidados de limpeza e escovação. Os de pelo curto raramente necessitam de banho.

Filhote ou adulto
Filhotes são mais brincalhões e demandam mais cuidado, atenção e socialização. Os gatos adultos podem se adaptar perfeitamente a novos ambientes e se tornar bastante apegados a novos donos. Uma vantagem de adquirir um exemplar adulto é que o temperamento já está definido. O filhote ao crescer pode se tornar mais medroso e arredio do que se gostaria.

Macho ou fêmea
Gatos, principalmente machos, podem demarcar a casa com urina. Para evitar que isso ocorra, recomenda-se a castração.

Como tornar o gato mais amigável com visitas

Photo credit: .Great Grandpa & Grandma T. / Foter / CC BY
Photo credit: .Great Grandpa & Grandma T. / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Esconder-se, ficar sem brincar e até sem comer quando chegam visitas são comportamentos comuns em gatos. Mas isso frustra o proprietário “coruja”, por não conseguir tirar o animal de debaixo dos móveis para mostrá-lo. As visitas também ficam chateadas ao constatarem que o gato não gosta delas, e o bichano, por sua vez, mantém-se na defensiva, com medo, e deixa de receber carinhos e de curtir a novidade.

Tirar o gato do esconderijo, por melhor que seja a intenção, é afastá-lo do lugar que o faz se sentir protegido, deixando-o inseguro. Respeite o esconderijo do gato. Assim, ele ficará um pouco menos ansioso nas situações que julgar estranhas. Antes de se culpar pelo comportamento do bichano ou de considerar as visitas maus elementos, saiba que faz parte da natureza felina ser desconfiado. Imagine um gato explorando as redondezas sem se resguardar. Em pouco tempo poderá ser devorado por um cachorro. O oposto também não é adequado. Se o gato for medroso demais e não se acostumar a novidades, poderá deixar de achar alimentos, de chegar a lugares gostosos para tirar uma soneca e de encontrar parceiros para se acasalar.

O comportamento cauteloso varia bastante de um gato para outro. É fruto em parte da genética e em parte das experiências vividas. Gatos expostos a estímulos diversos quando filhotes costumam se tornar os menos medrosos e os mais preparados para aceitar mudanças.

O Fusquinha precisa associar visitas com coisas boas para diminuir o medo e tornar a vida mais agradável para todos. Coloque-se no lugar dele. Depois da chegada de um estranho, Fusquinha deixa de poder se esparramar em qualquer lugar, de se alimentar e de receber carinho das pessoas em quem confia. Se ele se sentir em perigo e tiver necessidade de ficar escondido em um cantinho, sem acesso a tudo que tinha minutos antes, é claro que não vai curtir visitas! E enquanto estiver isolado, tentando preservar a integridade, não poderá descobrir que as visitas não iriam machucá-lo nem atacá-lo.

É possível tornar a presença de visitas interessantes e agradável para os garotos associando-se a chegada de alguém a algo que o gato adore: por exemplo, dando petiscos e carinho a ele sempre que entrar uma visita. Guarde parte da ração e dos petiscos mais apetitosos para essas ocasiões (a vontade de comer diminui em situações de estresse e se o gato ganhar de tudo o tempo todo não teremos nada de especial para servir naqueles momentos).

No começo, a guloseima é oferecida bem próximo ao esconderijo do gato. Deixe-o comer tranquilamente. Assim que esse costume for usual, coloque o alimento um pouco mais afastado, estimulando o gato a sair parcialmente do esconderijo. Aos poucos, vá colocando o alimento cada vez mais perto das visitas. Qualquer movimento que pareça assustador para o gato, ou mesmo a tentativa de agarrá-lo, pode atrapalhar o processo. As visitas devem procurar ignorá-lo totalmente, pelo menos no começo. Impeça-as de forçar o contato físico com o bichano.

Com o tempo, o gato pode passar a pedir alimento toda vez que chegarem visitas e até mesmo ir diretamente até elas. Se você quiser encorajar esse comportamento, peça para as visitas colaborarem dando também pedaços de petiscos.

Espero que essas dicas ajudem o seu gato a ser mais corajoso e a descobrir como pode ser bom receber visitas!

Resumo das dicas

Respeite o esconderijo do gato. Não o tire de lá e nem o perturbe.
Ofereça alimentos apetitosos e carinho para o seu gato sempre que receber visitas.
Aos poucos, estimule-o a sair do esconderijo para pegar pequenos pedaços de petisco.
Impeça estranhos de assustar o gato ou de forçar o contato físico.

