Agressividade é tema de palestra da Cão Cidadão

Photo credit: Kenny Holston 21 / Foter / CC BY-ND
Photo credit: Kenny Holston 21 / Foter / CC BY-ND

Neste sábado, 22 de novembro, às 17h, a equipe de adestradores da Cão Cidadão realizará uma palestra comportamental sobre agressividade na Pet Center Marginal, em São Paulo.

A agressividade é um comportamento que requer muito cuidado e pode se manifestar por diversas razões. Antes de tudo, então, é preciso identificar qual é o tipo de agressividade que o animal está manifestado – medo, dominância, posse ou território.

A partir desse diagnóstico, será possível avaliar, com o suporte de um especialista em comportamento animal, o treinamento mais adequado.

Em Dicas, exploramos de forma mais completa o assunto. Leia aqui sobre a agressividade.

Se você tem dúvidas sobre o tema, que tal participar da palestra? A entrada é gratuita!

Separe as suas dúvidas e participe! Esperamos por você!

Confira mais informações em Agenda.

 

Como evitar brigas entre cães

Photo credit: jordanfischer / Foter / CC BY
Photo credit: jordanfischer / Foter / CC BY

Por Cássia dos Santos, adestradora da equipe Cão Cidadão.

Histórias sobre brigas entre cães, residentes na mesma casa ou não, são relativamente comuns. Apesar de muitas situações não gerarem consequências mais graves, o resultado pode ser desastroso.

Assim, quando se trata deste assunto, vale a máxima “a prevenção é o melhor remédio”. Sempre será muito mais difícil apartar uma briga entre cães do que evitar que ela ocorra.

Portanto, antes de mais nada, tratemos da questão sob o prisma de dois cães que não se conhecem. Muitos ignoram a importância de uma boa apresentação de um cão a outro, especialmente se a situação importar na introdução de um novo peludo numa casa que já tinha outro cão como morador “mais antigo”.

Se o primeiro contato de ambos gerar reações agressivas ou mesmo uma briga, a relação destes cães pode ficar muito comprometida, gerando até situações de perigo constante.

Assim, mesmo que o novo morador seja um filhote, é preciso cuidado no primeiro contato, para que o mais velho não estranhe a chegada do pequeno. Além disso, há maior probabilidade de problemas caso o encontro ocorra no ambiente onde o cão mais antigo morava. Finalmente, cães do mesmo sexo tendem a se “estranhar” mais do que um macho e uma fêmea quando se conhecem.

Portanto, a primeira dica é providenciar para que o primeiro contato se dê em um local neutro. Pode ser na rua, num parque ou praça, de preferência sem muito barulho ao redor. Outro ponto importante é providenciar para que os dois cães estejam contidos em suas respectivas guias, cada um sendo conduzido por uma pessoa.

A aproximação deve ocorrer aos poucos, iniciando-se com uma boa distância ente os cães. Cada condutor deve estar bem atento às reações do peludo que está ao seu lado. Sinais como: encarar o outro cão fixamente, pelos do pescoço eriçados, cauda ereta e imóvel, significam perigo de ataque e devem ser imediatamente coibidas!

Deve-se, por outro lado, valorizar e recompensar os comportamentos desejados e esperados para esta situação: se o cão, mesmo já tendo visto o outro, mantiver-se numa posição relaxada, deve ser elogiado e bastante recompensado com petiscos gostosos.

Quando se tiver certeza que ambos estão tranquilos, pode-se permitir que se cheirem, pois é neste momento que a relação entre os cães realmente se iniciará.

Voltando a tratar das expressões corporais caninas, conforme mencionado acima, algumas delas são claramente um sinal de alerta. Cães que viram o rosto, afastam-se do outro cachorro, lambem os lábios, estão dando claros sinais de que não querem uma aproximação maior. Se o outro cão não souber interpretar esses sinais, uma briga pode se iniciar. Daí a importância dos humanos também terem a sensibilidade de perceber quando um cachorro não deseja a aproximação do outro.

Por outro lado, vale destacar que brinquedos, ossos e objetos podem ser deflagradores de uma disputa dentro de um grupo de cães. Assim, é preciso cuidado e supervisão quando se está diante de uma situação onde vários cães, por exemplo, estão brincando com bolinhas. É preciso ter certeza de que, dentro do grupo, não há cão(es) possessivo(s), pois daí pode se iniciar uma disputa.

