Lealdade sem tamanho!

Quem tem um cachorro em casa sabe bem que uma das principais qualidades do amigão é a lealdade. Tudo pode acontecer, mas ele sempre estará ali, do seu lado. Não importa se você estiver triste, feliz ou mal-humorado: ele vai querer estar sempre junto!

Ao longo da história, muitos são os relatos de bravura e superação. É comum vermos matérias na imprensa mostrando cães que defenderam os donos, que os salvaram de perigos, ou mesmo que os acompanharam até o fim de suas vidas. Quem aqui não conhece a história do Hachiko? E o Greyfriars Bobby?

Então, confira abaixo. Elas são, de fato, emocionantes!

Hachiko

Vamos voltar no tempo, no Japão de 1923. Hachiko, um cãozinho da raça Akita, tornou-se membro da família do professor universitário Eisaburo Ueno aos dois meses de idade. Iniciava-se, assim, uma história de lealdade que iria conquistar o mundo todo.

Com o passar do tempo, os dois foram construindo uma bonita relação de amizade. Todos os dias, eles caminhavam até a estação de Shibuya, em Tóquio, onde o professor pegava o trem para ir ao trabalho. Curiosamente, como se tivesse um relógio interno, Hachiko sempre voltava à estação para buscá-lo. Ueno descia do trem e lá estava o seu companheiro, esperando para ir para casa.

Durante anos, “Hachi” – como era chamado por seu dono -, se posicionava na estação e o esperava. Mas, um dia a espera durou muito mais do que o normal, pois o professor Ueno faleceu. Durante quatro anos, mesmo após a morte do seu dono, Hachiko ia todos os dias à estação de Shibuya para esperá-lo, da mesma forma como fazia antes. Ele procurava por seu dono entre os passageiros, mas não o encontrava, e só saia quando a fome o obrigava.

Ele fez isso mês após mês, ano após ano, até a sua morte, aos 11 anos de idade.A lealdade do cãozinho fez tanto sucesso que, além de render várias matérias no país e fora dele, se tornou filme: o primeiro, uma produção japonesa chamada “Hachikô Monogatari” e, o segundo, uma adaptação americana chamada “Sempre ao seu lado”, que foi estrelada por Richard Gere. A estação de Shibuya ganhou uma estátua de bronze do Hachiko, para imortalizar esse símbolo de companheirismo.

Greyfriars Bobby

Outra história que também chama bastante atenção e se tornou famosa com o passar dos anos é a do pequeno Bobby, um cãozinho da raça Skye Terrier. Tudo começou quando, em meados de 1850, após se mudar para Edimburgo, na Escócia, John Gray resolveu adotar Bobby para lhe fazer companhia no emprego de vigia que tinha conseguido.O amor entre os dois cresceu e Bobby se tornou o fiel escudeiro de John. O cãozinho o acompanhava por todos os locais, estava sempre ao lado do dono. Mas, por uma doença, essa relação se encerrou. Em 1857, John Gray contraiu uma doença e faleceu logo em seguida, deixando Bobby com sua família.

Nessa época, a tristeza do cachorro era visível e, durante anos, ele fez companhia para o seu dono, mesmo após a sua morte: Bobby ia diariamente ao túmulo de seu dono e ficava vigiando. Ele só saia de perto da lápide quando precisava se alimentar. Esse comportamento durou até 1872, quando Bobby faleceu. Após sua morte, Bobby foi enterrado ao lado de seu dono, no cemitério de Greyfriars.

Sua história foi tão tocante que quebrou barreiras e conquistou pessoas do mundo todo. Após sua morte, em 1872, o cãozinho ganhou uma fonte e uma estátua em sua homenagem. Sua história de lealdade e companheirismo continua viva até hoje, e inspiram milhares de pessoas.

Benefícios da massagem para o pet

Photo credit: lindsayloveshermac / Foter / CC BY-SA
Photo credit: lindsayloveshermac / Foter / CC BY-SA

Por Malu Araújo, adestradora e consultora comportamental da equipe Cão Cidadão.

Existem várias vantagens em acostumar seu cachorro a receber uma boa massagem. Esse contato, por exemplo, ativa a circulação de serotonina, que reforça as defesas do organismo. Em cães mais idosos, a massagem pode ajudar a manter o tônus muscular e a melhorar a circulação sanguínea, enquanto nos filhotes, ajuda a acalmá-lo. Independentemente da idade, a massagem vai ajudá-lo a conhecer melhor e a investigar o corpo do seu cachorro, além de criar uma maior relação de afeto entre vocês.