O mundo pelos olhos do gato

Photo credit: Nick-K (Nikos Koutoulas) / Foter / CC BY
Photo credit: Nick-K (Nikos Koutoulas) / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Gato é sinônimo de liberdade, inteligência e curiosidade. Principalmente curiosidade. Mas ao contrário de nós, os gatos precisam fazer muito menos esforço para perceber o que está acontecendo a seu redor. Eles não che gam ao extremo de “enxergar pelas costas”, mas visualizam elementos que estão ao seu redor com menos esforço. Assim, se alguém passar ao lado ou mesmo por trás de um gato, ele não precisará deslocar muito a cabeça para ver quem é. Isso se deve ao seu sofisticado aparelho visual, típico nos predadores, cujos olhos mostram-se mais projetados da superfície e apresentam um campo visual bastante grande, de 220° a 290° (a humana é de 180°).

Embora enxergue bem durante o dia, a visão do gato é bastante adaptada à visão noturna. Seus olhos apresentam estruturas e mecanismos totalmente direcionados para a visualização na presença de pouca luz, fazendo com que aproveitem melhor a luz do ambiente (estima-se que eles necessitam de cerca de 1/6 da quantidade de luz que para nós é o limite mínimo para a visão).

Um desses mecanismos é dilatação pupilar, a extrema adaptabilidade das pupilas que se dilatam ou contraem conforme a quantidade de luz, permitindo uma melhor visualização do ambiente. Quem nunca reparou na diferença entre os olhos de um gato durante o dia e à noite? Aquele filetinho escuro central se transforma numa esfera negra que toma grande parte do olho. Agora, seus olhos estão ainda mais abertos para a escuridão.

Mas nem tudo é glória. Se por um lado os gatos nos superam na capacidade de enxergar durante a noite, por outro, perdem na acuidade visual, pois eles têm apenas 10% da nossa capacidade de visualizar imagens detalhadas. Isso se deve às mesmas estruturas oculares que maximizam a visão noturna, que diminuem a resolução das imagens, tornando-as, na maioria das vezes, obscura. Além disso, eles apresentam pouca acomodação visual e uma leve miopia, que também resultam na visualização de uma imagem imperfeita.

Dessa forma, elementos como o movimento dos objetos, assim como variações de tamanho e algumas formas básicas são primeiramente visualizadas em detrimento aos detalhes. Portanto, se o seu gato não vem mais ao seu encontro quando você oferece aquela apetitosa ração de carne, não pense que agora ele prefere atum, talvez ele não esteja reconhecendo seu prato predileto. Chegue mais perto e então ofereça a ração. Agora sim, ele pode avaliar a oferta.

Seguindo o mesmo raciocínio, podemos imaginar que o gato não dará muita importância e poderá nem mesmo notar se seu brinquedo ambulante é um ratinho ou um ursinho, desde que do mesmo tamanho. Mas com certeza, você chamará sua atenção quando colocá-los em movimento. Ainda que ele não entenda o que aquele formato representa, será extremamente preciso ao agarrá-lo e lançá-lo pelos corredores.

Há divergências entre a possibilidade de visualização das cores. Estudos anatômicos já conseguiram comprovar a existência de componentes oculares e cerebrais necessários para a visualização e discriminação das cores, embora com algumas limitações e sem a certeza do quanto são funcionais. Cientistas americanos já provaram que os gatos são capazes de diferenciar o azul do cinza e o azul do verde, desde que o objeto colorido não esteja muito distante de seus olhos e seja de bom tamanho.

Não se sabe ainda como eles enxergam essas cores, talvez o azul para eles seja visto como uma outra cor; certamente diferente do verde e do cinza. Talvez a compra de camas e brinquedos coloridos para seu gato seja uma tarefa inútil: para ele, talvez grande parte destas cores sejam, na verdade, tons de cinza.

Personalidade de gato

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Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Para os donos, cada bichano é um indivíduo diferente. Brincalhões ou reservados, atrevidos ou recatados, audaciosos ou prudentes, melindrosos, modestos, egocêntricos, ou até temperamentais, cada gato parece ter sua própria identidade. Alguns deles, ao longo da história, alcançaram a fama e até ficaram imortalizados em nossas lembranças graças aos seus temperamentos marcantes. Quem não se lembra do criativo gato Félix, sempre cheio de truques, malabarismos e artimanhas? E do melindroso, guloso e preguiçoso Garfield? Sem disfarces e com ar de declaração (“gostem de nós do jeito que somos”), os gatos deixam cada vez mais claro que “personalidade” é algo que não lhes falta!