Finalmente, é sempre importante ressaltar que em casos graves, com histórico de brigas anteriores, é indicado buscar a ajuda de um profissional especializado em comportamento canino para auxiliar os proprietários na melhor conduta a ser adotada.

Fonte: The Pet News.

Agressividade por medo

Photo credit: Eneas / Foter / CC BY
Photo credit: Eneas / Foter / CC BY

Por Carlos Antoniolli, adestrador da equipe Cão Cidadão.

Quando nos deparamos com casos de agressividade canina, o mais importante, inicialmente, é identificarmos os fatores estimulantes e o tipo de agressividade. Os animais podem demonstrar agressividade por dominância, por território e mais comumente por medo.

A agressividade por medo é causada normalmente por falha no processo de socialização, algum trauma psicológico, e não podemos deixar de considerar o histórico genético do indivíduo, pois, algumas raças possuem uma maior predisposição ao medo do que outras. Lembrando que o medo é um sentimento essencial para a sobrevivência e a evolução da espécie, ou seja, ao introduzirmos o cão ao nosso convívio, é de nossa responsabilidade criarmos boas associações para ele com nossas atividades rotineiras.

Um cão exposto ao medo recebe um estimulo fisiológico e o hormônio adrenalina é secretado na corrente sanguínea e, com o aumento do batimento cardíaco, há uma maior irrigação de sangue oxigenado nos tecidos musculares, proporcionando a ele as opções de fuga ou ataque. Normalmente os cães optam primeiramente pela fuga ou tentam evitar o contato com uma pessoa, por exemplo.

Caso tenham sucesso, eles irão permanecer ou repetirão esse comportamento, mas, infelizmente, não é o que mais ocorre, pois as pessoas, sem saber, ignoram os sinais corporais e acabam forçando a interação. Sem a opção de fuga, o cão ataca ou inicialmente começará a demonstrar sinais agressivos, como: rosnar, latir, ameaçar ao ataque e, finalmente, o atacar propriamente dito. Essa opção se torna muito eficaz para o cão, pois, na sua grande maioria, ele terá êxito e conseguirá afastar o agente amedrontador e esse comportamento será naturalmente recompensador e tenderá a repeti-lo.

Em um treino de dessensibilização, o mais importante é não permitir que o cão entre no estágio agressivo. Para isso, se faz necessário identificar a distância ideal entre o cão e o fator estimulante, que é logo abaixo do limiar estressante, ou seja, antes do disparo da adrenalina e a partir desse ponto, iniciar o treino com associações positivas. O cão deve perceber que toda vez que é exposto a uma pessoa, algo muito bom ocorre, por exemplo, ganhar um petisco. Conforme o cão for demonstrando relaxamento em relação ao agente agressor, gradativamente deverá reduzir a distância, assegurando para em não ultrapassar o limiar estressante.

Alguns animais começam apresentar agressividade por medo em decorrência de alguma alteração clínica. Nesse caso, é muito importante, antes de qualquer intervenção comportamental, uma avaliação médica veterinária.

O mais importante em treinos com cães agressivos, independentemente do tipo e grau de agressividade, é a segurança dos envolvidos (cães e humanos) e sempre deverá ser acompanhado e assessorado por um especialista comportamental canino.

Fonte: Publicado no Portal Simba Lovers.

Cães possessivos: entenda e aprenda a lidar

Photo credit: Megyarsh / Foter / CC BY
Photo credit: Megyarsh / Foter / CC BY

Por Tarsis Ramão, adestradora da equipe Cão Cidadão.

Quando está com aquele ossinho gostoso, um brinquedo novo, comendo a ração ou perto de você e alguém se aproxima, seu cãozinho parece uma fera? Alguns cães realmente podem ficar bravos, rosnar, ameaçar ou até mesmo atacar quando sentem que podem ser “roubados”.

Essa possessividade pode ter origem nos ancestrais do seu melhor amigo, que precisavam defender o alimento e território para sobreviver. Muitas vezes, ainda nas primeiras semanas de vida, observamos esse comportamento de alguns cãezinhos com seus irmãos e até com o dono.

Essa atitude pode se tornar cada vez mais frequente quando, diante do seu mau comportamento, ele é recompensado. Toda vez que ele rosna ou ameaça, e alguém se afasta, o peludo entende que sua estratégia está dando certo.

