Vida sexual dos gatos

Photo credit: andrewXu / Foter / CC BY-SA
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Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Reprodução e prazer
A gata só aceita copular quando está em condições de se reproduzir. Não quer dizer que ela não tenha prazer com isso, como muita gente costuma pensar. Mas, por influencias hormonais, só tem vontade de cruzar e de sentir prazer com a cópula nos períodos em que se encontra “fértil”. Já o macho está disposto a cruzar o tempo todo e o desejo dele aumenta diante das fêmeas no cio.

Cio fisicamente discreto
Os gatos tornam-se aptos a se reproduzir em torno do quinto e do nono mês de vida. É quando ocorre o primeiro cio da fêmea. Nas gatas, as alterações físicas são menos evidentes do que nas cadelas. A vulva não fica inchada e nem há sangramento. Mas normalmente surgem alguns comportamentos atípicos ou intensificados, como a gata se esfregar em pessoas, em outros gatos ou em objetos; miar freqüentemente; ficar ansiosa e agitada; parar de comer; querer sair e arrebitar o traseiro quando acariciada. Ela pode também montar em gatos ou gatas e até estimular fêmeas a montá-la.

Na presença desses comportamentos, muitos proprietários acreditam que a gata está com problema e chegam a levá-la ao veterinário. Outras fêmeas alteram tão pouco o comportamento durante o cio que os proprietários só se dão conta do que aconteceu quando elas já estão prenhes!

Monta sem sexo
A monta, ou seja, o ato de um gato subir em cima do outro como se estivesse pronto para cruzar, deixa muitas pessoas embaraçadas, principalmente quando ocorre entre duas fêmeas ou dois machos. Gatos montam uns nos outros também para brincar e, em alguns casos, para subjugar o competidor, como o cão dominante faz com o submisso.

Ovulação sem desperdício
A ovulação só ocorre quando a gata acasala. Dessa maneira não há “desperdício” de óvulos. Estudos mostram que, sem penetração, a gata não ovula, nem mesmo quando um macho monta nela. O óvulo liberado tem, portanto, destino certo — ser fecundado por espermatozóide já presente no sistema reprodutivo da gata.

Sexo “selvagem”
O ato sexual dos gatos costuma assustar ou surpreender algumas pessoas e proprietários, já que acontece com uma certa agressividade. O macho morde a “nuca” da fêmea e posiciona-se em cima dela. A penetração e a ejaculação ocorrem rapidamente, em apenas alguns segundos. Assim que o gato retira o pênis, a fêmea dá um miado forte e o ataca! Após algum tempo, ela pode se oferecer novamente ao mesmo macho. E, em um período de 24 horas, copular várias vezes.

Variações na libido
Há grandes variações em relação à libido dos gatos machos, tanto entre raças como entre indivíduos. O gato com baixa libido pode não se interessar por fêmea no cio ou desistir rapidamente diante de qualquer resistência dela. Às vezes, um gato “submisso” não demonstra interesse pela fêmea até a retirada do gato mais “dominante”.

Curiosamente, a erva chamada cat nip pode estimular sexualmente os gatos. Recentemente, ao treinarmos alguns deles para um comercial, lançamos mão do uso de tal erva e tivemos que parar temporariamente o treino, pois quase todos os gatos começaram a cruzar, mesmo estando no estúdio!

Escolha de parceiros
Em ambiente natural, a fêmea pode escolher o macho com quem quer acasalar. Uma das técnicas utilizadas por ela é simplesmente esperar um pouco e deixar o gato mais forte espantar ou inibir os outros. Dessa forma, a gata procria com o macho poderoso, capaz de dominar um grande território.

Um experimento científico conduzido na Inglaterra demonstrou, por meio de testes de DNA, que raramente as fêmeas domésticas com filhotes haviam cruzado com o gato da casa quando tinham acesso a outro pretendente. E, na maioria dos casos, os proprietários nem sequer imaginavam que os filhotes não eram do gato macho deles!

O que há por trás das brincadeiras dos gatos?

Photo credit: Horia Varlan / Foter / CC BY
Photo credit: Horia Varlan / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Por que o gato brinca?
As brincadeiras do gato podem ter diversos motivos. Uma de suas utilidades é essencial: a simulação de caçadas. Trata-se de uma excelente maneira de o fato estar bem preparado para a captura de presas, atividade na qual o erro pode custar ficar sem uma refeição.

Desde filhote, o gato treina aproximações silenciosas e sorrateiras. Seus movimentos lentos, aprimorados para surpreender a presa, contribuem também para a tão admirada elegância felina. Entre os exercícios típicos, estão explorar o ambiente, agarrar bichinhos e observar atentamente suas reações, esconder-se atrás de objetos e tentar dar o bote no melhor momento.

Experiências como essas, praticadas continuamente, ajudam o gato a identificar as particularidades de cada tipo de presa e a se adaptar melhor às novas situações. Quando especializado em caçar lagartos, por exemplo, o gato desenvolve técnicas bem diferentes das que utiliza quando se dedica principalmente à captura de passarinhos.

Brincando, o filhotes adquire suficiente habilidade para ganhar independência do leite materno, alimento que em pouco tempo se torna indisponível. Depois disso, a prática continua e o comportamento vai sendo aperfeiçoado. Aumento assim o aproveitamento das oportunidades e fica cada vez mais difícil, para as presas, conseguir escapar do felino.

