Transição entre sinais eliciados e sinais espontâneos

Photo credit: Y0$HlMl / Foter / CC BY
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Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Proprietários de cães acreditam que seus animais são capazes de se comunicar com pessoas (Ades, Rossi & Pinseta, 2000). Sabe-se, contudo, pouco a respeito de como cães usam sinais comunicativos para influenciar o comportamento de seres humanos. Inspirando-nos na descrição de Clark (1978) a respeito de como crianças pequenas adquirem vocabulário passando pela transição entre a comunicação não-intencional para sinais intencionalmente comunicativos, pensamos num procedimento em que uma ação desempenhada pelo ser humano seria associada a um comando executado pelo cão. A hipótese era que no decorrer do treino, o cão passaria a executar o mesmo comando antecipadamente, de forma espontânea, desencadeando a ação do experimentador, criando-se assim um canal de comunicação com o ser humano.

Uma cadela sem raça definida, Sofia, foi nosso sujeito experimental. As ações e comandos consistam de rotinas com papéis claramente definidos para o cão e o experimentador: “pedir para sair”, “ter acesso à casinha” e “jogar a bola”. O papel do experimentador consistia em pedir um dos comandos respectivos a cada rotina (“dar a pata”; “tocar num guizo” e “rodar”) e, em troca da sua execução, atender a necessidade do sujeito, que podia ter sido percebida ou induzida. As rotinas foram filmadas diariamente e 126 episódios foram transcritos temporalmente. Analisou-se o número de antecipações do sujeito experimental ao papel do experimentador. Observou-se um aumento das antecipações do sujeito de forma gradual ao longo das semanas, atingindo 100% em todas as rotinas estudadas. A totalidade das antecipações foram atingidas em 4 semanas para “pedir para sair”, 3 semanas para “ter acesso a casinha” e 6 semanas para “jogar a bola”.

Esses sinais aprendidos pelo cão começaram a ser utilizados espontaneamente em contextos adequados, mesmo fora das rotinas. A antecipação apresentada pelo cão demonstra uma capacidade de utilizar comportamentos arbitrários aprendidos para comunicar desejos e vontades a seres humanos de forma análoga ao que ocorre com crianças e primatas. Esse conhecimento poderá ser utilizado para criar sistemas de sinais comunicativos que permitam uma comunicação mais clara e precisa entre cães e seres humanos, além de podermos substituir comportamentos comunicativos indesejáveis como arranhar a porta ou latir demasiadamente quando deseja algo.

Arranhadores para gatos

http://foter.com/f/photo/7614906548/dafa3fae05/
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Por Malu Araújo, adestradora da Cão Cidadão.

Gatos precisam afiar as unhas, e arranhar também ajuda eliminar o estresse e relaxar. Se você não tiver arranhadores para eles, com certeza um sofá, um encosto de cadeira ou algum outro móvel será escolhido. Arranhar é uma forma de marcar território, assim, ele solta hormônios e deixa o seu cheiro nesses lugares.

Para saber qual é a preferência de arranhador para o seu gatinho, observe o comportamento dele. Muitos gostam de arranhadores altos na vertical, para poderem se espreguiçar, enquanto outros curtem arranhadores na horizontal. Analise a preferência da textura também, teste brinquedos e arranhadores de papelão, de corda e revestido com tecido. Mas, com certeza, uma coisa que todos eles procuram é que os arranhadores sejam firmes. Então, escolha um modelo que pode ser fixado em algum lugar ou que seja pesado e transmita segurança na hora do seu gatinho usar.

Também é possível fabricar em casa um arranhador com coisas simples, como uma caixa de papelão de uma encomenda que você recebeu, com cordas de sisal, que são facilmente encontradas e são vendidas por metro. Um pedaço de tapete também costuma ser muito atraente.