Como agir com cães possessivos

O ideal é tentar prevenir essa mania. Ao se aproximar do seu cachorro quando ele está com um osso ou brinquedo, por exemplo, jogue um pedaço de petisco bem gostoso, sem demonstrar qualquer interesse no que está com ele, antes que ele comece a esbravejar.

Isso, feito repetidas vezes, mostra ao seu amigo que sua aproximação é vantajosa, que ele ganha ao invés de perder, e que você não está tentando enganá-lo. Essa técnica também serve para cães adultos que têm o mesmo hábito. Pode ser mais demorado, mas o importante é que você nunca se aproveite do momento em que ele se distrai com o petisco, para tirar o que ele estava protegendo. Evite tirar à força objetos do seu cão, além de deixá-lo ainda mais desconfiado, piorando o problema, pode ser arriscado e acabar em uma mordida.

Quando o alvo de posse é o dono, também podemos fazer o mesmo exercício, associando a aproximação das outras pessoas com coisas bem gostosas. Sempre de forma gradativa, respeitando o limite em que o peludo começa a ficar irritado. Porque, se ele já estiver rosnando e ameaçando quem se aproxima, tentando te proteger e você ainda enche ele de comida e carinho, seu cãozinho vai entender que o mau humor pode ser um ótimo negócio.

Mas, importante: todos os casos que envolvem agressividade devem ser treinados com muito cuidado e segurança, para que ninguém se machuque. Se necessário, peça ajuda a um especialista em comportamento animal.

Fonte: Pet Center Marginal.

Cachorro agressivo: entenda o comportamento

Photo credit: smerikal / Foter / CC BY-SA
Photo credit: smerikal / Foter / CC BY-SA

Por Malu Araújo, adestradora e consultora comportamental da equipe Cão Cidadão.

O cachorro agressivo pode desenvolver esse comportamento por algumas razões e, para melhorar essa atitude é necessário, em primeiro lugar, saber como lidar com o animal. A ajuda de um especialista em comportamento animal é uma recomendação que deve ser considerada como prioridade, pois o profissional vai ajudar a identificar que tipo de agressividade o cão está manifestando, além de orientar as pessoas que convivem com o cão a como lidar com a situação e melhorar esse comportamento.

A agressividade por dominância pode se iniciar pelo fato do cão ter muita liberdade e não ter limites. Pode começar também devido ao fato do animal não ver ninguém da casa como líder: ele não aceita ser contrariado e, nas situações em que ele se sente ameaçado, responde com rosnados e mordidas.

O primeiro passo para quem tem um cachorro agressivo é ter atitudes de liderança e postura. Isso não significa bater no cachorro, para ele “aprender” qual é o lugar dele, mas sim colocar em prática alguns exercícios. Por exemplo, quando você for sair com ele para passear, ensine-o a sentar e a esperar que você abra a porta e passe primeiro, para depois ele sair.

Agressividade por posse é quando o cão “defende” brinquedos, comida, caminha ou algum ambiente da aproximação de pessoas. O animal que age dessa forma associou a chegada de pessoas com perda: se ele está comendo e rosna, e o dono retira a comida para ele não ficar mais agressivo, bingo, o dono confirmou a suspeita do cão de que ele iria perder o que tanto gosta.

A maneira correta de lidar com essa situação é mostrar que você não está competindo com ele. Ao se aproximar da comida, caso ele não tenha tido nenhuma atitude agressiva, jogue um petisco. Ele vai aprender que o dono acrescenta, que a aproximação das pessoas deixa a comida dele até mais gostosa.

Agressividade por medo é uma das mais perigosas, pois o cachorro ataca para se defender. A maneira ideal para lidar com esse tipo de cão é não praticar nenhuma forma de punição, principalmente agressão. Mostre para ele que você é fonte de coisas boas, como passeios, carinhos e recompensas. Tenha paciência, pois o processo pode ser um pouco demorado, já que é preciso resgatar a confiança do animal.

A melhor maneira de evitar a agressividade é a prevenção, por isso, socialize seu cão ainda filhote. Não bata no animal! Ensine-o de forma agradável a obedecer, evitando que comportamentos indesejados apareçam.

Fonte: PetShop Magazine.