Se tivermos o hábito de fazer a massagem, podemos descobrir possíveis problemas, identificando alterações, como um caroço, uma dor em determinada região, sensibilidade, e, assim, prevenir que o problema se agrave. É importante reforçar que a massagem jamais deve substituir uma visita ao veterinário! O cão que está acostumado com esse manuseio, provavelmente se comportará melhor enquanto é examinado pelo médico veterinário.

Como começar essa massagem?

O carinho que o seu cachorro já está acostumado e que ele tanto gosta deve virar uma massagem investigativa. Aos poucos, apalpe as patas, orelhas, cabeça, rabinho, sinta a pele, ossos e verifique os dentes. Com a frequência, você vai aprender a identificar os pontos que o seu cachorro gosta de receber massagem e se em algum local ele está mais sensível ou possui alguma alteração na pele.

Faça a massagem em um lugar calmo, em um horário que você não esteja com pressa. Associe os toques mais intensos a um petisco. Aos poucos, o cachorro ficará cada vez mais relaxado e a massagem será uma ótima recompensa!

Fonte: Meu Amigo Pet.

Adestramento de cães e a melhora na comunicação

Photo credit: liverpoolhls / Foter / CC BY
Photo credit: liverpoolhls / Foter / CC BY

Por Malu Araújo, adestradora e consultora comportamental da equipe Cão Cidadão. 

Muitos adestradores já ouviram clientes falarem que não precisam ensinar muitos comandos ao cachorro, porque eles não querem ter um cão de circo ou um robô. Mas, o adestramento de cães não significa simplesmente ensinar comandos para fazer truques para mostrar aos amigos e familiares. Eles são úteis no dia a dia e, com eles, os cachorros conseguem se comunicar melhor com os donos.

O comando “senta”, por exemplo, ajuda a evitar que os cães pulem nas visitas, e se ele não pula, recebe atenção e carinho. Serve também para os cães aprenderem a esperar para atravessar a rua. Sentar é útil em diversas situações. Já o “dar a pata”, apesar de parecer que não tem utilidade, pode ser uma ótima forma de ensinar o cachorro a pedir alguma coisa sem latir ou chamar a atenção do dono. Também pode ser utilizado para cortar as unhas.

Outro comando que parece ser apenas bonitinho é o “fingir de morto”. Mas, principalmente para quem tem cães de grande porte, esse comando pode auxiliar em uma consulta com o veterinário. O cão não é obrigado a deitar de lado e ser contido, ele faz porque conhece o movimento e não se assusta em ficar na posição de morto. Afinal, quando ele aprendeu a ficar nessa posição, ele adorou porque ganhava petiscos!

Se o cachorro sabe comandos, como o “busca” e o “solta”, quando ele quiser brincar, ele pode buscar e levar a bolinha até o dono. Quando ele pega algum objeto proibido e sabe “o solta”, o dono pode pedir, que ele obedecerá.

Comandos auxiliam na comunicação entre humanos e cães, então, não pense em adestramento somente quando o cachorro tiver algum problema de comportamento.

Fonte: PetShop Magazine.

Como lidar com as mordidas dos filhotes?

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Photo credit: yomo_13 / Foter / CC BY

Por Cassia Rabelo Cardoso dos Santos, adestradora e consultora comportamental da equipe Cão Cidadão.

Qualquer um que já tenha convivido com um filhotinho de cão sabe o quanto eles gostam de morder! Mordem mãos e pés das pessoas, sapatos, pernas de cadeiras e mesas, e, muitas vezes, um sem número de objetos tidos como “preciosos”: celulares, óculos, sapatos, entre outros. E, como lidar com as mordidas dos filhotes? Vamos a algumas dicas, que certamente ajudarão a enfrentar esse período com muito mais tranquilidade.

Cães nascem sem dentes e o tempo de erupção dos dentes de leite ocorrente com 3 a 12 semanas de idade. São bem finos, parecem pequenas agulhas, que podem machucar as mãos dos mais desavisados!

Mas, por volta dos três meses, inicia-se a troca dos dentes de leite pelos permanentes. Sim, exatamente como as crianças pequenas: os dentinhos pequenos e fininhos caem, dando lugar a dentes maiores e mais fortes.

Essa fase se estende até por volta dos sete meses de vida e, durante esse período, poderá ocorrer vermelhidão, inchaço e irritação na gengiva, já que os dentes estarão rasgando a pele. Os filhotes precisam se aliviar de alguma forma e, como fazem isso? Mordendo tudo o que encontram pela frente!

Quanto às mordiscadas nas mãos dos donos, para o cãozinho, torna-se uma forma de interagir com as pessoas, já que, dificilmente, um filhote morderá a mão de alguém sem receber alguma atenção!