Por meio das brincadeiras, é feito também o aprendizado de técnicas para enfrentar situações de luta. Sem levar mordidas nem arranhões, sofrimentos inevitáveis nas brigas de verdade, o gato aprimora o ataque e a defesa, avalia a própria força e estima a capacidade dos possíveis adversários, obtendo mais condições de saber quando é melhor partir para a brida ou sair correndo.

As brincadeiras, ainda, estreitam laços afetivos com o grupo, se o gato convive com outros exemplares. Todo esse aprendizado desenvolve os comportamentos adaptativos, fundamentais por contribuírem para a sobrevivência e a reprodução da espécie.

Instinto e aprendizado
Será que os gatos têm noção da importância das brincadeiras para eles? Na verdade, em grande parte, eles são estimulados a praticá-las pela programação genética. Que modela o aprendizado recompensado com sensações de prazer casa movimento correto realizado. Quando o gato não consegue capturar a caça, apesar de perder uma oportunidade para sentir o prazer de ingerir alimento, sente o prazer de estar caçando. Graças a isso, fica menos frustrado com o insucesso e não pára de se exercitar. Assim, em pouco tempo, sua técnica evolui muito.

Efeitos da concentração
Enquanto caça, o gato se concentra totalmente na atividade. Grande parte do cérebro dele fica ocupada na percepção de cada movimento da presa, sem se deixar atrapalhar por estímulos como sons, plantas que se mexem ao vento, irrelevantes para ele naquele momento.

A concentração é tanta que, ao puxarmos um fiozinho, ficamos com a impressão de desaparecer para o gato, que resolve atacá-lo como se não tivéssemos relação alguma com o fio. Estudos mostram que, de tão concentrado que o gato fica enquanto caça, ensurdece momento antes de dar o bote. É diferente do que ocorre com cães. Eles costumam caçar em grupo, precisando estar atentos ao mesmo tempo à presa, que tentam cercar, e aos companheiros.

Relaxamento e teste de estresse
O fato de o gato estar ou não disposto a brincar serve para indicar como anda o estado emocional dele. Um possível sinal de estresse é ele deixar de brincar. Quando uma situação é interpretada pelo gato como ameaça à sua sobrevivência imediata, ele se concentra nela e deixa de brincar. Se essa recusa se prolongar, é preciso avaliar e tentar eliminar a causa – o estresse contínuo pode provocar mal físico e psicológico ao gato.

De outra parte, quando ele aceita brincar, pratica uma atividade que o ajuda a relaxar as tensões. Já que brincar é tão importante para o bem-estar do gato, no próximo artigo darei dicas de como brincar com ele e, também, de como testar suas habilidades na caça.

Gatos devem ser livres?

http://foter.com/f/photo/169329862/b3b297c7a9/
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Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Um dos temas mais discutidos na internet, em comunidades do mundo inteiro, é a conveniência ou não de deixar o gato sair de casa para dar suas voltas. Diversos enfoques são levados em conta, mas não encontrei consenso quanto à melhor atitude a tomar. Neste artigo procuro discutir os diversos aspectos envolvidos na questão.

Situação atual
A maioria dos gatos que mora em casa tem livre acesso à rua, pelo menos em determinado período do dia. Noto que, tanto no Brasil como em diversos outros países, o hábito de deixar o gato passear é tão comum que portinholas para sair e entrar são itens normais em catálogos de produtos para pets. Privar o gato da liberdade é uma grande responsabilidade, principalmente se ele for bastante ativo e explorador. Alguns gatos, impedidos de sair por viver em apartamento, acabam se machucando e até morrendo ao pular de prédios. Esses acidentes, que poderiam ser evitados se os proprietários colocassem tela nas janelas, são um bom indicativo da grande motivação felina para explorar novos locais.

De outra parte, apesar de comum, a permissão de livre acesso à rua expõe o gato a diversos perigos, além de ser uma atitude polêmica sob o ponto de vista comunitário, já que, diversas doenças e parasitas podem ser espalhados pelos gatos andarilhos. É fato também que os não castrados acasalam com facilidade, contribuindo assim, para aumentar a quantidade de animais abandonados.

Refletir sobre as consequências de cada opção fica mais fácil quando levamos em conta os vários aspectos envolvidos.

O prazer da liberdade
Os gatos são animais exploradores, caçadores e curiosos. Parte deles estando em liberdade, anda mais de dois quilômetros por dia, caçando dezenas de insetos, pássaros e outros animais. Outros, mesmo tendo a possibilidade de sair, preferem desfrutar da segurança e do conforto que a casa oferece. A variação comportamental decorre de características de cada raça e de cada indivíduo. Os indivíduos mais calmos e menos ativos são os que costumam ser mais caseiros.

Efeito da castração
Na maioria dos casos, a necessidade de defender o território e de explorar o ambiente em busca de parceiros sexuais diminui consideravelmente com a castração. Também diminui a chance de um gato castrado saltar da janela de um prédio. Talvez possamos concluir que a adaptação de um gato a espaços restritos torna-se mais tranquila se ele for castrado.