Ter um ou mais cachorros? Vantagens e desvantagens

Photo credit: Jelly Dude / Foter / CC BY
Photo credit: Jelly Dude / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Muitos proprietários de cães perguntam se devem ou não comprar um segundo cão. Mostramos os prós e os contras de cada alternativa

Amenizar a solidão
Como animais sociais que são, os cães não gostam de ficar sozinhos. Embora sintam a falta do dono, a companhia de outro cão ameniza bem a solidão. Mas, por outro lado, infelizmente, nem todo cão aprende a substituir a companhia de um ser humano pela de outro cão. Principalmente quando não foi sociabilizado adequadamente com outros cães.

A bagunça aumenta ou diminui?
A destrutividade canina tanto pode aumentar quanto diminuir com a vinda de um segundo cão. Se os dois brincarem juntos, o estrago que produzirão será menor do que se um deles for deixado sozinho. Mas, na maioria das vezes, um dos cães incentiva o outro a fazer coisas erradas!

Quando sozinho, em geral, o cão fica desmotivado e inativo. Pouco destrói, portanto. Nesse caso, se a presença de outro cão estimular o primeiro a agir durante a ausência das pessoas, a bagunça será maior do que quando o único cão era deixado sozinho. Mas é preciso lembrar que mais bagunça é também mais alegria e mais bem-estar para o cão.

Pode haver briga
É normal e aceitável que haja alguma agressividade entre os cães que vivem numa mesma casa. Mas, em certos casos, as brigas resultam em machucados sérios que podem, inclusive, levar à morte.

Quanto mais cães houver, maior a chance de sair uma briga séria. Ter só dois cães é muito mais seguro do que ter três, quatro, etc. Em grupos grandes, muitas vezes o cão que está perdendo a briga é atacado pelos demais e, nesse caso, a conseqüência costuma ser grave.

Para reduzir as chances de brigas sérias, é preciso ter um bom controle sobre os cães e fazer a escolha correta dos indivíduos que comporão o grupo. Muitas pessoas acham que filhotes da mesma ninhada não brigarão quando adultos, assim como mãe e filha, pai e filho, etc. Esse é um conceito errado.

O risco de um macho brigar com uma fêmea é menor do que o de dois exemplares de mesmo sexo brigarem, mas o casal deverá ser separado duas vezes por ano quando a fêmea entrar no cio, se o macho não for castrado e se não se quer reproduzi-los. A separação pode ser bastante inconveniente – o macho costuma ficar desesperado para chegar na fêmea.

Se houver possibilidade de ocorrerem brigas, os proprietários não podem deixar brinquedos e ossos muito atraentes à disposição dos cães. A restrição dependerá de como é o convívio dos cães e de como eles expressam sua agressividade possessiva.

Ciúmes e competitividade
Quando se tem mais de um cão, ciúmes e competitividade são comuns, principalmente visando ganhar a atenção do dono. Para conseguir manter os cães sob controle é preciso demonstrar segurança e firmeza e ter liderança sobre eles.

Exemplares ciumentos podem se tornar agressivos quando disputam um objeto ou a atenção de alguém. A competitividade sem controle aumenta drasticamente os comportamentos indesejados, como pular nos donos e nas visitas, correr atrás do gato da casa, etc. Mas, por outro lado, a competitividade pode levar cães sem apetite a comer mais e cães medrosos a se tornarem mais corajosos.

Cão velhinho X novato
Muitas vezes um filhote faz o cão velhinho voltar a brincar, a comer com mais apetite e a disputar o carinho de seus donos. Mas é preciso ter cuidado para não deixar o mais velho de lado e para não permitir que o filhote o incomode demais. Devemos limitar o acesso do filhote aos locais preferidos pelo veterano, assim como repreender as brincadeiras indesejadas, para garantir sossego ao cão mais velho.

Educação do segundo cão
Sempre pergunto para as pessoas se é o primeiro ou o segundo cão que mais se parece com gente. A resposta costuma ser a mesma: o primeiro! Isso ocorre porque a nossa influência na educação e no comportamento do cão é muito maior quando não há outra referência canina. Se você estiver pensando em ter um segundo cão, prepare-se, portanto, para o novo cão ser mais parecido com cachorro e menos com gente. O primeiro cão costuma entender melhor o que nós falamos e fazemos, procura mais a atenção de pessoas do que de outros cães e costuma ser menos possessivo com seus brinquedos.