Assim, sabendo os motivos das mordidas, fica muito mais fácil tomar algumas providências para evitar objetos destruídos ou mãos arranhadas – lembrando que filhotes são “arteiros” por natureza e “acidentes” sempre acabam acontecendo.

Com relação ao desconforto que o filhote sente nas gengivas, o ideal é que ele tenha muitas opções para morder, já que esse é um comportamento natural e instintivo, visando o alívio das sensações ruins.

Assim, vale disponibilizar brinquedos específicos para cães nessa fase, de diversas formas, tamanhos e texturas. Deixe esses objetos nos ambientes que o filhote frequenta e o incentive a brincar com eles, já que a sensação de desconforto não tem hora ou lugar para surgir.

É importante também variar os brinquedos, para que o filhotão não se canse deles. Troque uma leva de brinquedos por outra, periodicamente. Outra dica que auxilia bastante: congelar os brin-quedos, já que o gelo tem efeito anestésico e alivia bastante a irritação na gengiva.

De nada adianta simplesmente deixar tantas opções aos filhotes, sem qualquer interação. O ideal é que todos os que convivem com o cãozinho o estimule a ter os brinquedos na boca, e o elogie bastante quando ele estiver roendo o ossinho, por exemplo. Quando ele morder as mãos ou móveis, fale um “Ai!” e pare imediatamente a interação.

O filhote associará muito facilmente que chama a atenção do dono quando está roendo seu brinquedo, acontecendo exatamente o contrário quando estiver mordendo algum objeto da casa ou as mãos e pés das pessoas.

Dessa forma, o filhote associará que os brinquedos geram alívio para a gengiva e interação com os humanos, mas morder as mãos ou objetos gera falta de interação e término da brincadeira.

Prestando atenção nesses detalhes, certamente essa fase de tantas mordidas será muito mais fácil, tanto para o filhote quanto para o dono.

Fonte: The Pet News.

Entenda atitudes do cachorro que aparentemente não fazem sentido

Photo credit: Son of Groucho / Foter / CC BY
Photo credit: Son of Groucho / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

O que dizer do cão que insiste em enterrar ossos entre almofadas, mesmo estando num lugar onde jamais seria roubado? Na verdade, ele age assim porque ancestrais que escondiam comida lhe passaram esse instinto, geração após geração. Enquanto outros exemplares menos precavidos eram mais atingidos pela fome, os mais bem nutridos puderam se defender e se reproduzir melhor. Com isso, deixaram mais descendentes e propagaram mais as próprias características genéticas.

Foi a partir desse processo que o naturalista Charles Darwin formulou a teoria da evolução das espécies. Um exemplo clássico é o das girafas, com seu longo pescoço que evoluiu para alcançar as folhas do topo das árvores, alimento não disponível para a maioria das espécies. O lobo macho que briga para cruzar transmite melhor os seus genes. Se o dócil por um lado evita confrontos, por outro deixa de se acasalar. Isso explica por que cães machos costumam brigar entre si – eles são herdeiros dos genes de ancestrais briguentos.

Por que a cadela tem gravidez psicológica?
Algumas cadelas, geralmente após o cio, produzem leite sem ter tido filhotes. É a chamada falsa gravidez. Na vida em alcatéia, somente as lobas dominantes se reproduzem. Para cuidar dos filhotes, elas contam com a ajuda das demais fêmeas. Produzir leite mesmo sem ter engravidado permite à loba não dominante amamentar a ninhada e liberar a dominante para exercer outros papéis, como o de ajudar a defender o grupo e o de trazer alimentos, aumentando a capacidade de sobrevivência de toda a alcatéia.

O que faz o cão rosnar quando chegamos perto da comida dele?
Ao afastar o espertinho pronto a abocanhar um naco adicional de comida, defendendo com agressividade um pedaço de carne da caça recém-abatida, o lobo garante o direito de consumir o alimento em seu poder. Quando alguém se aproxima do prato do cão, ele age por instinto e segue o princípio de seus antepassados – não dar moleza é a melhor estratégia!

Alguns cães não permitem que outros do mesmo grupo brinquem. Por quê?
Uma das habilidades do lobo dominante é impedir que lobos do grupo se unam. Isso evita a possibilidade de ser derrubado do poder por alguns indivíduos que se juntam. Ir até uma dupla que interage mais que o necessário e tentar obrigá-la a parar de brincar, de trocar carinhos ou de lutar, é uma forma de dividir para governar e, assim, garantir a prioridade nos acasalamentos e transmitir os genes responsáveis por esse comportamento.