Não é verdade que a castração deixa o gato preguiçoso e desestimulado. Muitas vezes, a energia antes gasta em busca de parceiros sexuais passa a ser utilizada para brincar e interagir com o proprietário.

Perigos e acidentes comuns
Por mais esperto que o gato seja, viver em liberdade, principalmente em cidades, envolve riscos. Diversos proprietários que agora restringem o acesso à rua já perderam um gato de maneira trágica.

O acidente mais comum é o atropelamento. Mesmo que o gato more numa rua calma, se ele for um dos que andam bastante, pode chegar a lugares mais movimentados.

Envenenamento é outro perigo. Seja por ingerir veneno colocado para matar ratos, por contaminação com produtos químicos ou como vítima de uma ação proposital. Se não bastasse, o gato também pode ser atacado. A grande maioria dos cães não permite a entrada de gatos em seu território e adora persegui-los.

Problemas com a vizinhança
Muitas pessoas se consideram desrespeitadas quando vêem sua propriedade invadida por um animal de outra casa. O incômodo e a irritação aumentam quando alguém encontra um gato de terceiros dormindo em cima de seu carro ou tentando caçar passarinhos e agarrar peixes do aquário de sua casa. Uma pessoa que conheci teve alguns de seus peixes Betas roubados por um gato invasor – e no quintal havia um Dogue Alemão que odiava gatos!

Conclusão
Acho importante levar todos esses pontos em consideração. E, caso a escolha seja por privar o gato da liberdade de passear, devemos proporcionar a ele brincadeiras e enriquecimento ambiental. Criar, enfim, situações estimulantes. Na matéria “Aumente o bem-estar do seu gato”, da revista Cães e Cia 286, há sugestões interessantes nesse aspecto.

Castração do gato e efeitos sobre o comportamento

Photo credit: marco monetti / Foter / CC BY-ND
Photo credit: marco monetti / Foter / CC BY-ND

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Por que castrar?
A cirurgia de castração ou esterilização está se tornando cada vez mais comum. Nos Estados Unidos e na Inglaterra, por exemplo, é raro encontrar gatos de estimação que não tenham sido castrados. A castração, por impedir que o animal se reproduza, tem sido divulgada por ONGs e por governos como uma das melhores maneiras de controlar o excesso de animais e, conseqüentemente, diminuir o abandono.

Essa cirurgia também tem sido recomendada para evitar problemas comportamentais. Apesar dessas vantagens, no Brasil existe ainda bastante resistência à esterilização. Alguns proprietários temem o perigo da anestesia, outros acreditam que o animal perde a personalidade ou se torna gordo e preguiçoso. Embora alguns medos possam de mitos ou referem-se a problemas que podem ser solucionados de maneira prática e fácil. As principais dúvidas sobre a castração e seus efeitos sobre o comportamento serão aqui discutidas.

O que muda?
Pela castração ou esterilização se retiram os testículos dos machos ou os ovários e o útero das fêmeas. Com isso ocorre a interrupção da produção de hormônios sexuais, o que pode alterar os comportamentos influenciados por eles, além de pôr fim à produção dos espermatozoides e dos óvulos.

Riscos
Com a evolução da medicina veterinária, tornou-se raríssimo perder um animal por causa da castração. As chances de ocorrer problema durante ou após a cirurgia se reduzem ao mínimo se forem feitos exames prévios de sangue e de coração, principalmente se houver suspeita de doença, se a anestesia for inalatória e se o animal não estiver obeso. Por isso, procure seguir corretamente todas as dicas do seu veterinário. A recuperação costuma ser bastante rápida, levando no máximo alguns dias.

Assim como se pode dizer que há sempre risco numa cirurgia, por menor que seja, há também risco se a cirurgia não for feita. Com a presença dos hormônios sexuais no organismo, os machos não castrados estão mais sujeitos do que os castrados a desenvolver câncer de próstata e nos testículos (o castrado não tem mais testículos) e as fêmeas, infecção no útero e câncer de mama (quando a esterilização ocorre antes do primeiro cio, a chance de desenvolver esse tumor é muito menos, próxima a zero).

Ganho de peso
É possível que a esterilização aumente a tendência de o gato engordar. Com a redução dos hormônios sexuais, ocorrem alterações metabólicas e elas podem contribuir para o acúmulo de gorduras. Uma das possíveis decorrências é o metabolismo ficar mais eficiente, e o gato engordar.

Uso de produtos veterinários
Devemos sempre levar em consideração o sofrimento psicológico e os possíveis traumas que alguns procedimentos podem causar. Às vezes, é preferível anestesiar ou sedar o gato antes de submetê-lo a algo muito estressante. Nesse caso, peça orientação ao veterinário sobre o medicamento e a dose a serem utilizados.

Gato: manejo inteligente evita estresse

Photo credit: Tomi Tapio / Foter / CC BY
Photo credit: Tomi Tapio / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Dar banho, cortar unhas, escovar pelos ou dentes, limpar ouvidos e olhos são alguns entre tantos procedimentos que efetuamos rotineiramente com o gato. Mas nem todas essas rotinas agradam o nosso felino. Algumas delas são capazes, inclusive, e gerar traumas e de modificar permanentemente seu comportamento.