Outra coisa importante para ser levada em consideração é o ambiente que você colocará esse arranhador. Ele não deve ficar, por exemplo, na área de serviço, se o seu gatinho não frequenta muito esse ambiente. O ideal é colocá-lo onde o gato gosta de ficar, em um cômodo que ele sempre está.

Apesar de arranhar ser um comportamento natural do gato, se possível, estimule-o a usar o arranhador desde pequeno. Sempre que ele estiver brincando com ele, elogie, fale com ele, dê atenção.

Não esqueça que o arranhador não é para a vida inteira. Eles podem estragar ou ficar com mau cheiro e, se isso acontecer, troque! O gatinho deixará de usá-lo com tanta frequência, podendo voltar a arranhar o sofá.

Fonte: PetShop Magazine.

Hora do banho

Photo credit: Raelene G / Foter / CC BY
Photo credit: Raelene G / Foter / CC BY

Por Malu Araújo, adestradora da Cão Cidadão.

O processo pode ser menos complicado se os treinos forem iniciados desde cedo, quando o gato ainda é um filhotinho.

O banho deve ser algo agradável e gostoso, então, cuidado com a temperatura da água. Prepare uma bacia com uma borracha de EVA no fundo, para evitar que ele escorregue. Não deixe a bacia muito cheia de água e não dê o banho se você estiver com pressa, pois, o ideal é ter tempo para acostumá-lo aos poucos. Não tente secá-lo com o secador, pois essas coisas podem assustá-lo muito. Faça tudo com calma, já que você quer que ele goste de tomar banho.

Apresente-o primeiro a tudo que possa envolver o momento do banho. Comece por pequenas etapas: faça com que ele se habitue ao som do secador, com ele ligado em outro ambiente, depois, com calma, aproxime-o do seu gato, nunca direcionando o jato para a cara dele, para não assustá-lo. Faça carinho nele com a toalha, deixe que ele sinta o cheiro dos produtos que você vai usar, como o xampu; use a escova para fazer carinho bem devagar. Procure sempre associar esses momentos com algo agradável, oferecendo um petisco, brincando, fazendo carinho e falando com ele com um tom de voz suave.

Outra opção é dar preferência aos dias mais quentes e secar bem o gatinho com a toalha. Depois, deixe que ele termine de se secar com o calor do sol, principalmente se o gato apresentar muita resistência ao secador. Depois que o seu gato já estiver mais habituado com os objetos, sons e tudo o que envolve esse momento, você pode dar um banho completo nele.

Organize-se! Um dia antes você pode cortar as unhas do gato. Você também pode escová-lo antes de dar banho, o que evita que ele solte muito pelo.

Proteja o ouvido dele com um chumaço de algodão. Tome cuidado também com os olhos e nariz: não jogue água diretamente nesses locais.

Use sempre produtos recomendados pelo médico veterinário.

Fonte: PetShop Magazine.

Preparando o gato para uma mudança

Photo credit: Douglas J O'Brien / Foter / CC BY-SA
Photo credit: Douglas J O’Brien / Foter / CC BY-SA

Por Katia de Martino, adestradora da equipe Cão Cidadão.

Você e sua família vão se mudar para uma casa nova e, claro, o gatinho vai junto. Como proceder para que o animal fique o menos estressado possível com a mudança?

Mesmo com todas as precauções, é natural que seu felino se sinta desconfortável no início. Porém, com alguns cuidados simples, é possível diminuir o estresse até que ele esteja à vontade no novo ambiente.

Gatos gostam de lugares altos e com pouco movimento. Caso ele prefira ficar dentro de algum armário, deixe-o. Entenda que lá é o local que ele escolheu e que, aos poucos, principalmente durante à noite, ele conseguirá explorar o território.

Coloque a caminha e brinquedos bem perto do local que ele tiver escolhido. Apenas quando você sentir que ele está mais adaptado, coloque os objetos no lugar definitivo.

Florais e feromônios sintéticos, vendidos em pet shop, também podem auxiliar no processo de adaptação. Tenha paciência e lembre-se de que é preciso tempo para que seu amigo esteja completamente à vontade em seu novo lar.