Conclusão

Sou a favor de se ter mais de um cão – com companhia a vida fica muito mais ativa e estimulante. Mas o proprietário precisa escolher adequadamente o outro cão e também ser ou se tornar um bom líder de matilha.

Como vivem os cachorros domésticos “selvagens”

Photo credit: Tambako the Jaguar / Foter / CC BY-ND
Photo credit: Tambako the Jaguar / Foter / CC BY-ND

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Depois de passar milhares de anos sendo selecionado pelo homem, como será que o cão doméstico se sai quando precisa sobreviver por conta própria?

Existem diversos grupos de cães vivendo com pouquíssimo ou nenhum contato com pessoas. Alguns desses grupos foram acompanhados por pesquisadores interessados em entender melhor as diferenças entre cães e lobos e em saber mais sobre o processo de domesticação.

Por que domésticos e “selvagens” Geneticamente idênticos aos cães com os quais estamos acostumados, os cães domésticos “selvagens” diferenciam-se por não terem tido contato com seres humanos durante o período de sociabilização. Não reconhecem, portanto, os seres humanos como parte do grupo. Se a sobrevivência desses cães persistir sem a interferência humana, com o tempo, provavelmente, as alterações genéticas os aproximarão dos Dingos, cães australianos selvagens, que são uma subespécie de cães.

Onde vivem Há comprovações ou relatos desses grupos de cães em todos os continentes. Algumas matilhas vivem totalmente afastadas de qualquer civilização. Outras vivem nos arredores de cidades ou vilas. E há também as que vivem dentro das cidades. Neste artigo focarei as matilhas mais “selvagens”. Ou seja, as que tiveram muito pouco ou nenhum contato com seres humanos.

Alimentação Como diversos animais selvagens, esses cães frequentam lixões e costumam revirar o lixo das pessoas quando não há ninguém por perto, geralmente à noite.

São vistos, ainda, caçando pequenos animais, principalmente roedores, como ratos, e pequenas aves, como galinhas, pombos e pardais.

Diferentemente dos lobos, raramente caçam ou matam animais de grande porte. Quando isso acontece, costumam se especializar em animais domésticos, como bovinos, ovinos e caprinos. Parecem não conseguir coordenar uma caçada da mesma maneira que os lobos. Por isso, provavelmente, dependem mais dos pequenos animais ou de animais maiores, mas menos aptos a se defender ou fugir.

Os Dingos demonstram uma capacidade bem mais elaborada para cercar e caçar marsupiais, como cangurus, do que os seus parentes mais domésticos. Essa diferença deve estar relacionada ao longo período em que os Dingos precisaram sobreviver sem a ajuda do homem, o que fez o comportamento deles, nesse aspecto, voltar a ser semelhante ao do ancestral de ambas as subespécies, o lobo.

Reprodução Numa matilha de lobos, só um casal tem permissão para se reproduzir. Já num grupo de cães domésticos “selvagens”, várias fêmeas se acasalam e ficam prenhes. O resultado desse comportamento é, freqüentemente, a produção de um número de filhotes maior do que o grupo é capaz de cuidar. Para piorar as chances de sobrevivência dos filhotes, os machos raramente ajudam as fêmeas a cuidar da prole e a protegê-la.

O cio das cadelas ocorre duas vezes por ano, enquanto o das lobas é apenas anual. Esse é mais um fator que dificulta o sucesso reprodutivo dos grupos de cães. As fêmeas precisam dividir a atenção entre os filhotes recém-nascidos e os que já têm 6 meses, além de terem menos tempo para se recuperar dos desgastes provenientes do parto. Nos países onde o frio é mais rigoroso, o cio adicional também prejudica a sobrevivência dos filhotes que nascem próximo ao inverno, pois precisam enfrentar, ainda pequenos, o frio (as ninhadas de lobo normalmente nascem na primavera, quase um ano antes do próximo inverno).

O comportamento reprodutivo dos Dingos é intermediário entre o dos lobos e o dos cães domésticos “selvagens”. O grupo ajuda nos cuidados com os filhotes, mas o casal dominante permite que outras fêmeas se reproduzam. É provável que o excesso de filhotes produzidos seja controlado pela prática de infanticídio: a fêmea dominante mata todos os filhotes das demais (comportamento observado freqüentemente em cativeiro).