Do ponto de vista psicológico, todo cuidado no manejo do gato é pouco. Se ele for medroso ou arredio, qualquer procedimento que o imobilize poderá causar estresse e desconforto, prejudicando seu bem-estar e colaborando para fazê-lo se sentir inseguro em relação aos humanos. Atividades de rotina podem se tornar traumáticas se causarem sofrimento, como acontece quando, por falta de atenção, a unha é cortada demais.
Apresentamos aqui algumas dicas que, incorporadas ao dia-a-dia, ajudam a reduzir o estresse do gato durante o manejo.

Escapar das mãos, nunca!
Manter o gato imóvel é uma necessidade comum à maioria dos procedimentos. Mas a tarefa não é fácil. O felino pode escapar das nossas mãos por motivos como se sentir apertado demais, ficar inquieto com a demora do procedimento ou, simplesmente, porque não o estamos segurando direito. Se não tivermos o controle absoluto sobre os movimentos dele enquanto o temos nas mãos, ele poderá nos machucar e ficar estressado em tentativas de fuga. Além disso, basta o gato sentir que controla parcialmente a situação para tentar se defender e reagir cada vez mais, até escapar.

Depois de ter obtido sucesso numa tentativa (ou de achar que teve sucesso), mesmo que consigamos segurá-lo logo em seguida, sentirá recompensado e poderá tentar fugir sistematicamente. Por tudo isso, devemos segurar muito bem o gato e só soltá-lo quando estiver sem espernear, submisso ao nosso controle.

O modo correto de segurar o gato é não deixar inteiramente livre nenhuma perna nem a cabeça, para não serem usadas em tentativas de defesa ou de escape. Quanto mais firme o segurarmos, melhor, desde que ele se sinta o mais confortável possível e não seja apertado demais.

Aja com naturalidade enquanto estiver com o gato nas mãos e peça às pessoas que se aproximam que também ajam desse modo. Quando o fato vê alguém assustado, pode sentir insegurança e fazer esforço adicional para escapar. Quanto mais assustado e nervoso ele estiver, mais propenso ficará a sentir dores e a desenvolver traumas durante os procedimentos.

Procedimentos agradáveis
Se cada vez que o gato for seguro com firmeza acontecer algo desagradável, ele tenderá a correlacionar os fatos e a criar dificuldades sempre que for preciso segurá-lo daquele jeito. Relacionar cada etapa dos procedimentos a um acontecimento positivo facilita obter a cooperação do gato. Por exemplo: quando o segurar com firmeza, lhe dê um petisco. Faça um carinho ao colocar o remédio de ouvido perto dele. Quando ligar o secador, brinque com o gato. E assim por diante. Isso ajudará a mantê-lo calmo por mais tempo durante os próximos procedimentos.

Procure falar sempre de maneira calma e carinhosa com o gato enquanto o manipula. Se ele for daqueles que aceitam petiscos nessas ocasiões, ofereça-os. Principalmente nos momentos mais críticos, como no instante em que é cortada a unha.

Um modo de avaliar o estresse do gato é observar o apetite dele. Normalmente, se ele estiver muito assustado, recusa qualquer alimento, por mais gostoso que seja.

Sem demoras
Se possível, divida em etapas os procedimentos demorados, para permitir que o gato relaxe nos intervalos. Sessões para corte de unhas, escovação dos pelos ou dentes não precisam ser interruptas. Fazer intervalos consome mais tempo do tratador, mas o manejo se torna muito mais tranqüilo para o gato.

Acostumar desde filhote
É sempre mais fácil habituar o gato filhote a ser manuseado do que o adulto. O procedimento pode ser realizado com freqüência maior do que a necessária para acostumá-lo bem. Mas mesmo que o gato tenha sido habituado a determinado procedimento, poderá passar a recusá-lo se numa das execuções ficar assustado ou traumatizado.

Uso de produtos veterinários
Devemos sempre levar em consideração o sofrimento psicológico e os possíveis traumas que alguns procedimentos podem causar. Às vezes, é preferível anestesiar ou sedar o gato antes de submetê-lo a algo muito estressante. Nesse caso, peça orientação ao veterinário sobre o medicamento e a dose a serem utilizados.

Quando nosso companheiro felino envelhece

Photo credit: lukeroberts / Foter / CC BY
Photo credit: lukeroberts / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Mais cedo ou mais tarde, o peso da idade se manifesta no gato. Saiba como o processo evolui e veja as dicas de Alexandre Rossi para proporcionar melhor qualidade de vida ao bichano nessa fase.

Gatos vivem uns 15 anos. Normalmente, o envelhecimento se torna perceptível a partir dos 12 anos de idade. A aparência pouco muda, mas ocorrem alterações gradativas de comportamento (se forem bruscas podem significar doença; na dúvida, consulte um médico-veterinário).

As mudanças típicas do envelhecimento podem ser sutis a ponto de demorar bastante para serem percebidas. De repente, nos damos conta de que o gato parou de pular nos móveis mais altos ou que parece não estar mais enxergando ou ouvindo tão bem. E só aí fica evidente que o tempo passou…

Observar atentamente é a maneira que todo proprietário tem para detectar, desde início, as alterações comportamentais do gato idoso. Com esse procedimento é possível minimizar dificuldades na rotina diária do felino e prevenir complicações se houver problema de saúde.