Até bem pouco tempo atrás estava muito longe da ciência aceitar que gatos poderiam diferir uns dos outros, quer seja no relacionamento com as pessoas ou nas interações com outros gatos. Felizmente, a realidade mudou e atualmente diversas pesquisas têm comprovado que, de fato, o que proprietários observam e relatam é verídico: cada gato tem sua própria identidade. Estudo recente realizado nos EUA filmou inúmeras sessões onde diferentes gatos eram colocados junto de pessoas não familiares. Verificou-se que os gatos exibiam comportamentos bem diferentes, de modo que foram classificados em: gatos amigáveis reservados (sem iniciativa), gatos amigáveis com iniciativa e gatos não-amigáveis. Dentre os gatos amigáveis, por exemplo, havia aqueles que preferiam contato através de brincadeiras, outros preferiam afagos e carícias, e por fim, havia aqueles que procuravam manter um contato à distância, como num verdadeiro “amor platônico”.

Mas o que será que determina esses diferentes temperamentos dos gatos domésticos? De onde vem esta tal “personalidade”? Estudiosos do assunto acreditam que o temperamento de um gato seja resultado de uma combinação de fatores, tais como genética, experiências com a mãe e irmãos de ninhada enquanto filhote, ambiente onde vive e até a própria personalidade do dono. Por exemplo, um gatinho órfão que foi privado das lambidas e esfregamentos de sua mãe e irmãos de ninhada terá grandes chances de se tornar um gato adulto medroso e intolerante às carícias. Da mesma forma, um gatinho vivendo em um ambiente com crianças lhe importunando o tempo todo (obrigando-o a ficar no colo e até usando seu rabo como brinquedo) provavelmente se tornará um adulto assustado e até agressivo.

Mas, sem dúvida, a genética tem uma notável parcela de contribuição no temperamento de um gato. É bastante comum aconselharmos as pessoas a investigarem o temperamento dos pais de um gato, principalmente quando se busca um bichinho bastante dócil. Quem nunca ouviu dizer que gatos amigáveis tendem a gerar filhotes também amigáveis? Isso é verdade, já que mãe e pai transferem para os filhotes genes que contêm toda informação referente a seu organismo, incluindo seu temperamento. É por isso que os filhos, e aí podemos incluir o ser humano, apresentam características maternas e paternas em sua personalidade. A mãe, no entanto, não transmite simplesmente informação genética para seus filhos. Desde que nascem e enquanto são ainda pequenos a mãe lhes transmite ensinamentos bastante importantes para a vida futura, daí a importância dos primeiros contatos dos filhotes com a gata. Já o pai tem pouco ou nenhuma participação nesta fase de ensinamentos, já que os machos praticamente não atuam na criação dos filhotes.

Dessa mistura de fatores herdados e ensinados é que surgem os diferentes temperamentos dos felinos. Embora apareçam e se desenvolvam enquanto o animal é ainda filhote, irão permanecer também no indivíduo adulto. Uma vez formada, a personalidade do gato permanecerá por anos e talvez até por toda a vida. Se enquanto filhote seu gatinho já demonstra, por exemplo, que é capaz de truques, artimanhas e até trapaças para conseguir comida, tenha certeza, quando adulto, será um gato bem malandrinho; daqueles que atacam sua geladeira para afanar alguns petiscos e guloseimas.

Independente do temperamento do felino, o importante é saber entender e compreender que cada gato é um indivíduo diferente. Devemos aceitá-los tal como são e lembrar que uma das grandes características admiráveis nos gatos é justamente o fato de terem “personalidade”.

Que tal dar um banho no bichano?

banho-no-gatoTomar banho, ficar limpinho e cheirosinho é sempre bom, mas nem todos os pets gostam dessa prática. Não mesmo! É assim com alguns cães e gatos, sempre um sufoco. Por isso, para que o processo seja menos complicado, é preciso iniciar os treinos desde cedo, quando os felinos ainda são filhotes.