Sobrevivência Estudos como esses deixam claro como os diversos comportamentos dos lobos são importantes para a sobrevivência deles. As alterações comportamentais que afastam os cães dos lobos criam situações que dificultam muito o sucesso reprodutivo e a própria sobrevivência.

O que determina a aparência dos lobos e como se comportam é a luta pela sobrevivência. O homem conseguiu transformar o lobo em cão, selecionando comportamentos e traços físicos. Mas isso só foi possível porque ele garantiu artificialmente a sobrevivência dos animais que domesticou. Podemos dizer que, hoje, o cão é uma espécie dependente do homem para sobreviver.

Ataques de cachorros e a lei

Photo credit: warriorwoman531 / Foter / CC BY-ND
Photo credit: warriorwoman531 / Foter / CC BY-ND

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Grande parte da população fica chocada ao tomar conhecimento dos ataques de cães divulgados pela mídia e passa a exigir medidas dos governantes para prevenir tais atrocidades e punir os responsáveis. Muitos desses casos resultam em ferimentos graves ou na morte de pessoas que simplesmente andavam pela rua.

Mas afinal, quem são os responsáveis? É gente que maltrata seus cães, os quais passam a atacar? São raças agressivas que não deveriam existir? Ou são criadores que vendem um cão de guarda para quem não tem habilidade para educá-lo corretamente? Vários “culpados” já foram nomeados. Até os adestradores não escaparam.

Se um projeto de lei é feito após a divulgação de alguns acidentes envolvendo determinada raça de cão, esta, quase que com certeza, estará na lista das raças que deverão ser exterminadas.

A busca por um culpado, sem antes fazer uma análise detalhada do problema e dos dados, acaba gerando soluções preconceituosas. Acalma-se a população, mas o problema não é resolvido de forma eficiente e correta. Soluções preconceituosas costumam ser resultado de simplificação por falta de conhecimento.

Nos casos dos acidentes com cães, a questão é grave e complexa. A maioria dos projetos de lei apresentados possui diversas falhas já comprovadas em outros países e assinaladas pela maioria dos especialistas em comportamento. Os erros seriam facilmente detectados e corrigidos se houvesse o envolvimento de um especialista no assunto. Para exemplificar, analiso no quadro a problemática relativa à exterminação de algumas raças consideradas perigosas, apontada por muitos como solução para o problema.

Estamos repetindo o erro de outros

Embora as dificuldades citadas no quadro existam e já tenham sido constatadas por especialistas do mundo todo e comprovadas por muitas pessoas, grande parte dos projetos de lei continua focando o extermínio de raças como solução simples para os ataques de cães.

Os proprietários precisam ser responsabilizados e educados

As condutas mais eficientes são aquelas que visam a educar e responsabilizar os proprietários de cães, civilmente e criminalmente. Em determinados aspectos, poderíamos considerar a posse de um cão de porte médio ou grande como equivalente à de um automóvel. Para dirigir o veículo é necessário ter condições físicas, psíquicas e conhecimentos sobre leis. Por isso, para obter carteira de motorista é preciso estudar os automóveis e adquirir conhecimentos sobre eles.

Por que nenhum conhecimento é exigido do futuro proprietário de cão com potencial para matar pessoas? Muita gente, ao adquirir um cão, acha que basta tratá-lo com amor e carinho para ele não se tornar agressivo. E fica surpresa quando ocorre o primeiro acidente! Se um motorista dirige de maneira imprudente, pode ser multado ou até perder o direito de dirigir. É dessa maneira que acidentes futuros são evitados.

Grande parte dos casos envolvendo cães ocorre após numerosas imprudências de seus proprietários. Um dos exemplos mais comuns é o do cão que sai para a rua quando o portão é aberto para o carro passar. Mais cedo ou mais tarde, um pedestre poderá ser atacado. Imagine, também, o perigo de deixar uma criança passear com um Dogue Alemão agressivo! Instituir uma carteira para o dono de cão potencialmente perigoso seria uma maneira de educá-lo sobre suas responsabilidades. Para obtê-la, a pessoa deveria comprovar que sabe agir prudentemente, de modo a evitar que seu cão se envolva em casos de agressão.