Fonte: Pet Center Marginal.

Gatos: criação indoor

Photo credit: Takashi(aes256) / Foter / CC BY-SA
Photo credit: Takashi(aes256) / Foter / CC BY-SA

Por Cassia Rabelo Cardoso dos Santos, adestradora da equipe Cão Cidadão.

Vou me valer da sessão Adestrando Gatos – até porque este é um tema recorrente com clientes que são donos de gatos – para trazer à tona um assunto cada vez mais comentado entre aqueles que adoram a convivência com bichanos: sua criação indoor.

Essa denominação – criação indoor – significa manter os gatos dentro de casa, sem acesso livre à rua para os tão conhecidos “passeios”.

A polêmica toda surge quando se analisa a situação sob o ponto de vista do comportamento dos gatos, caçadores natos, que têm em sua carga genética um forte instinto exploratório e predatório.

Por este motivo, muitos entendem que, para garantir seu bem estar, deve ser-lhes dado a oportunidade de saírem para caçar, caminhar, estar com outros gatos e voltarem quando quiserem.

Aliás, essa era a mentalidade de “criação” de gatos há uma ou duas gerações atrás e que ainda prevalece em cidades de menor porte. A questão é que há fatores muito importantes a serem considerados quando se analisa a forma de criação dos gatos domésticos.

Não restam dúvidas, atualmente, de que permitir acesso livre dos gatos à rua é prejudicial e muito perigoso.

Na rua, os gatos estão sujeitos a atropelamentos, brigas com outros gatos, ataques de cães. Sem contar que a figura do gato ainda é vista por muitos como algo ruim, não sendo, infelizmente, animais que despertam tanta compaixão como os cães. Assim, os relatos de maus-tratos são rotineiros, com situações bastante revoltantes.

Sem contar o risco de serem contaminados com FIV (Vírus da Imunodeficiência Felina) e FELV (Vírus da Leucemia Felina), doenças graves e que podem ser contraídas através de contato com gatos desconhecidos e que estejam doentes.

Finalmente, mas não menos importante, temos a questão de cruza sem controle, no que diz respeito a gatos não castrados com acesso à rua. Neste sentido, filhotes indesejados geram mais abandono.

Por outro lado, estando claros os motivos pelos quais a criação indoor é a melhor alternativa para aqueles que querem uma convivência feliz com seu gato, resta tratar de todas as alternativas necessárias para garantir total bem estar ao pet quando criado sem acesso à rua.

Neste sentido, o que se denomina enriquecimento ambiental é primordial para garantir o total bem estar dos bichanos e consiste em deixar a casa repleta de atividades voltadas para as características comportamentais dos gatos. Veja algumas dicas simples, mas que fazem toda a diferença:

– gatos adoram escalar e “controlar” o ambiente do alto.
Assim, vale investir em prateleiras, fixadas de modo a permitir que os gatos subam e possam “andar nas alturas”. Esta providência simples também garante que façam exercício físico.

– a forma de oferecer a alimentação pode sugerir caça.
Deixar comida à disposição o dia todo num potinho não é a melhor opção no quesito alimentação.

Já se sabe que os gatos devem, para manter sua saúde física, fazer várias pequenas refeições durante o dia.
Assim, o ideal é permitir que estes momentos se assemelhem ao máximo com situações de caça. Aqui, vale esconder ração em cantinhos, usar brinquedos que liberam comida e colocar pequenas porções em prateleiras, no alto.

– proporcionar plataformas para incentivar os instintos de alongar e afar.
Garantir que tenham à disposição arranhadores, para que possam se alongar e afiar as unhas.

– oferecer brinquedos interativos e muita ação.
Utilizar bolinhas que pulam, lazer, bolinhas de ping-pong e ratinhos de brinquedo com catnip, para estimular o instinto de caça dos gatos.