Antes de mais nada, apresente-o primeiro a tudo que possa envolver o momento do banho. Comece por pequenas etapas: faça com que ele se habitue ao som do secador, com ele ligado em outro ambiente, depois, com calma, aproxime-o do seu gato.

Faça carinho nele com a toalha, deixe que ele sinta o cheiro dos produtos que você vai usar, como o xampu; use a escova para fazer carinho bem devagar. Procure sempre associar esses momentos com algo agradável, oferecendo um petisco, brincando, fazendo carinho e falando com ele com um tom de voz suave.

É importante que o banho seja sempre um momento agradável e gostoso para o bichano, por isso, tome cuidado com a temperatura da água, não encha muito a bacia e coloque um suporte para que o gato não fique escorregando.

Dicas para introduzir um gato novo em casa

gato-mudancaJá tem um bichano que domina toda a casa e agora quer trazer outro para fazer companhia a ele? Não precisa ficar com receio! Seguindo algumas dicas, é possível tornar a convivência agradável para todos.

O gatinho deve ser levado para a casa nova dentro de sua caixa de transporte, onde pode haver um paninho com o cheiro da mãe e dos irmãos (se o gato for filhote ainda), para que ele se sinta mais confortável.

Em um ambiente tranquilo, acomode o filhote em sua caminha, coloque também a caixa de areia e um pote com água. Por enquanto, não deixe que os outros pets entrem nesse cômodo, para evitar medo e brigas, enquanto o gatinho estiver se adaptando.

Deixe o pet nesse ambiente durante o tempo que for necessário, para que ele se acostume com o lugar novo e, quando ele estiver brincando, comendo e usando o banheiro normalmente, é possível introduzi-lo aos outros espaços da casa. Se for o caso, aos outros animais que já moram lá.

Outros amigos

Para apresentar o gatinho novo aos outros moradores, o ideal é que se utilize a caixa de transporte novamente para contê-lo. Nada de tentar soltar o gato na casa toda, para ver a reação dele, principalmente se existirem outros gatos ou cães!

A apresentação deve ser feita gradualmente, com o gato fechado dentro da caixa de transporte, onde deverá receber o petisco saboroso toda vez que os outros pets se aproximarem.

O gatinho pode demorar um tempo para se acostumar com a casa nova, por isso, quando ele estiver livre pela casa, mantenha sempre sua caixa de transporte por perto, pois ele poderá usá-la como “esconderijo” quando precisar se afastar um pouco.

Dê os petiscos gostosos para os outros pets também, para associarem a presença do novato a coisas boas. Só abra a caixa de transporte quando perceber que um animal já não reage à presença do outro, e se concentram somente no petisco ou em seus brinquedos.

Passeio para gatos: qual é a importância?

passeio-gatoJá levou seu gato para passear hoje? Ainda não? Muitos donos, por acharem que o bichano é independente, podem não saber que eles também precisam de passeio e que isso deve ser feito regularmente. Os gatos são animais que gostam de conhecer e desvendar novos lugares, e precisam ser estimulados para isso.

Cuidados

Antes de levar o gato para passear, acostume-o a usar a peitoral e a guia dentro de casa ou em um ambiente que esteja acostumado. Procure deixá-lo com a peitoral, por exemplo, enquanto ele come ou brinca, e vá aumentando aos poucos o tempo de uso do acessório.

É importante que o gato também goste da caixa de transporte. Para estimulá-lo a entrar nela, coloque petiscos gostosos dentro. Deixe-a em lugares que ele goste de ficar.

Primeiros passeios

Uma dica é levar o gato para um ambiente fechado e totalmente seguro para ele. Por exemplo, ao apartamento de um amigo que não tenha outros animais de estimação.

Leve sempre o gato na caixinha de transporte. Coloque-a em um canto e abra a portinha. Não force o gato a sair. Se desejar, estimule-o com um petisco, brinquedo ou fale carinhosamente com ele.

Enquanto ele preferir ficar dentro da caixinha, ele estará se acostumando com os cheiros, barulhos e a movimentação do lugar.

Novos lugares

Procure avaliar o comportamento do seu gato durante o passeio. Normalmente, quando ele estiver estressado, não se interessará por alimento, água, carinho ou brincadeiras. Também evitará fazer as necessidades. Se ele estiver interessado em petiscos, brincando e gostando de receber carinho é quase uma garantia de não estar estressado – provavelmente o passeio está fazendo bem para ele!

Agora que já demos algumas dicas, que tal levar o bichano para passear?

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