Por que, quando o dono intervém para separar o cão de uma briga, ele pode atacar ainda mais? 
Ao brigar, o lobo avalia se outros indivíduos no grupo estão a seu lado. Caso se sinta “garantido” por um ou mais companheiros, fica mais corajoso, valente e agressivo. Quando um cão briga, ocorre o mesmo. Ao ver o dono berrar e correr na direção dele, imagina que conseguiu um aliado e passa a atacar o adversário com maior empenho.

Por que o cão precisa tanto de companhia?
O que leva o cão a ser tão dependente de companhia? Os lobos precisam um dos outros para sobreviver. O exemplar solitário não consegue caçar animais muito grandes e enfrenta maiores dificuldades para se proteger do que o enturmado. Portanto, estar sozinho pode significar a morte. Por isso, predominam na reprodução os exemplares mais dependentes de companhia.

Os comportamentos herdados são fixos?
Alguns comportamentos são difíceis de alterar, outros são facílimos. Quando o comportamento instintivo causa problemas, é importante procurar mudar a maneira pré-programada de o cão entender as coisas. E, se ele tiver alguma atitude extremamente perigosa, torna-se fundamental inibi-la, aplicando técnicas comportamentais. Como exemplo podemos citar o ataque canino a uma criança que é confundida com uma presa de caçada. Nesse caso, não devemos ficar nos justificando. É preciso pedir auxilio a um profissional capacitado.

Transição entre sinais eliciados e sinais espontâneos

Photo credit: Y0$HlMl / Foter / CC BY
Photo credit: Y0$HlMl / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Proprietários de cães acreditam que seus animais são capazes de se comunicar com pessoas (Ades, Rossi & Pinseta, 2000). Sabe-se, contudo, pouco a respeito de como cães usam sinais comunicativos para influenciar o comportamento de seres humanos. Inspirando-nos na descrição de Clark (1978) a respeito de como crianças pequenas adquirem vocabulário passando pela transição entre a comunicação não-intencional para sinais intencionalmente comunicativos, pensamos num procedimento em que uma ação desempenhada pelo ser humano seria associada a um comando executado pelo cão. A hipótese era que no decorrer do treino, o cão passaria a executar o mesmo comando antecipadamente, de forma espontânea, desencadeando a ação do experimentador, criando-se assim um canal de comunicação com o ser humano.

Uma cadela sem raça definida, Sofia, foi nosso sujeito experimental. As ações e comandos consistam de rotinas com papéis claramente definidos para o cão e o experimentador: “pedir para sair”, “ter acesso à casinha” e “jogar a bola”. O papel do experimentador consistia em pedir um dos comandos respectivos a cada rotina (“dar a pata”; “tocar num guizo” e “rodar”) e, em troca da sua execução, atender a necessidade do sujeito, que podia ter sido percebida ou induzida. As rotinas foram filmadas diariamente e 126 episódios foram transcritos temporalmente. Analisou-se o número de antecipações do sujeito experimental ao papel do experimentador. Observou-se um aumento das antecipações do sujeito de forma gradual ao longo das semanas, atingindo 100% em todas as rotinas estudadas. A totalidade das antecipações foram atingidas em 4 semanas para “pedir para sair”, 3 semanas para “ter acesso a casinha” e 6 semanas para “jogar a bola”.

Esses sinais aprendidos pelo cão começaram a ser utilizados espontaneamente em contextos adequados, mesmo fora das rotinas. A antecipação apresentada pelo cão demonstra uma capacidade de utilizar comportamentos arbitrários aprendidos para comunicar desejos e vontades a seres humanos de forma análoga ao que ocorre com crianças e primatas. Esse conhecimento poderá ser utilizado para criar sistemas de sinais comunicativos que permitam uma comunicação mais clara e precisa entre cães e seres humanos, além de podermos substituir comportamentos comunicativos indesejáveis como arranhar a porta ou latir demasiadamente quando deseja algo.

Aventuras com os gatos

Photo credit: BAOCHUN.S / Foter / CC BY-SA
Photo credit: BAOCHUN.S / Foter / CC BY-SA

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Tenho verdadeira paixão por gatos. Acho que o meu interesse por diversas espécies de felinos me ajudou a conhecer mais profundamente o gato doméstico. Muitos dos seus comportamentos, bem como a verdadeira natureza felina, só são realmente compreendidos quando conhecemos e estudamos a estratégia de sobrevivência dos parentes selvagens. Neste artigo irei compartilhar algumas das minhas experiências com felinos.

