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Usando o laser na comunicação com o cachorro

Photo credit: elisa416 / Foter / CC BY-ND
Photo credit: elisa416 / Foter / CC BY-ND

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Desde pequeno, Oliver, um cãozinho da raça Teckel, não atendia a chamados e nem parecia ligar para qualquer tipo de bronca. Seus donos experimentaram de tudo para educá-lo. Na tentativa de reprimi-lo, foram instruídos a mudar o tom de voz, a bater um jornal no chão, a gritar, mas nada adiantava. Oliver simplesmente abanava o rabo enquanto os familiares berravam com ele por ter feito coisa errada.

Cansada de ser ignorada por Oliver, Marina, a proprietária, resolveu tentar descobrir o que estava acontecendo. Levou-o a uma consulta com o veterinário e tudo ficou claro: o cão era completamente surdo.

Depois do susto causado pela notícia – ninguém na família imaginava que o problema estivesse relacionado à audição de Oliver – veio a pergunta: como educá-lo, já que não ouvia?

Havia a possibilidade de adotar a comunicação por gestos, mas isso só funcionaria quando Oliver estivesse olhando para quem pretendesse lhe dar comando, recurso insuficiente para educar um cão. Era exatamente quando estivesse entretido com uma peraltice ou se distraindo depois de fazer arte que Oliver deveria perceber a intervenção humana por meio de uma bronca, para deixar de repetir a má-criação no futuro.

Criando um novo sistema de sinais

Para obter comunicação eficiente com o cão sem o uso de mensagens sonoras, imaginamos adotar dois sinais luminosos. Um era a bolinha vermelha produzida pelas canetinhas a laser, para chamar a atenção do cão bem como direcioná-lo para lugares específicos. O outro consistia em piscar a luz branca de lanterna comum e associar o sinal ao significado repreensivo do “não”.

Para alegria geral, Oliver aprendeu em apenas cerca de 20 minutos a reagir às luzes. Púnhamos um petisco no chão, sem que ele visse, e movimentávamos a bolinha luminosa para conduzi-lo ao lugar onde estava o alimento, o qual funcionava como prêmio para estimular o cumprimento da missão. O “vem” foi treinado facilmente. Bastava apontar o laser para um local visível por Oliver e trazer o cão até nós pela bolinha luminosa. Assim que ele se aproximava, era recompensado com petisco.

Para relacionar a piscada de luz branca com o “não”, colocamos um prato em local acessível para Oliver e, quando ele vinha “roubar” a comida, o impedíamos e piscávamos a lanterna, ao mesmo tempo em que borrifávamos água na cara dele. A frustração de Oliver por não conseguir pegar a comida e o desconforto físico causado pela água provocaram o resultado desejado e a associação deu certo. Para Oliver desistir da idéia de “roubar”, passou a ser suficiente piscar a luz da lanterna quando ele se aproximava da comida.

Com a ajuda dos sinais luminosos, Oliver e seus donos vão aprender a se comunicar cada vez melhor e, quem sabe, inspirar outros donos de cães a fazer o mesmo.

Possibilidades do laser

As dicas aqui apresentadas podem ser aproveitadas com cães em geral, com ou sem problemas auditivos, e são adequadas para adoção por pessoas mudas. O laser permite também criar possibilidades como apontar com precisão objetos para ensinar o cão a buscá-los e treinar cães de guarda a vistoriar lugares indicados pela bolinha de luz.

Alguns cuidados com o laser

Vale lembrar que a bolinha vermelha produzida pelo laser pode deixar o cão “maluco”, tentando caçá-la. Quando isso acontecer, evite mover a luz rápido demais para estimular ainda mais a tentativa de caça, o que pode deixar o cão excitado demais e faze-lo perder a concentração, atrapalhando o aprendizado de comandos como o “busca” e o “vem”. Outro cuidado é não direcionar o laser para os olhos do cão, para não haver risco de prejudicar a visão dele.

Resumo das dicas

  1. O uso de sinais luminosos permite melhorar a comunicação com o cão. Canetinhas a laser são ótimas para apontar locais e objetos.
  2. A má-criação do seu cão pode estar associada a deficiências auditivas.
  3. Para ensinar o cão a seguir a luz do laser, esconda petiscos e aponte-os com a bolinha luminosa.
  4. Nunca direcione o laser para o olho do cão.
  5. Evite movimentos bruscos com o laser se o cão estiver tentando caçar a bolinha de luz.

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