Estímulos e proteção
É normal que o ritmo do metabolismo do gato diminua com a idade. Com isso, ele dorme mais e precisa de menos alimento. Há também a redução da acuidade dos sentidos, diminuindo a sensibilidade nos aromas e reduzindo o prazer de comer. Uma dica é preservar ao máximo o odor da ração mantendo-a em potes hermeticamente fechados. Para tornar mais perceptível o cheiro de comida úmida guardada em geladeira, aqueça-a antes de servir. Evidenciar o aroma facilita também a aceitação de alimento diferente do habitual. Outro cuidado é deixar sempre o gato velhinho dentro de casa. Isso é ideal para evitar que ele apanhe de outros gatos, se envolva em acidentes ou seja atropelado.

Ambiente Amigável
Leve em conta que o gato, para não mostrar fraqueza, é especialista na arte de disfarçar dores e dificuldades. Ao mesmo tempo, à medida que os anos passam, ele fica mais sujeito a problemas de locomoção e se torna menos ágil.
Por isso, aconselho que, a partir dos 12 anos, seja proporcionado ao gato um ambiente adequado a restrições físicas, mesmo que não haja sinais delas. Esse ambiente deve se caracterizar pelo aconchego e pela facilidade de acesso. É preciso também que os potes de água e de comida, bem como a caixa de areia e o que mais for essencial para o gato, sejam alcançados com facilidade. Cuide, ainda, para que o local esteja protegido de outros animais que possam importunar.

Resguardo de mudanças
Sempre que móveis são arrastados ou mudados de posição, mantenha o gato que chegou à velhice num ambiente menos, longe de confusão, para não aumentar a insegurança dele. Ponha nesse refúgio temporário tudo que lhe for essencial. E só o deixe sair após o término da faxina.

O hábito, bastante comum, de introduzir em casa um cachorrinho ou outro gatinho para ficar com o gato quando ele se torna mais velho não é boa idéia. As mudanças causadas pela chegada de um animal podem prejudicar o bem-estar do gato idoso nessa fase, apesar dos benefícios que um companheiro pode proporcionar.

Auxílio com a higiene
Se o gato era capaz de se manter perfeitamente limpo por conta própria e começar a mostrar dificuldade para se limpar, ajude-o. Sempre que for necessário, faça uma boa escovação dele.

Problemas comuns
Há alguns males comuns em gatos mais velhos. Perceber no começo a manifestação de uma doença fica mais fácil quando se está atento aos sinais de mudança. Outra maneira é submeter o gato a checapes veterinários periódicos. Sintomas como perda de peso e aumento no volume de urina podem significar diabete. O aumento das atividades é um dos sinais de hipertireoidismo. Também são freqüentes problemas com os dentes dos animais de estimação, já que é raríssimo encontrar pessoas que realmente os escovam.

Resumo
– Observar o comportamento do gato pode ajudar a perceber se ele está com problema de saúde.
– A partir de 12 anos de idade, os gatos podem mostrar sinais de envelhecimento.
– Evite que o gato vá para a rua, pois poderá se envolver em acidentes mais facilmente.
– Evite mudanças drásticas na casa e na rotina do gato.
– Ajude-o na higiene.
– Esteja atento a sinais de doenças como o hipertireoidismo e a diabete.

Gatos são animais antissociais?

Photo credit: zaimoku_woodpile / Foter / CC BY
Photo credit: zaimoku_woodpile / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

O gato doméstico é considerado por muitos um ser antissocial, capaz de se apegar somente ao território. Mas a grande maioria das pessoas que tem gato não concorda com essa ideia e defende a sociabilidade dos felinos com unhas e dentes. Quem está certo? Rossi fala da sociabilidade felina e de como influenciá-la

Como filhote de felino selvagem
Da mesma maneira que pode ser útil estudar o lobo para entendermos o cão, o felino selvagem pode nos ajudar a compreender melhor o gato doméstico. Diferentemente da maioria dos animais domésticos, o gato sofreu poucas alterações morfológicas e, provavelmente, poucas alterações comportamentais durante a sua domesticação. Estudos genéticos comprovam que o gato doméstico manteve grande parte das características selvagens de seus ancestrais. Acredita-se que o gato doméstico adulto seja mais sociável que o felino selvagem adulto por manter comportamentos de filhote de felino selvagem, como ronronar e movimentar as patas como se estivesse mamando.

Sociabilidade sem contato humano
Se o gato doméstico fosse um animal estritamente anti-social, seria de se esperar que, sem a influência humana, fosse completamente solitário. Mas não é o que se observa. Grande parte dos gatos, principalmente as fêmeas, reúne-se em grupos. Nessa situação, os cuidados na criação dos filhotes são compartilhados e, com isso, aumenta a chance de eles sobreviverem, conforme comprovam estudos científicos. Outro vínculo é o estabelecido por alguns gatos que formam duplas. Eles caçam em áreas próximas, brincam e dormem juntos. Esse vínculo, que acontece sem interferência humana, pode ocorrer entre machos, fêmeas e entre um macho e uma fêmea. Quando uma dupla é separada, alguns gatos param de se alimentar ou procuram o parceiro por vários dias.