Jaguatirica mansinha, só no filme Tainá II A jaguatirica Shiva ainda era filhote quando fez o papel de bichinho de estimação de uma indiazinha no filme Tainá II. Mas era extremamente agressiva e, de acordo com o roteiro, tinha que aparentar ser supermansa. Depois de algumas semanas de desespero total, pois não estavam conseguindo fazer nenhuma cena com ela, chamaram-me para amansá-la. Aceitei o trabalho e conseguimos fazer todas as cenas previstas no roteiro, mas Shiva continuou ranzinza e agressiva. Aprendi a identificar os estados de humor dela e, assim, eu conseguia avisar a indiazinha sobre quando podia passar a mão na jaguatirica e dar beijinhos, como fazê-lo e quando parar. Mas, se a indiazinha não interrompesse os carinhos no exato momento da minha recomendação, eu pulava como se fosse um goleiro defendendo o gol e tirava a jaguatirica de perto. A felina mastigava a minha mão e me arranhava inteiro. Uma vez ela resolveu levar para a casinha dela a minha mão e dormir com ela na boca, enquanto uma poça de sangue se formava logo embaixo. Eu não conseguia acreditar. Não sabia se chorava ou se dava risada. Apesar do mau humor de Shiva, procuramos tratá-la sempre com muito respeito. Afinal, esse é o nosso dever.

Tigres na Tailândia Enquanto estive na Tailândia, fui conhecer os bastidores de parques de conservação e zoológicos. Grande parte dos turistas volta para casa com a idéia de que filhotinhos de tigre são mansos. Para comprovar o que dizem, carregam uma foto deles mesmos dando mamadeira ao filhote. Pura ilusão. Os funcionários do parque sabem que o filhotinho só não representa perigo para o turista enquanto toma mamadeira. Começam a dá-la com o maior cuidado e antes de o filhote tomar tudo, o colocam rapidamente no colo do turista, batem as fotos e o retiram. A coisa é tensa, mas o turista nem percebe. Cheguei a ouvir comentários do tipo: “Pena que tem tanta gente para tirar foto, pois eu gostaria de continuar abraçando este bebezinho…”

Leões na África Tive a oportunidade de acompanhar uma pesquisa sobre alimentação dos leões na África do Sul por muitos dias e me deparei com algumas cenas interessantíssimas e chocantes. Num dos grupos de leões, houve uma mudança de líder e todos os filhotes do antigo líder foram mortos pelo novo. Foi uma cena horrível, pois algumas mães tentaram arduamente defender suas crias. A explicação é que o macho, ao fazer isso, em pouco tempo consegue deixar um grande número de descendentes. As fêmeas, quando ficam sem filhotes, entram logo no cio e cruzam com o novo líder, que será desta vez o pai dos novos filhotes produzidos!

Promiscuidade na Inglaterra Também acompanhei uma pesquisa científica na Inglaterra que testou a paternidade de diversos filhotes de gatos domésticos que viviam com seus proprietários. Para surpresa dos pesquisadores e, mais ainda, dos proprietários dos gatos, os filhotes geralmente não eram do gato macho que vivia na casa. Grande parte das fêmeas tinha se acasalado com um macho vindo de outra casa, na maioria das vezes sem que o proprietário da fêmea notasse. A explicação dos cientistas foi que as fêmeas, intuitivamente, procuravam aumentar a diversidade genética com machos de outro grupo, além de procurar machos mais ousados, com condições de invadir o território alheio.

Zoológico de Lisboa Ao visitar o Zôo de Lisboa, há uns 5 anos, notei que a maioria dos felinos apresentava comportamentos estereotipados ou compulsivos. Por falta de espaço e de atividades para desenvolver, os animais ficavam andando de um lado para outro, exatamente da mesma forma. Cheguei a gravar essas cenas por horas em fitas e fiquei impressionado ao assistir a elas: quando as adiantava, via os animais repetindo os comportamentos exatamente da mesma forma, inclusive as levantadas de perna e as sacudidas de cabeça. Uso essas imagens para demonstrar como é importante cuidarmos da qualidade dos recintos dos felinos, incluindo aí as nossas casas. Espero que os recintos do Zôo de Lisboa já tenham sido melhorados.

Curiosidades sobre os gatos

Photo credit: Tambako the Jaguar / Foter / CC BY-ND
Photo credit: Tambako the Jaguar / Foter / CC BY-ND

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Gato enxerga no escuro?
Gato não consegue ver no escuro total, ao contrário do que se pensa. Mas precisa de muito menos luz do que as pessoas para enxergar. No escuro total, além de contar com o olfato, a audição e o tato, tem a ajuda dos bigodes para não bater a cabeça nem ralar a ponta do nariz.