Garantir que tenham “sucesso” na caça também é recomendável, ou seja, o final de cada sessão de brincadeira deve terminar com a degustação de um petisco bem gostoso!

Além do enriquecimento ambiental, no momento em que é feita a opção por ter um gato como companhia, vale muito considerar a hipótese de ter dois e trazê-los juntos para casa. Se forem filhotes da mesma idade, melhor ainda, já que se acostumarão um ao outro desde cedo. Com a companhia de outro felino, a rotina será muito mais ativa, já que as brincadeiras felinas estarão garantidas!

As janelas da casa ou apartamento devem ser teladas, para evitar fugas e/ou quedas, garantindo total segurança aos gatos, mas também para permitir que eles tenham acesso visual aos estímulos externos, assim como a banhos de sol, muito valorizados pelos bichanos durante o dia.

Todas essas dicas, se seguidas pelos donos de gatos, garantem a estes uma vida saudável do ponto de vista mental, já que são respeitadas suas características comportamentais e também os mantêm seguros de situações perigosas, que podem levar a muito sofrimento.

Como lidar com a compulsão em gatos

Photo credit: Wolfgang Lonien / Foter / CC BY-SA
Photo credit: Wolfgang Lonien / Foter / CC BY-SA

Por Cassia Rabelo Cardoso dos Santos, adestradora da equipe Cão Cidadão.

Gatos e outros pets podem apresentar determinados comportamentos, sem razão efetiva de ser, denominados compulsivos. Nos seres humanos, esse tipo de distúrbio é mais conhecido como obsessivo-compulsivo, bastante estudado e debatido no âmbito da Psicologia.

Nos animais de estimação, inclusive gatos – foco deste texto – a chamada compulsão pode ser definida como a adoção de comportamentos repetitivos, sem motivo aparente e não vantajosos, que podem, inclusive, levar o bichano a se ferir. São exemplos que costumam ser relatados pelos proprietários: marcha em círculo, ficar paralisado, olhar fixamente para sombras/paredes, ataque à cauda, auto-higiene exagerada, sucção de pelos, ingestão de itens não alimentares, lambedura de objetos ou dos proprietários, e autolambedura excessiva.

Importante destacar que os comportamentos acima descritos, para serem considerados como compulsivos, devem ser apresentados de forma crônica e bastante evidente. Assim, como saber se determinado comportamento do gato pode ser considerado, efetivamente, como compulsão?

Antes de mais nada, é preciso buscar ajuda de um médico veterinário de confiança. Esse profissional fará toda a avaliação necessária para descartar alguma condição clínica, como possível deflagrador do comportamento. Por exemplo: um gato que esteja se lambendo excessivamente, muito além do que seria o normal para a higiene diária, pode estar com algum problema dermatológico que gera desconforto.

Assim, caso seja diagnosticado algum quadro clínico, é necessário que a condição seja devidamente tratada. Mas, na hipótese dos exames clínicos descartarem qualquer sinal de doença ou problema de saúde, é necessário tomar as medidas para a modificação comportamental.

Agora, por quais motivos um gato pode se tornar compulsivo? Inicialmente, sabe-se que há um forte componente genético herdado, que interfere na parte neuroquímica cerebral. Aliado a esse fato, comportamentos compulsivos podem surgir em razão de estresse excessivo, tais como conflitos, frustração constante e falta de escapes para a apresentação dos comportamentos normais de felinos.

Situações como estimulação mental e física insuficiente, alterações drásticas na rotina, exposição a situações que, rotineiramente, geram medo, ansiedade, conflito ou frustração, podem deflagrar compulsões que, ao longo do tempo, podem se tornar mais duradouros e frequentes.