A relação entre gato e ser humano
O gato se mostra mais independente do que o cão em relação aos humanos. Não é comum ver um gato seguindo uma pessoa como faz o cão, por exemplo. Alguns cientistas defendem a idéia de que os gatos se relacionam com o ser humano como se ele fosse outro gato. Nessa relação não existiria a subordinação comum ao relacionamento do cão com o homem. O gato trataria o ser humano como um igual. É interessante observar que não é possível estabelecer uma regra geral para a relação do gato com o homem, já que existem numerosos fatores que podem influenciar essa relação, tornando-a mais próxima ou mais distante.

Período crítico
O que ocorre entre a segunda e a sétima semana de vida do gato – período de sociabilização primária – influi profundamente no comportamento dele por toda a vida. É nessa fase que o gato deve ser socializado, aprendendo a conviver com o ser humano e com os animais com que terá contato a vida toda. Gatos podem desenvolver um bom convívio até com ratos!

Após o período de sociabilização primária, o gato apresentará uma grande dificuldade para interagir socialmente com qualquer outro animal a cuja convivência não tenha sido exposto.

Sociabilização com estranhos
Se quisermos que o gato seja sociável com estranhos devemos habituá-lo a diversas pessoas e não somente a seus proprietários. Estudos científicos demonstram que gatos que no período de socialização conviveram com apenas uma pessoa tendem a ser tolerantes com aquela pessoa específica, enquanto que gatos expostos nessa fase à convivência com quatro ou mais pessoas tendem a aceitar e interagir com qualquer estranho. Também influencia o comportamento dos filhotes a maneira como a mãe reage na presença de estranhos. Se ela foi bem sociabilizada, sua influência tende a ser positiva.

Tempo de interação
O comportamento do gato é influenciado bastante pelo tempo que foi manuseado durante a fase da sociabilização. Se ele recebeu apenas 15 minutos de manuseio por dia naquele período, provavelmente não procurará contato prolongado com os seres humanos. Já o contato tende a ser maior e o gato dorme mais facilmente no colo das pessoas se foi manuseado por mais de uma hora diária.

Efeito da personalidade
Cada gato é um indivíduo e pode reagir e se comportar de maneira diferente, mesmo tendo tratamento idêntico. Gatos mais tímidos precisam ser mais bem sociabilizados do que os mais extrovertidos. Grande parte da personalidade do gato é influenciada geneticamente. Portanto, o comportamento futuro dos filhotes também decorre do temperamento dos pais.

Gatos podem e devem ser educados

Photo credit: Tommie Hansen / Foter / CC BY
Photo credit: Tommie Hansen / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Pouco se comenta sobre educação de gatos. Há quem diga, inclusive, que é impossível adestrá-los. Mas, ao contrário do que se imagina, é possível modificar vários comportamentos dos felinos em geral com técnicas de adestramento

Quem é contra educar gatos?
Um dos motivos que leva as pessoas a escolher determinado animal de estimação é a admiração por ele. Quem valoriza a liberdade e a independência encontra essas atitudes no gato, podendo se apaixonar por ele mais facilmente. Mas pode também pensar que o adestramento prejudicará a independência e a liberdade do felino, tirando a espontaneidade dele ou transformando-o em robô. Educar ou adestrar um gato não causa esses efeitos. Mesmo porque não dá para garantir que o gato educado não venha a apresentar comportamentos indesejados.

Educação dá mais liberdade
Se um gato não comer plantas, não demarcar a casa com xixi e não arranhar os móveis, poderá circular sem restrições por todos os ambientes. Sua liberdade será maior do que a do gato menos educado, já que não haverá necessidade de confiná-lo para evitar danos à residência.

Punir com técnica adequada
Ao educar o gato, devemos ter o cuidado de não associar as punições com a nossa presença. Se isso acontecer, poderemos deteriorar a relação com o felino. Diferentemente dos cães, os gatos não estão psicologicamente preparados para lidar com punições provenientes de seu líder. A estrutura social de ambos é diferente. Por isso, o adestramento não deve ser feito da mesma forma.

Se o gato relacionar castigo com uma pessoa poderá passar a evitá-la ou, em alguns casos, a até atacá-la. Procure despersonalizar as punições, sempre que for possível.
Um método é causar desconforto à distância, de modo que o gato não o atribua a alguém. Por exemplo, colar sobre a geladeira uma fita de dupla face para, quando o gato pisar nela, se sentir desconfortável e não subir mais lá.

Outro método é o de assustar o gato para interromper uma ação. Espirrar água no focinho dele, por exemplo. Ao fazer isso, é preciso tentar parecer indiferente ao gato, para reduzir as chances de ele responsabilizar quem está apertando o spray.

Compreender o comportamento
É mais fácil corrigir o gato quando se proporcionam alternativas que satisfaçam a motivação causadora do comportamento indesejado. Um caso é o do gato que arranha móveis. Provavelmente, ele estará fazendo isso por precisar afiar as unhas ou para demarcar o território. Nesses casos, espalhar arranhadores pela casa e motivar o gato a usá-los tornará mais fácil evitar que ele arranhe outros objetos.

