Massageou seu gato hoje?

Photo credit: sethstoll / Foter / CC BY-SA
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Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Massagear o gato é uma prática que traz benefícios para ele e para o dono

Este é um procedimento que recomendo para todo dono de gato! A massagem presenteia o felino com momentos de prazer e de relaxamento.

Confiança e carinho
Durante a massagem, o gato associa o prazer que está sentindo com a presença, o cheiro e a voz do proprietário. Com o tempo, vai se deixando tocar em mais lugares, à medida que percebe não correr risco. Isso faz o gato confiar cada vez mais no dono e gostar cada vez mais dele.

Estresse e relaxamento
Uma massagem mais profunda é capaz de provocar um relaxamento ainda maior do que um simples carinho superficial. Mas, se o gato não estiver acostumado a esse tipo de interação, o efeito pode ser oposto, estressando-o ainda mais. Em situações tensas, portanto, só lance mão da massagem depois de o gato estar habituado a ser manipulado.

Incômodos e dores
Nossos bichos, infelizmente, não conseguem nos comunicar quando sentem dor. Para detectá-la, precisamos perceber sintomas como parar de comer, impaciência, agitação e, em alguns casos, agressividade.

Com os gatos essa percepção pode ser especialmente difícil, pois, instintivamente, eles disfarçam a dor e o desconforto para não mostrar fraqueza. O motivo é que ficam em situação de risco na natureza se os adversários perceberem que não estão bem ou que se encontram feridos.

Uma das técnicas dos médicos-veterinários para descobrir se o gato está sentindo dor é apalpá-lo. Ao ser pressionado no local dolorido, o gato tem reações que permitem saber da existência de problema e em qual região do corpo isso ocorre.

A limitação dessa técnica é não funcionar bem quando o gato está assustado, exatamente o que se espera que aconteça quando ele é apalpado por um desconhecido, fora de seu território.

Por meio de massagens diárias, podemos acostumar o gato à manipulação. Assim, será mais fácil submetê-lo a futuros exames. O proprietário conhecerá profundamente o corpo do gato, as reações típicas dele e os pontos mais sensíveis. Com essas informações, será possível dar uma importante ajuda ao médico-veterinário. O dono terá condições de fazer uma descrição precisa dos locais do corpo que, quando pressionados, fazem o gato reagir com sinais de dor. Também é esperado que o gato aceite com menos tensão o exame clínico do veterinário, pois estará acostumado a ser apalpado.

Como fazer a massagem
Existem várias técnicas para massagear gatos, descritas em livros, sites e DVDs, algumas, inclusive, patenteadas. Portanto, para quem quiser ir mais a fundo, há bastante conteúdo disponível por aí.

Mas não é preciso ser um expert para começar a usufruir os diversos benefícios da massagem animal. Seguindo algumas dicas gerais, você poderá praticar hoje mesmo em seu gato.

Tipo de massagem
Ao fazer carinho no gato, coloque um pouco mais de pressão nas mãos. Tente sentir o corpo do felino por baixo da pele – músculos, ossos e articulações. Concentre-se como se quisesse descobrir cada pedacinho dele, sem deixar despercebida qualquer parte do corpo.

Tempo, local e posição
É importante que o momento da massagem seja prazeroso, tanto para você quanto para o gato. Respeite, portanto, os limites dele. Aos poucos, ele aprenderá a relaxar e a confiar cada vez mais em você ao ser massageado.

Forçar o gato a aceitar uma massagem mais prolongada do que está disposto a aceitar ou querer que ele continue deitado contra a vontade costumam ser iniciativas contraproducentes. Não há problema se, no início, for preciso dividir a massagem em várias sessões, até conseguir que o gato seja massageado por inteiro.

Regiões sensíveis ou doloridas
Nunca inicie a massagem em uma parte do corpo que possa estar dolorida. Tome também muito cuidado ao manipular uma região sensível. Não é intuito da massagem causar dor, e sim prazer e relaxamento.

Se perceber que o gato está se sentindo incomodado ou se houver possibilidade de machucá-lo, não exagere na pressão. Procure conhecer até que limite ele a aceita tranquilamente. No futuro, uma mudança nesse limite poderá indicar um problema de saúde.

Quando começam a receber carinho ou a ser massageados, os gatos não costumam permitir que a região do abdômen seja tocada. Nesse caso, evita-se massagear a barriga do felino até que ele fique totalmente relaxado ao ser manipulado. Muitos donos só conseguem fazer isso depois de massagear o gato por meses!

Seu gato pode gostar mais de você

Photo credit: mamaloco / Foter / CC BY-ND
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Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal. 

Muitas pessoas me perguntam o que fazer para seus gatos gostarem ainda mais delas. Normalmente apaixonadas pelos felinos que têm, querem reforçar o sentimento recíproco

Afetividade
Diversas iniciativas podem nos tornar mais importantes para nossos gatos. Devemos, porém, levar em conta que cada espécie e cada indivíduo possuem uma maneira diferente de amar. Humanos e cachorros são, na média, muito mais carentes de atenção e de carinho que gatos. Em outras palavras, não devemos esperar de um gato a mesma carência de um cão.

Maior dependência
As dicas a seguir farão o seu gato se ligar mais a você. Mas ele poderá também se tornar mais dependente, com mais chance de sentir a sua falta, quando você não estiver. Antes de pôr em prática as estratégias para se sentir mais amado por ele, pense nisso, para não comprometer o bem-estar do seu animal de estimação.

Tendência genética
Gatos já nascem carentes. Determinadas raças e linhagens são mais dependentes, carentes e carinhosas que outras. Por isso, espere filhotes mais afetivos de pais também mais afetivos.

