Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.
Você compra, ganha ou mesmo adota um cão, mas não gosta do nome dele. Você pode mudá-lo? Isso trará problemas ou desvantagens? Uma das dúvidas mais freqüentes dos proprietários é de como devem agir para fazer o cão entender que tem um novo nome, ou de como condicioná-lo a vir quando for chamado por esse nome.
Muitas pessoas que alteram o nome de cães adotados ficam surpresas com os resultados. Relatam que seus cães, além de terem aprendido o novo nome rapidamente, passam a impressão de gostar mais dele que do antigo. Por quê?
Alguns proprietários utilizam o nome do cão para dar broncas ou antes de puni-los fisicamente, o que resulta em uma associação negativa com o nome. Antes, toda vez que o seu cão ouvia aquela palavra (o nome dele), ele apanhava, ficava de castigo ou levava uma bronca – o nome, portanto, passou a ser algo desagradável para o cão. Quase sempre é mais fácil associar uma nova palavra com coisas agradáveis do que transformar o desagradável em agradável. Esse é o motivo que justifica e explica a troca de nomes. Se você não sabe como o cão foi tratado ou como seu nome foi utilizado, ou, pior, repara claramente que o cão tem medo do seu próprio nome, é aconselhável esquecer o nome antigo e ensinar-lhe um novo nome.
Se você já está tranqüilo quanto à troca, resta a pergunta: existe alguma restrição quanto aos nomes? É claro que o seu cão não vai entender o que o nome dele significa, mas evite nomes ridículos, que façam do bicho motivo de gozação, o que terá uma influência negativa em seu condicionamento. Isso é mais comum em campeonatos, quando o nome do cão é dito no microfone e pode gerar risos e repetições do nome que distraem o animal.
O bom nome, no entanto, deve ter outros requisitos além de não ser ridículo. Ele nunca deve ser semelhante a palavras de repreensão, de comandos ou mesmo a palavras freqüentes em uma conversação para evitar associações indesejáveis e confusões.
É importante ressaltar também as situações em que o nome pode ser utilizado. Alguns treinadores dizem que o nome deve ser usado em comandos de movimento, como “vem”, “busca”, “ataca”, por exemplo, e nunca em comandos parados, como “senta”, “deita” ou “fica”. Faz sentido? Sim, até certo ponto. Grande parte dos treinadores forçam os animais, com enforcador ou fazendo situações desagradáveis, para que eles sentem, deitem ou fiquem. Nesses casos, quando esses treinadores utilizam o nome do cão antes do comando, o animal passa a associá-lo com desconforto e deixa de gostar daquela palavra, prejudicando a relação com o dono. Já os comandos “vem”, “busca” ou “ataca” são geralmente feitos com prazer pelo animal, e por isso que alguns treinadores preferem só utilizar o nome somente nesses momentos.
Já para treinadores que empregam métodos que não envolvem punição, tal cuidado se torna inútil, pois o cão fará todos os comandos com prazer e qualquer associação com o nome será agradável.
Vale sempre lembrar que o nome do cão não deve ser usado no momento das broncas. Assim, evite chamá-lo pelo nome quando ele fizer algo errado. Ou seja, nada de “Fred… nããoooo!!!. Embora seja fácil de entender o motivo do conselho, costuma ser muito difícil colocá-lo em prática, já que muitas pessoas mencionam naturalmente o nome nas broncas. Tenha paciência e procure pelo menos diminuir a freqüência da utilização do nome do seu cão nas broncas.
Para terminar, um conselho sobre apelidos. Um apelido é como outro nome. Algum problema? Não. Cães são capazes de entender facilmente várias palavras que indicam a mesma coisa. Portanto, seguindo os cuidados acima, fique à vontade para escolher um apelido prático para seu cão.