Como descer de árvores altas 
As garras do gato, em forma de gancho, funcionam bem para escalar troncos. Mas deixam de funcionar com o corpo na posição invertida, de descer. Ele não sabe que conseguiria ir para baixo se ficasse na posição de subir e fizesse ré. Quando o gato está em local muito alto e desconhece a técnica (o aprendizado ocorre por observação ou prática), pode entrar em pânico. Daí aquela cena, típica de filmes americanos, em que bombeiros aparecem e resgatam o felino. Para ensinar um gato a descer, podemos colocá-lo num tronco na posição de subir e estimulá-lo a fazer ré com um petisco na ponta de uma varinha.

Carinho ou demarcação?
Gato gosta de deixar seu cheiro em tudo. Quando se esfrega na gente, ele faz carinho e aproveita para deixar o cheiro dele. A parte que os gatos mais esfregam em nós e em outros gatos é a que fica um pouco abaixo das orelhas, onde a maioria deles tem menos pêlos. Como o cheiro vem da pele, essa área menos protegida é a que melhor transfere o odor.

Borrifos de urina
Em vez de levantar a perna como os cães machos, o gato fica de costas, levanta a cauda e borrifa a urina para trás. Esse comportamento (um dos que os donos mais odeiam) é típico de macho não castrado, mas as fêmeas e os machos castrados também podem adotá-lo.

Disfarce para a dor
É comum o gato não dar sinal quando sofre desconforto ou dor. Ou, então, ficar escondido até que o incômodo passe. Esses disfarces evitam mostrar fraqueza — os demais gatos poderiam se aproveitar da situação e expulsá-lo. Por ser instintivo, o comportamento ocorre mesmo quando não há gato por perto.

Ouvir ratos cantores
Para atrair uma parceira, o rato canta como passarinho, mas em ultra-som (freqüência captada por alguns animais, mas não por seres humanos). Capaz de direcionar as orelhas, o gato descobre em segundos de onde vem a cantoria.

Aprendiz privilegiado
A habilidade para aprender alguns comportamentos pela simples observação é mais acentuada e mais fácil de ser demonstrada no gato do que no cão. Apesar de mais independente que o cão, o gato é capaz de aprender a obedecer a comandos.

Autolimpante
A maioria dos gatos pode passar a vida inteira sem tomar banho e sem apresentar problemas por causa disso! Obsessivo com sua limpeza, o gato procura retirar do pêlo qualquer odor ou sujeira. A exceção fica por conta dos que têm pêlos muito longos. Esses costumam precisar de ajuda, inclusive com banhos e escovação. As pessoas têm o hábito de dar banho em gatos para deixá-los mais cheirosos, retirar pêlos “mortos”, tratá-los de doenças de pele ou, ainda, para controlar a alergia de alguém que convive com eles.

Lixa na língua
Quem já foi lambido por cão pode se assustar ao sentir a textura da língua do gato, áspera como lixa. Uma das funções dessa aspereza é facilitar a limpeza da pelagem e a remoção dos pêlos mais velhos e soltos.

Maníacos por caça
Gatos passam a vida caçando. Seja em caçadas verdadeiras, seja por meio de brincadeiras. Na maioria das vezes, adotam a técnica do golpe certeiro. Para isso, o gato se aproxima disfarçadamente da presa e espera o momento apropriado. Na caça ao rato, por exemplo, o bote é dado no instante em que a presa quase desaparece atrás de um objeto. Assim, quando ela perceber o que acontece, será tarde demais. Um fiozinho prestes a sumir do campo de visão simula o rabo de um rato. Instintivamente, mesmo que nunca tenha caçado um roedor, o gato pulará para agarrá-lo.

Vomitar bolas de pelo 
Ao se limpar ou ao lamber outro gato, o bichano ingere muitos pêlos e pode ter problemas. A prevenção e o tratamento incluem escovação, banhos e produtos especializados.

Vôo livre
Gatos se jogam ou caem de prédios com bastante freqüência, apesar de preparados para explorar alturas. Não é tentativa de suicídio. Eles querem conhecer outros ambientes. Queda acidental também ocorre, em geral a partir de parapeitos de janelas. Pode ser por um movimento em plena soneca, por um escorregão ou pela perda de equilíbrio ao pular sobre um objeto solto. O curioso é que a partir da altura do sexto andar, o risco de fraturas e de morte não aumenta. Muitos gatos já saíram ilesos de quedas altíssimas.