Não estimular o indesejado
Muitos comportamentos se repetem porque são recompensados, mesmo que não estejamos nos dando conta disso. É o que acontece quando o gato acorda alguém miando e a pessoa lhe dá, em seguida, carinho ou alimento. Esse “prêmio” motivará a repetição dos miados todas as manhãs.

Diante de um comportamento indesejado, leve em consideração a possibilidade de o gato estar sendo motivado por algum tipo de recompensa. Se isso estiver acontecendo, inclua a interrupção daquele reforço na estratégia para corrigir o comportamento.

Premiar o comportamento desejado
Devemos premiar o gato sempre que ele apresentar um comportamento desejado que poderia substituir o indesejado. Se ele costumar derrubar vasos, por exemplo, e for visto se entretendo com brinquedos é importante premiá-lo. Estimular o comportamento desejado resultará na repetição do que é aprovado.

Premie o gato dando a ele algo que o agrade. Fale carinhosamente com ele, ofereça um petisco ou faça carinhos. A recompensa deve acontecer o mais rápido possível em seguida ao comportamento correto, para facilitar a associação de idéias.

Resumo
. Gatos (e felinos em geral) são adestráveis
. Gato educado ganha mais liberdade – pode circular mais livremente pelos ambientes da casa
. Não faça agressões ou ameaças para controlar o felino
. Modifique o ambiente para que as atitudes positivas do gato sejam reforçadas e as atitudes negativas punidas
. Tome cuidado para o gato não relacionar punições com você

Encontros noturnos de gatos: saiba o que são e como funciona

Photo credit: OiMax / Foter / CC BY
Photo credit: OiMax / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Muitos proprietários que mantêm solto o gato sabem apenas parte do que o bichano faz quando dá suas voltas por aí. Alguns felinos, além de caçar, passear, namorar e demarcar território, saem para participar de “reuniões”. A versão mais barulhenta desses eventos já foi retratada em filmes e desenhos animados, nos quais vemos diversos gatos reunidos e pessoas irritadas jogando água ou objetos neles para silenciá-los.

Em geral, os encontros entre felinos são feitos à noite. É quando o ambiente está mais tranqüilo e os gatos, mais ativos. Poucos sabem o que de fato acontece nessas reuniões. Para entender melhor o assunto, é importante conhecermos a natureza territorialista dos felinos.

Defesa de território
Os gatos procuram manter afastados os competidores, principalmente os outros gatos, para diminuir a necessidade de disputa por alimentos e por parceiros sexuais. Essa postura territorial é mais evidente nos machos, mas ocorre também com as fêmeas.

Obter os benefícios de ser o dono do território tem seus custos. O gato que o defende, além de precisar de tempo e energia para manter os intrusos distantes, está sujeito a ferimentos resultantes dos conflitos. E o gato agressor, por sua vez, se arrisca a ser ferido e a nada ganhar com isso, se a tentativa de conquista for frustrada.

Assim, em alguns casos, os gatos preferem se tolerar e compartilhar o mesmo território a ficar brigando por ele.

Elite com circulação livre
É nas reuniões que os gatos de um mesmo território se mantêm em contato. Desses encontros só participam vencedores. Os mais fort es, os bons de briga e os corajosos formam um grupo cujos “sócios” se concedem a regalia de circular pelo território comum, sem ser hostilizados um pelo outro.

Resistência a novatos
Como além de sócios esses gatos são competidores, para eles quanto menor for o grupo, melhor. Por isso, os gatos visitantes são mal recebidos. A rejeição começa com intimidações para o recém-chegado perceber que a área já tem dono. A maioria entende o recado e vai logo embora. Mas se algum gato visitante insistir em permanecer, a intimidação evolui para tentativa de expulsão. Nesse estágio, o novato poderá apanhar, levando mordidas e unhadas de um ou mais gatos.

Se depois de tudo isso, o pretendente insistir em continuar na área, poderá ser aceito pelos membros do grupo. Mas não necessariamente. Se a aceitação não vier, o gato novato terá de fugir constantemente dos gatos do grupo.

Expulsão de membro
Fazer parte do grupo não é garantia de que a posição está assegurada. Pelo contrário. Se alguns gatos suspeitarem que um dos sócios está enfraquecido, poderão aproveitar a ocasião para atacá-lo e, quem sabe, expulsar o colega e adversário.

Com a finalidade de evitar essa situação, os gatos tendem a disfarçar quando estão machucados ou sentem dores. Muitas vezes, enquanto não estão bem, se escondem para não mostrar fraqueza nem ter de duelar. E só voltam às reuniões depois de estarem recuperados, sentindo-se em condição de defender a posição deles.

O gato que retorna do pet shop perfumado e com lacinho pode entrar em apuro se for membro de uma dessas sociedades felinas. O cheiro e a aparência diferentes podem ser interpretados como uma fraqueza, possivelmente uma doença. Ao desconfiar de que ele esteja enfraquecido, os demais gatos poderão começar a desafiá-lo. Se o nosso gato estiver bem e for bom de briga poderá reconquistar o espaço, mas ficando sujeito a voltar para casa com arranhões e feridas.

Escassez e atritos
A escassez de alimento ou de fêmeas no cio pode aumentar os atritos durante as reuniões felinas. Nessas ocasiões, os gatos ficam mais dispostos a se arriscar para conseguir a diminuição da quantidade de competidores, e podem tentar expulsar alguns membros do grupo.