Dessa forma, quando diagnosticado o comportamento compulsivo, uma das medidas é promover enriquecimento ambiental para o gato, ou seja, proporcionar atividades com as quais ele possa se entreter bastante e que sejam adequadas às necessidades da espécie felina. Exemplo: gatos, que são caçadores por natureza e precisam dar vazão a esse comportamento, podem ser estimulados através de brinquedos que liberam comida; área segura e confortável (de preferência em local alto, a ser escalado), onde ele possa observar o ambiente; adestramento; brinquedos que podem ser perseguidos e golpeados.

É também importante proporcionar ao bichano oportunidade para extravasar sua energia com atividades físicas, especialmente em situações que eles possam escalar e “caçar” sua comida.

É fundamental verificar se o ambiente e o relacionamento do gato com o dono estão adequados para o comportamento da espécie.

Gatos submetidos a mudanças drásticas no ambiente e/ou rotina em que vivem podem ficar bastante ansiosos e, consequentemente, estressados. Assim, proporcionar uma rotina previsível ajudará na modificação comportamental.

Em muitos casos em que o comportamento compulsivo compromete o bem-estar físico do gato, pode ser necessária a utilização de medicação específica, a ser prescrita por médico veterinário de confiança, visando auxiliar na terapia comportamental.

De toda forma, com paciência e compreensão do problema, é possível controlar um comportamento compulsivo apresentado pelo gato e garantir ao pet uma vida saudável e livre de desconforto!

Cães e gatos podem ser amigos?

Photo credit: gchampeau / Foter / CC BY
Photo credit: gchampeau / Foter / CC BY

Por Cassia Rabelo Cardoso dos Santos, adestradora da Cão Cidadão.

Quem nunca ouviu o velho ditado “brigam como cão e gato…”? Pois é, apesar do ainda tão corrente mito de que o cão e o gato não podem se dar bem, uma convivência harmoniosa é possível, sim! As duas espécies podem se tornar bons amigos!

Uma boa dica para que essa se torne uma realidade fácil de ser alcançada, em qualquer época da vida do cão ou do gato, é permitir que eles tenham contato com a outra espécie na fase de sociabilização primária, ou seja, quando filhotes – nos gatos, essa fase vai da 3ª a 8ª semana de vida, e nos cães, até o 85º dia de vida. Nesse período, em que todas as experiências vividas ficarão marcadas, é importante que os filhotes sejam apresentados a outras espécies, de forma positiva e sempre zelando pela segurança, para que, na fase adulta, essa eventual convivência possa se tornar algo que o cão ou gato já tenham vivenciado.

Essa é, portanto, a melhor forma de ter sucesso na aproximação entre o cão e o gato, mesmo na fase adulta: permitindo que o filhote possa ter essa experiência ainda na tenra idade! Mas, e se por acaso, quando filhote, o cão ou gato não tenha sido apresentado a algum indivíduo da outra espécie? É impossível que vivam juntos? Não, mas pode ser necessário mais tempo e paciência para que a aproximação seja feita com sucesso.

Nesse caso, o ponto mais importante a ser levado em consideração quando se quer aproximar um cão e um gato que antes não se conheciam, é tornar a experiência positiva para ambos. Um cão que nunca teve contato com felinos pode ter despertado seu instituto predatório ao se deparar com um bichano correndo à sua frente. Tal situação, certamente,
seria muito estressante para o gato.

Assim, se for o caso de introduzir um cão em uma casa que já tinha um gato, ou vice-versa, o ideal é fazer a aproximação de forma gradual, sem estresse excessivo para nenhum dos dois. Para tanto, o ideal é que o bichano seja mantido dentro de uma caixa de transporte, a qual já esteja acostumado, e o cão, contido na guia.

Utilizar petiscos que o cão e o gato gostem bastante vai ajudar nessa fase, para associação positiva da presença do outro e, também, para que seja possível perceber se algum deles está ansioso demais – a falta de interesse em algo que, normalmente, despertaria o apetite, pode indicar que o estímulo está muito alto, ou seja, a distância entre os dois deve ser aumentada.