Os tipos de donos de gatos

Photo credit: hisashi_0822 / Foter / CC BY-SA
Photo credit: hisashi_0822 / Foter / CC BY-SA

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Dono de gato é diferente?
O que há em comum entre donos de gatos? O que faz uma pessoa apreciar gatos? Quem gosta de gatos é diferente de quem não gosta? Se sim, no quê? Perguntas como essas foram formuladas por pesquisadores de psicologia e zoologia num estudo científico publicado no livro “Man and cat, the benefits of cat ownership”, de Reinhold Bergler.

De 298 donos de gatos pesquisados com o auxilio de uma ferramenta estatística, 258 se encaixaram em um de seis diferentes perfis psicológicos. Se você tiver gato, portanto, sua chance de pertencer a um desses perfis é elevada. Conheça-os:

Amorosos boas-vidas – “easy going ones” (30%)
Esse tipo é formado, geralmente, por pessoas muito satisfeitas consigo mesmas, bem como com seu estado de saúde e com o ambiente no qual vivem. Para elas, brincar e se divertir é parte integrante da vida. Praticamente não sentem solidão. Vêem a si próprias como bastante emotivas e consideram seus gatos importantes para o bem-estar emocional delas. Convivem com eles de modo natural e tranqüilo e lhes dedicam bastante atenção e tempo. Comentam com a família e amigos o amor que sentem por seus gatos.

Para elas, ter gato em nada prejudica o modo de vida. Acreditam que os felinos fazem parte de suas vidas — não querem viver sem eles. Deixam clara a intenção de adquirir outro gato quando o atual morrer. Mostram preocupação com as conseqüências para o gato caso venham a mudar de casa ou a falecer.

Racionais (18%)
Vêem nos gatos principalmente os benefícios práticos, como caçar ratos. Essas pessoas prezam muito a mobilidade e a independência. Acreditam ser bastante comunicativas, relatam não ter sentimentos de solidão e não ser muito emotivas. Não são de brincar muito com os gatos nem de se derreter de amor por eles. Mencionam como possíveis desvantagens de ter gato os gastos que ele causa, os eventuais conflitos familiares ou com vizinhos decorrentes da presença dele, a destruição de objetos da casa e a possibilidade de transmissão de doença aos moradores. Mas demonstram haver um apego. Apesar de prezarem a mobilidade, não parecem se preocupar com as restrições que podem ser ocasionadas pela posse de um gato. Demonstram, também, preocupação com o que acontecerá ao felino deles caso venham a falecer.

Emocionais (13%)
A maior parte desse grupo é formada por mulheres que se consideram muito influenciadas por seus sentimentos. Elas querem estar com outras pessoas ou animais — não gostam de ficar sozinhas. Seu apego ao gato só perde para o do grupo “Otimistas”. Passam bastante tempo com seus gatos e compartilham com eles momentos de alegria e de tristeza. Demonstram preocupação apenas com a redução da mobilidade resultante da posse de gato e com a possibilidade de ele ficar sem lar quando falecerem. Temem, também, o sofrimento que a perda do gato poderá lhes causar.

Sem problemas (12%)
Este grupo muito raramente associa a posse de gatos a algum problema, seja social, psicológico ou de saúde. São pessoas que consideram fácil manter gatos e os relacionam com sentimentos de alegria e afeição. Fazem carinho neles e os abraçam, mas sem exagero. Não sentem necessidade de treiná-los nem tendem a humanizá-los (atribuir características humanas a eles). Apegadas ao gato, demonstram esse apego, que para elas é normal e óbvio.

Otimistas (9%)
Os gatos provocam nesse grupo emoções e sentimentos fortes. O apego a eles é intenso. Esses proprietários brincam com seus gatos, dão-lhes amor, falam com eles e com eles se distraem. Os gatos lhes proporcionam alegria de viver e um ambiente mais gostoso e calmo. Permitem ao gato acesso a todos os cômodos da casa. A restrição na mobilidade para viajar é a única desvantagem que vêem. Não expressam preocupação com o risco de transmissão de doença, nem com o destino do gato caso venham a adoecer ou a falecer.

Neutros (5%)

É o grupo que menos envolvimento afetivo desenvolve com os gatos. Constitui-se, na maior parte, de homens, principalmente pais de família que foram convencidos a ter gatos pela mulher ou pelo filho. Para essas pessoas, não é muito importante brincar nem ter distração no dia-a-dia. Não se julgam muito afetuosas e não conhecem o sentimento da solidão. Não acham que gato atrapalhe a vida delas. Comentam facilmente as desvantagens de ter um, sem ver muitas vantagens nisso. Dedicam pouquíssimo tempo ao gato e não pretendem adquirir outro exemplar quando o atual vier a morrer.