Apego entre gatos
Nem sempre um gato considera outros gatos como rivais ou competidores. Algumas raças, como é o caso do Persa, tendem a ser mais amigáveis. Exemplares que cresceram juntos, principalmente onde não há escassez de alimento, costumam desenvolver apego. Esse laço é, em geral, mais forte nos gatos castrados já que os hormônios sexuais aumentam a incidência das disputas, principalmente entre os machos.

Como evitar que o gato demarque o território

Photo credit: AZAdam / Foter / CC BY-SA
Photo credit: AZAdam / Foter / CC BY-SA

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Os gatos, como diversos outros animais, podem urinar e defecar para fazer demarcação do território e, assim, atrair parceiros sexuais, afastar competidores e reconhecer mais facilmente objetos e áreas novas. Essa prática, funcional para os gatos em determinadas circunstâncias, costuma produzir cheiro bastante desagradável para os humanos. Mas, felizmente, é possível evitar a demarcação adotando algumas técnicas.

Reconhecimento da demarcação
Ao contrário do que faz quando deseja simplesmente se aliviar, o gato não enterra as fezes e a urina ao demarcar. Para propagar melhor a sua sinalização, ele lança a urina de modo a espalhar bem o odor. Posiciona-se de costas para o alvo e lança um jato direcionado para trás – de um jeito que parece sair do ânus – atingindo facilmente as superfícies, tanto horizontais como verticais. A demarcação com fezes também ocorre, embora seja mais rara. O gato defeca sobre o local no qual deseja deixar a marca dele.

Efeito da castração
Pesquisas demonstram que cerca de 90% dos problemas de demarcação podem ser solucionados com a simples castração. Depois dela, diminui significativamente a concentração de hormônios sexuais no gato e as consequentes demarcações para atrair o sexo oposto e para afastar indivíduos do mesmo sexo.

Controle do território
Os gatos são obcecados pelo controle do território. Precisam conhecer cada pedacinho do espaço que lhes pertence. Por isso, quando o ambiente onde vivem é modificado, costumam ficar ansiosos. Sentem necessidade de analisar cuidadosamente o que possa significar perigo para eles – objetos, pessoas, animais e espaços desconhecidos.
Tudo o que é novidade, depois de demarcado, se torna mais facilmente reconhecível em futuras aproximações. Por isso, é comum gatos urinarem em bolsas e malas de visitas, em cortinas e sofás novos, etc.

Introdução de objetos dentro de casa, ou seja, no território do gato
Você pode ajudar a tornar menos assustadores para o felino os objetos recém-introduzidos na casa e, desse modo, evitar despertar nele o desejo de demarcá-los. Por exemplo, ao chegar um sofá novo, transfira para ele alguns cheiros conhecidos. Esfregue no móvel as suas mãos ou outra parte do corpo. Atraia o gato até a novidade – se precisar de ajuda, recorra a petiscos ou catnip, a erva do gato – e faça-o ter contato com o objeto de modo que o odor dele também fique impregnado ali.

A importância da boa sociabilização
Para tornar o gato mais confiante cada vez que estiver diante de uma nova situação, procure acostumá-lo desde filhote a ter contato com diversas pessoas, locais e objetos. Gatos pouco sociabilizados podem achar necessário demarcar sofás, janelas, revistas, etc., sempre que uma visita humana “invadir” o território deles.
Quando bem sociabilizado, o gato tende a aceitar com mais tranqüilidade as mudanças e novidades que ocorrem no habitat. Ou seja, tem menos necessidade de fazer demarcação cada vez que passa por uma situação nova.

Cuidado com a presença de outros gatos
O gato pode sentir que o território dele está ameaçado ao perceber nos arredores a presença de outro gato. A visita de um exemplar vindo da rua é capaz de fazer o gato da casa se desesperar e urinar por toda parte. Ver um outro gato pela janela- às vezes basta para ativar a demarcação. Mas olhar pelas janelas costuma ser um bom entretenimento para o felino — o bloqueio dessa possibilidade só deve ser adotado em último caso.

Como lidar com novos territórios
Estar num local desconhecido pode ser bastante assustador para o gato. Por isso, introduza-o aos poucos num novo espaço. Inicialmente, mantenha-o em cômodo pequeno, com água, comida e caixa sanitária, e vá “apresentando” gradativamente cada nova área. Ele estará pronto para iniciar uma nova inspeção quando demonstrar estar bem ambientado ao que já viu, ou seja, quando estiver comendo, descansando, urinando e defecando normalmente.

Hábitos antigos
Alguns gatos adquirem o hábito de demarcar periodicamente determinados objetos ou locais. Nesse caso, podemos dificultar o acesso aos alvos ou tentar torná-los desagradáveis para o gato. Fita adesiva de dupla face colada sobre uma superfície na qual o gato se apóia pode ser o suficiente para fazê-lo perder o interesse pelo local. Outra técnica é revestir com plástico um objeto habitualmente demarcado. Se a urina, ao ser espirrada, bater no plástico e respingar no gato, ele provavelmente ficará incomodado a ponto de abandonar o hábito.

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