A caixa de transporte só deve começar a ficar aberta quando ambos, cão e gato, demonstrarem já estarem habituados à presença um do outro.

Nessa fase, ainda é importante manter o cão na guia, para que seja preservada a segurança. Ambos devem ser bastante recompensados quando estiverem calmos e demonstrando tranquilidade na presença do outro.

O importante é sempre prezar pelo bem-estar de ambos e se certificar de que a situação não está estressante demais. Os dois só devem ser deixados livres para circular quando não houver sinais de estresse ou tentativas de ataques mútuos.

Esse treinamento pode demorar ou não, tudo depende das reações do gato e do cão. Não se deve hesitar em contatar um profissional especializado em comportamento animal, caso o treinamento não evolua ou algum dos dois esteja demonstrando excitação ou ansiedade excessiva.

Dicas de comportamento: Convivência entre gatos e crianças

Photo credit: mamaloco / Foter / CC BY-ND
Photo credit: mamaloco / Foter / CC BY-ND

Por Cassia Rabelo Cardoso dos Santos, adestradora e consultora comportamental da Cão Cidadão.

Apesar de um grande (e infundado) preconceito que muitas pessoas ainda têm com relação à convivência entre crianças e pets, especialmente gatos, a experiência do dia a dia tem demonstrado que muitos pontos positivos podem ser extraídos dessa coexistência. Logicamente que alguns cuidados devem ser tomados, visando o bem-estar de ambos – crianças e gatos – sempre com uma boa dose de paciência e sensibilidade.

Os gatos são animais sociais, plenamente capazes de estreitarem laços com outras espécies, inclusive com os mini-humanos, ou melhor, com as crianças. Mas, nunca é demais lembrar que os felinos que nos fazem companhia tendem a sentir medo e insegurança diante de situações perigosas ou estranhas do ponto de vista deles. Nesse sentido, é importante ter em mente uma característica intrínseca dos gatos: só costumam atacar quando se sentem acuados e não possuem uma rota de fuga. Se sentem medo ou insegurança, a primeira reação é fugir e buscar abrigo, mas raramente atacar.

Essa é, portanto, a primeira regra de ouro para uma convivência saudável entre gatos e crianças: a essas últimas deve ser ensinado que os gatos não são como brinquedos, não gostam de ser agarrados à força, nem tampouco de serem perseguidos o tempo todo. Mas, certamente, as crianças vão sempre procurar a companhia daquele bicho fofo e elegante, mais ainda se puderem tocá-lo. Para que a experiência seja agradável ao gato, o ideal é ensinar às crianças como chamar o gato, ao invés de agarrá-lo. O ideal é permitir à criança dar ao bichano um petisco gostoso ou uma guloseima apetitosa sempre que o gatinho atender a um chamado. Ração úmida para gatos, dada com uma colher, costuma cumprir muito bem esse papel!

Além disso, é importante ensinar a criança a brincar com o gatinho. Os felinos adoram deixar aflorar seu instinto caçador e, muitas vezes, mãos e pés dos humanos se tornam a “caça” preferida! Para evitar arranhados e machucados, deve-se ensinar à criança a sempre brincar com o gato com um brinquedo, oferecendo, por exemplo, um bicho de pelúcia para que seja a “vítima” dos abraços do vigoroso caçador!

Ainda tratando da questão das mordidas e arranhaduras, vale mencionar que gatos filhotes podem apresentar o que se denomina agressividade lúdica, que consiste, justamente, em utilizar as garras e os dentes para brincar com tudo e todos que enxergam pela frente. A melhor forma de evitar que as pernas das crianças se tornem um alvo de brincadeiras é proporcionar atividades interessantes ao gato que podem, inclusive, ter as crianças por perto para ocorrerem. Um exemplo são jogos com bolinhas de pingue-pongue ou de papel, que os gatos adoram perseguir, ou luz de laser nas paredes (tomando muito cuidado para não apontar para os olhos do bichano e causar algum dano; deve ser sempre uma brincadeira executada por adultos), que proporcionarão muitas risadas nos pequenos diante dos saltos dos gatos! Quanto mais atividade o gato tiver, com locais altos para escalar e explorar, menos necessidade terá de exercitar seus dotes de caçador nas mãos e pés das pessoas.