Problemática dos projetos de extermínio de raças caninas           

Nenhuma raça canina está livre de ter entre seus elementos alguns agressivos

A variabilidade de comportamento é muito grande em cada raça de cão, sendo que existem indivíduos extremamente mansos em raças consideradas agressivas e indivíduos extremamente agressivos em raças consideradas mansas. Se formos eliminando as raças a partir de alguns acidentes, com o tempo todas as raças serão exterminadas.

Em qualquer raça podem surgir, em alguns anos, linhagens agressivas

No prazo de poucas gerações dá para tornar uma raça mais agressiva. Basta selecionar indivíduos um pouco mais agressivos e acasalá-los. Se existir demanda por cães agressivos, de nada adiantará proibir raças caninas apenas com base na aparência.

Policiais terão dificuldade em punir os infratores

Há variações sutis entre algumas raças. Diante do policial, o proprietário pode sempre alegar que o cão dele é de outra raça. Quantas pessoas saberiam diferenciar um Pit Bull de um Staffordshire? Os policiais precisarão se tornar especialista em raças caninas.

Surgirão novas raças formadas pelo cruzamento entre raças

A mistura entre cães ditos perigosos não se enquadra numa lei que especifica raças, embora a periculosidade possa ser a mesma.

Malcriação com visitas

Photo credit: hello yoshi / Foter / CC BY-ND
Photo credit: hello yoshi / Foter / CC BY-ND

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Quando chega visita em casa, seu cachorro salta para cima da pessoa, com as patas sujas de barro? Não dá sossego, pula no colo, morde a mão que tenta lhe fazer um carinho, late sem parar ou, pior, usa a perna das pessoas para esboçar atos sexuais? Ou tem o hábito de regar o tapete da sala com uma bela esguichada de xixi?

Essas atitudes fazem parte do repertório comportamental de cães nada bem-educados quando na presença de estranhos. São cachorros que associam a visita com entretenimento, oportunidade de aprontar, ou simplesmente querem chamar a atenção, por se sentirem enciumados ou ignorados.

Muitos donos não entendem por que o cão, muitas vezes comportado, se transforma no diabo-da-tasmânia quando chega estranho em casa. É importante observar que ele entende o contexto do que acontece. No dia-a-dia, quando seu cão apronta, você constata o flagrante e já lhe dá uma boa bronca, mas, diante da visita, fica chato soltar aquele berro costumeiro. Aí, pronto! O cachorro percebe que a bronca não vem e transforma esses momentos em ótimas oportunidades para aprontar!

Muitas pessoas conseguem resolver tais problemas sem lançar mão de punições. Há métodos inteligentes e muito eficientes que oferecem alternativas de comportamento para o seu cão, o que não quer dizer que a punição nunca seja necessária.

Em primeiro lugar, você deve ensiná-lo a se comportar bem com você e as demais pessoas da casa para ser bem-sucedido diante das visitas. Não se iluda achando que seu cão ficará obediente durante uma ceia especial se ele costuma latir todos os dias durante o jantar, ou que ele não vá pular e sujar as visitas de barro se é assim que ele recebe você diariamente.

Temos de entender que, quando os cães apresentam determinados comportamentos, eles não querem nos irritar, apenas chamar a atenção.

Um bom truque é escolher um brinquedo que pertença ao seu cão e, sempre que ele tentar chamar a sua atenção com esse brinquedo, pare o que estiver fazendo, corra atrás dele, brinque ou chame-o pelo nome, inclusive quando você estiver recebendo visitas.

Assim, quando ele estiver carente, querendo atenção e carinho, irá brincar ou destruir o tal brinquedo, e não atacar móveis ou almofadas.

Antes que o cão venha urinar ou defecar dentro de casa na presença de visitas, a dica é, assim que perceber suas atitudes, recompensá-lo com atenção e petiscos. Apesar de ser obrigado a deixar a visita sozinha para dar a recompensa ao bicho, você não terá de enxugar o tapete da sala nem pedir desculpas pelo mau cheiro.

Agora, o que fazer quando o cão tenta copular com a perna da visita? Nesse caso, a ação deve ser impedida exatamente no momento em que começa, já que cada segundo que passa o cachorro estará sendo recompensado pelo próprio prazer gerado pela atividade. O simples fato de seu cachorro ser interrompido de forma brusca, e no instante exato em que iniciar “aquela atividade”, já cria grandes chances de resolver o problema.