Síndrome das alturas

Photo credit: nanaow2006 / Foter / CC BY
Photo credit: nanaow2006 / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal. 

As pessoas associam gatos com habilidade para lidar bem com altura. Poucas imaginam que seu próprio gato poderá um dia cair ou se jogar de um lugar alto demais, como do vigésimo andar. Por isso, não se preocupam em tomar precauções para protegê-lo. Mas, infelizmente, gatos caem de janelas de prédios altos com relativa freqüência. E muitos proprietários só ficam sabendo que o felino deles corria esse perigo depois de o perderem.

“Epidemia” na primavera
Nos Estados Unidos, com a primavera vem um aumento significativo da quantidade de gatos que sofrem queda de edifícios. É quando muitos donos dão, involuntariamente, condições para que esses fatos aconteçam, ao abrirem suas janelas após um inverno rigoroso. Por isso, a American Society for the Prevention of Cruelty to Animals (ASPCA) costuma alertar proprietários de gatos de todo o país, no início da primavera, sobre esses acidentes, para evitar que as quedas se tornem “epidemia”.

Aterrissagem surpresa
Na maioria dos acidentes, os gatos não se jogam. Eles caem. Muitos deles têm o hábito de pular para chegar na sacada de uma janela e acabam escorregando na aterrissagem, por distração ou por haver algo diferente no local onde costumam se apoiar. Por exemplo: orvalho, um objeto novo no beiral ou ausência de um ponto de apoio presente até então, como um aparelho de ar-condicionado. Gatos com aptidões físicas restritas, como os mais idosos e os muito novos, correm muitos mais riscos.

Pior que pesadelo
Os gatos também têm, como nós, diversas fases de sono, inclusive a REM, quando sonham. Nesses momentos podem fazer movimentos inconscientes e cair se estiverem num beiral.

Tudo por uma caçada
Um inseto ou passarinho no lado de fora do apartamento podem atrair tanto a atenção do gato a ponto de ele tentar caçar e acabar caindo. Esse tipo de acidente é muitíssimo comum com filhotes que querem brincar com tudo e ainda não desenvolveram bem o equilíbrio.

Em busca de aventura
Alguns gatos podem pular de propósito da janela, querendo apenas dar uma voltinha, principalmente quando o apartamento não é muito alto. A chance de isso acontecer aumenta entre os machos não castrados, as fêmeas no cio e os gatos que viveram parte da vida soltos.

Equipado para quedas
Os gatos desenvolveram comportamentos específicos, fisiologia e anatomia próprias para enfrentar quedas grandes. Mas podem se machucar até mesmo num pulo ou numa queda de pouco mais de um metro. Principalmente quando são idosos ou obesos. É comum que os gatos mostrem receio de saltar alturas a partir de dois metros, mas podem optar por enfrentar alturas bem maiores se não encontrarem alternativa.

Quando em queda livre, por meio de uma rotação que se inicia pela cabeça, esses felinos conseguem ficar em décimos de segundo com as patas para baixo, a partir de qualquer posição. Além disso, suas patas funcionam como potentes amortecedores, com musculatura capaz de absorver o impacto do corpo até uma velocidade próxima a 90 km/ h. Essa velocidade é atingida por um gato ao cair do 6º andar de um prédio.

Pára-gatos
Um estudo publicado no Journal of the American Veterinary Medical Association, em 1987, examinou 132 casos de gatos que caíram de janelas (altura média equivalente a 5,5 andares) e constatou que 90% deles sobreviveram.

Quanto maior a altura das quedas, mais ferimentos e ossos quebrados os gatos apresentaram. Mas o incremento ocorreu até a altura equivalente a sete andares, quando os ferimentos, em vez de aumentar, começaram a diminuir! Ou seja, um gato que cai do 20º andar tem mais chances de sobreviver do que um gato que cai do 7º andar! Como isso é possível? Estudos mostraram que quando o gato cai do 6º andar, atinge a sua velocidade máxima de cerca de 90 km/h em queda livre pouco antes de tocar o solo. Depois que essa velocidade é atingida, a resistência do ar se torna tão grande que impede maior aceleração. Portanto, o impacto de cair do 6º andar ou de cima das nuvens é o mesmo, em se tratando de um gato.

O motivo que leva o gato a se machucar menos quando cai de mais alto é bastante discutido. A teoria mais aceita é que o sistema de amortecimento funciona melhor após alguns ajustes que são feitos durante a queda. Com mais tempo para se organizar, o gato consegue tornar mais eficiente o uso de seu corpo e obter um melhor efeito de amortecimento.

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