Vale lembrar, também, que a chegada de um bebê a uma família com um gatinho pode causar estresse ao felino. Para evitar que aquele antes querido e companheiro pet se torne desconfiado e passe boa parte do tempo escondido, é importante fazê-lo associar, sempre, o nenê a coisas positivas. Assim, quando o baby estiver por perto, somente consequências agradáveis devem surgir para o gato, como comidas gostosas, atenção e brinquedos de que ele goste muito.

Em qualquer situação, é sempre importante respeitar o tempo e espaço do gato. Caso ele esteja demorando a se enturmar com bebês ou crianças, deve-se ter paciência e persistência nas associações positivas, para que estas possam realmente surtir o efeito desejado.Finalmente, um cuidado rotineiro que pode fazer toda a diferença é manter as unhas dos gatos sempre aparadas, para que eventuais brincadeiras não gerem arranhões nas crianças.

Seguindo essas dicas, a convivência entre gatos e crianças da família tende a ser uma experiência muito rica e prazerosa para todos!

Mitos e verdades sobre o convívio com gatos durante a gravidez

Photo credit: fragment.fi / Foter / CC BY
Photo credit: fragment.fi / Foter / CC BY

Por Katia de Martino, adestradora da equipe Cão Cidadão.

Trata-se de um assunto muito polêmico e é de extrema importância desmitificá-lo. Muitos médicos pedem para as grávidas não conviverem com felinos durante a gravidez, pois o gato é o principal transmissor da toxoplasmose. Essa “recomendação médica” acaba sendo responsável por muitos casos de abandono desses animais.

Mas, será que essa atitude extrema é mesmo necessária? Os gatos podem, sim, transmitir a toxoplasmose, mas a doença só é transmitida através das fezes desses animais. Ou seja, a pessoa teria que ingeri-las para contrair a doença. Além disso, as fezes precisam estar em uma condição ideal de temperatura e por, no mínimo, dois dias no ambiente para que o oocisto (ovo da toxoplasmose) fique esporulado (só nesse estágio é que a pessoa contrai a doença). Portanto, um simples contato com o animal, com seu pelo ou até mesmo com as fezes ‘’frescas’’ são insuficientes para que qualquer pessoa contraia a doença.

Nossos amigos podem ser hospedeiros da doença caso comam carnes cruas de peixes, aves e outros. Portanto, cuide da alimentação de seu bichano. Dê apenas alimentos industrializados, como ração. Com isso, você evita que ele seja um hospedeiro.

A via mais frequente de transmissão da toxoplasmose para os seres humanos ocorre por meio da ingestão de carne crua ou mal cozida, além de verduras mal lavadas. Portanto, a melhor maneira de evitarmos a infecção é termos muita higiene, seja com o gato ou com a alimentação.

Espero contribuir para a diminuição dos casos de abandono causados pela falta de esclarecimento. Com alguns cuidados simples é perfeitamente possível que grávidas continuem convivendo com seus “bichanos”.

Gato: fim do medo do veterinário

Photo credit: Paul Rysz / Foter / CC BY
Photo credit: Paul Rysz / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Muitos gatos desenvolvem pavor de ir ao veterinário. Saiba como conseguir que eles se estressem menos nessas visitas

Exames comprometidos
Fica difícil dar bom tratamento a um gato com pavor de veterinário. Manuseá-lo e analisá-lo torna-se quase impossível. O pânico modifica os batimentos cardíacos, muda a freqüência da respiração e até altera o resultado de alguns exames de sangue.