Espirrar água

Em caso de insistência do cão, e ele não largar a perna da visita, espirrar água na cara dele (cuidado para não atingir os ouvidos), pode ser uma saída mais imediata e refrescante. Porém, lembre-se de não fazer isso em tom de brincadeira, pois em pouco tempo ele vai adorar e querer repeteco.

Misturar substâncias amargas à água para aumentar a eficiência da bronca. Nesse caso, é melhor consultar o veterinário sobre o que usar, para não provocar alergia. As mais inofensivas são a citronela (pura, sem óleo) e alguns produtos amargos não-tóxicos.

Amizade sem mordidas – Parte 1

Photo credit: Mustafa Sayed / Foter / CC BY
Photo credit: Mustafa Sayed / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.  

O que fazer quando aquele cãozinho que parecia tão amigável mostra-se pronto a atacar? Acidentes com cachorros são um problema sério – no ano passado, foram registrados 400 mil casos de mordidas no Brasil -, mas muitos poderiam ser evitados se houvesse maior conscientização sobre o comportamento desses cidadãos de quatro patas. As situações que envolvem as mordidas são muitas, mas algumas medidas podem evitá-las.

Os cães geralmente mordem quando:
. sentem-se ameaçados ou estão com medo;
. estão protegendo seu território, comida, brinquedos ou filhotes;
. algo se move rápido (instinto predatório);
. estão irritados ou com dor;
. sua posição hierárquica está sendo ameaçada.

O local do corpo mais atingido pelas mordidas é o rosto (cerca de 70% dos casos). Além da pele da região ser mais frágil, é o local em que as cicatrizes mais incomodam. Portanto, a primeira dica é manter o rosto a uma distância segura de uma eventual mordida. Aquele abraço carinhoso, fuça a fuça, e beijos no “rosto” do cachorro devem ser evitados sempre que você não ti-ver certeza de que o cão é extremamente dócil. Toda vez em que você for re-tirar seu cão ran-zinza do sofá, procure proteger o rosto, virando-o ou mantendo-o distante do cão, pois grande parte das mordidas ocorre por conta de cães dominantes quando contrariados.

Fixar o olhar diretamente no olho do cão também pode causar acidentes. Para os cães, isso pode ser considerado uma situação de confronto. Até conhecer bem o animal, ou ter certeza sobre a docilidade dele, evite confrontá-lo. Além de não olhar diretamente para os olhos dele, não o acue em algum canto e também não se curve sobre ele. Ficar ligeiramente de lado é menos ameaçador para o cão do que se você ficar de frente para ele. Falar em tom neutro e evitar movimentos bruscos também são artifícios válidos.

Confiança

Como nós, humanos, os cães também muitas vezes exigem preliminares antes de se entregar totalmente ou de confiar em nossos gestos e movimentos. Esse “aquecimento” da relação faz o cão se sentir mais confiante e menos ameaçado.
Pergunte para o proprietário se o cão é manso, se você pode fazer carinho nele etc. Além de você mostrar educação, alguns cães, percebendo que seu proprietário não se assustou com a sua presença, ficam mais confiantes. Muitos animais reagem de acordo com a reação do proprietário – se ele agir de maneira natural e calma, passará mais confiança para o cão.

Deixe o dono do cão se aproximar de você. Caso você queira chegar perto do animal, faça-o sem movimentos bruscos. Deixe o cão cheirar você antes de começar a interação. Continue falando com o proprietário, como se não estivesse dando muita importância para o bichinho. Ofereça a mão para o cão cheirar, deixando o braço relaxado e o punho fechado, já que os cães podem morder os dedos.

Se você sentir que o cão está seguro e relaxado, escorregue a mesma mão que ele estiver cheirando para o peito do cachorro e comece a acariciá-lo. O peito e a parte debaixo do pescoço são áreas em que o cão se sente menos ameaçado do que quando lhe fazem carinho na cabeça ou na nuca. Caso o cão ainda esteja com medo, procure não olhar ou falar diretamente com ele.

Na maioria dos casos, nesse instante os cães já se mostram bastante receptivos, mas, se você ainda não estiver totalmente seguro, retire a mão vagarosamente. Muitas mordidas ocorrem quando a pessoa está retirando a mão, principalmente quando fazem um movimento brusco.

Algumas vezes, no entanto, o ataque é inevitável. No próximo mês, esta coluna trará dicas de como reagir para minimizar acidentes maiores nesses momentos.

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