Pavor perigoso
Nas campanhas gratuitas de vacinação, quando um gato é levado num saco por estar apavorado, costuma-se fazer a aplicação sem tirá-lo de lá, de tão difícil que é segurá-lo. É o jeito para evitar que escape ou morda e arranhe seriamente as pessoas, agitação que acabaria por deixar o felino ainda mais estressado.

Medo por associação
O sufoco pode começar antes da chegada à clínica, com o gato escondido, arisco e agressivo ainda quando está em casa. Isso acontece se ele associar com consulta veterinária os preparativos para a partida ou a caixa de transporte.

Motivos do pavor
Para grande parte dos gatos, perder o controle sobre o ambiente ou sobre uma situação é suficiente para entrar em pânico. O felino fica ainda mais assustado se for submetido a um procedimento que julgue perigoso, em ambiente não familiar. E o sofrimento dele aumenta com a dificuldade causada para ser segurado pelo médico-veterinário.

Situação ideal
As consultas veterinárias deveriam proporcionar momentos agradáveis e não de tortura para o gato. O ideal é que o proprietário e o veterinário tomem juntos os cuidados para evitar que a consulta cause trauma ou se torne uma experiência negativa para o felino.

Esse procedimento, mesmo que consuma um pouco mais de tempo, faz o gato oferecer menos resistência, o que é uma vantagem, pois permite ao médico-veterinário examiná-lo e tratá-lo melhor.

Alimentação aliada
A comida pode ajudar bastante a acostumar o gato a aceitar as situações diferentes e os procedimentos desagradáveis. Mas, para o alimento se tornar um aliado, será preciso que seja desejado pelo felino. Para intensificar o desejo, precisamos controlar a quantidade de ração que o gato ingere, zelando sempre para não deixá-lo abaixo do peso ideal.

Deixar o gato com comida disponível o dia todo prejudica o treino feito com uso de alimento. Atenção: um gato adulto não deve ser alimentado menos de duas vezes por dia.

Transporte sem medo
Acostume o gato a gostar de entrar na caixa de transporte. Alimente-o lá dentro freqüentemente. Quando ele começar a se enfiar nela espontaneamente, recompense-o com petisco. Aos poucos, comece a simular as etapas de ida para o veterinário. Antes de dar o petisco, simplesmente feche a porta da caixinha com o gato dentro. Na fase seguinte, dê o petisco só depois de erguer a caixa com o gato no seu interior, sacudindo-a levemente. Depois, leve-a para o carro, etc. Evolua etapa por etapa, sempre de maneira gradativa.

Aceitação de novos lugares
Para o gato se acostumar a associar um novo ambiente a uma situação agradável, comece a alimentá-lo em cômodos diferentes da casa. Depois, dê-lhe comida fora de casa, em locais diferentes. Se possível, inclua nessas variantes uma ou mais salas semelhantes às de clínicas veterinárias.

Manipulação por estranho
É possível habituar o gato a ser manejado por uma pessoa desconhecida. Para tanto, comece por segurá-lo firmemente por alguns segundos e recompense-o imediatamente ao soltá-lo. Aos poucos, aumente o tempo de restrição e aproveite para apalpar delicadamente cada pedacinho do corpo dele. Se o gato demonstrar um interesse contínuo pelo alimento oferecido, é sinal de que ele associa o procedimento a algo positivo e de que não está estressado demais.

Ao segurar o gato firmemente, tenha certeza de que não há como ele escapar. Se o gato perceber que existe possibilidade de fuga, ficará mais ansioso e esperneará cada vez mais. Para poder pegá-lo mais facilmente, caso ele saia das suas mãos, deixe-o com um peitoral durante os treinos iniciais. Nessa fase, convém também usar jaqueta jeans, para evitar arranhões nos braços e no peito.

Num estágio mais avançado, o ideal é contar com a ajuda de alguém que saiba segurar gatos corretamente, para verificar se o seu se deixa manusear por diferentes pessoas. Caso isso não ocorra, será preciso acostumá-lo a diferentes manejadores.

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