No útero da mãe
A facilidade de apego ao ser humano começa a se formar no útero materno. Durante a gravidez, hormônios produzidos pela mãe influenciam a formação do cérebro do filhote e o quão propício a desenvolver vínculos afetivos ele será. De maneira geral, filhotes cujas mães ficaram muito estressadas durante a gravidez tendem a ser mais medroso e a gostar menos de carinho.

Idade crítica
O que acontece com o filhote até os 2 meses de idade tem uma enorme influência no comportamento futuro do gato. Por isso, procure acostumá-lo desde cedo à presença, cheiros e barulhos de seres humanos. Também está comprovado que massagear o filhote por alguns minutos aumenta a carência e a tolerância a carinho humano. Quanto mais sociabilizado for o gato, maiores serão as chances de ele demonstrar afeto em público, já que não ficará retraído ou escondido sempre que uma visita chegar!

Represente coisas boas
Gatos nos associam com tudo que sentem ou que percebem quando estamos perto deles. Se nos associarem com coisas boas, gostarão cada vez mais de nós. Portanto, o truque é conhecer quais são as coisas que agradam o seu gato e associá-las a você da melhor forma possível.

Alimentos e petiscos
Essas são ótimas ferramentas para uma aproximação afetiva com o seu felino. Para ele associar você a comidas gostosas, não basta que o veja completar o potinho com mais comida. A não ser que seja daqueles gatos que só querem comer quando a ração acaba de sair do saco…

De qualquer forma, é importante que o felino esteja com apetite quando algo gostoso é ofertado a ele. Por isso, receber uma quantidade controlada de alimento o tornará mais apegado a quem o serve do que ter comida disponível o dia todo.

É impressionante como petiscos dados na hora certa podem melhorar – e muito – um relacionamento. Tente recompensar o seu gato com petiscos sempre que ele atender a um chamado seu, como quando você chega em casa, e até mesmo quando ele vier de maneira completamente espontânea.

Diversão
Brincadeiras, principalmente de caça, são bastante prazerosas para o gato. Sempre que possível, brinque com ele. Assim, você ficará associado também a entretenimento e diversão. Aprenda a mover objetos da maneira que o seu gato mais gosta e descubra brinquedos que ele adore.

Conforto e segurança
Deixe o seu cheiro nos lugares onde o gato gosta de relaxar. Passe simplesmente a mão naquele local ou esfregue-se num pano e ponha-o perto dali.

Procure nunca pegar o gato enquanto ele relaxa nem tente tirá-lo de onde se escondeu, principalmente se estiver assustado com alguma visita. Nesses casos, tente atraí-lo oferecendo algo, mas sem insistir demais.

Ficar junto
Quanto mais tempo você passar com o gato, melhor. Isso inclui deixá-lo dormir com você. O chato é não poder se movimentar muito na cama, pois os felinos costumam reclamar ou ir embora… Normalmente, quando durmo com gatos tento me mexer o mínimo possível, para não incomodá-los.

Ensine seu gato a passear na rua de coleira

Photo credit: juhansonin / Foter / CC BY
Photo credit: juhansonin / Foter / CC BY

Por mais estranho que pareça, é possível levar o gato para dar uma volta e ele tirar um bom proveito do passeio

Passear com o gato é bem diferente do que passear com o cão. Exige, portanto, procedimentos específicos. E o resultado pode ser um programa prazeroso e seguro para o felino.

Vantagens para o gato
Gatos são curiosos e precisam ser estimulados. A situação torna-se crítica quando ficam restritos a um espaço pequeno, quase sem atividade. Um experimento inglês constatou que gatos em liberdade chegam a andar mais de dois quilômetros por noite e caçam dezenas de pequenos animais, como insetos, répteis e ratos. Os passeios podem devolver aos gatos um pouco de liberdade, sem haver risco de serem atropelados, envenenados ou machucados por cães de vizinhos.

Nem todo gato curte
Exemplares mais tímidos e medrosos poderão nunca curtir um passeio, apavorados com o ambiente aberto e com o qual não têm ainda intimidade. É importante você conhecer bem o seu gato. Ao tentar passear com ele, fique atento. Observe se os sinais que ele dá são de bem-estar ou de estresse.

Passeio apreciado
Gatos são obcecados por controle do território. Só costumam relaxar depois de conhecer detalhadamente o ambiente onde estão. Gostam também de ter um lugar no qual confiam, para se esconderem caso apareça algo que, na concepção deles, seja muito perigoso. Por esses motivos, sugiro levar o gato sempre aos mesmos lugares. Deixe a caixinha de transporte por perto. Assim, ele poderá voltar ao “esconderijo” sempre que desejar.

Experiência com minhas gatas
Apesar de o passeio com gato ser bem limitado, é muito gratificante vê-lo explorando o ambiente e interagindo. Eu tinha duas Siamesas que adoravam passear em um praça. Sempre as levava para o mesmo canto, ajeitava a caixinha de transporte e as deixava à vontade, presas com guia. Elas subiam num arbusto, caçavam insetos e brincavam. Iam correndo para a caixa de transporte, como se fosse um treino para emergência! Quando passava um cão, a mais nova ficava mais acuada ou ia para a caixinha, enquanto a mais velha fazia questão de interagir com ele. Claro que eu só deixava esse contato acontecer quando tinha certeza que a aproximação era amistosa.

Pré-requisitos
Antes de levar o gato para passear, acostume-o a usar peitoral e guia dentro de casa ou num ambiente ao qual esteja acostumado. Procure deixá-lo com o peitoral enquanto come ou brinca. Aumente aos poucos o tempo de uso do acessório e procure manter o felino sempre sob supervisão, nessas ocasiões. Deixe o peitoral justo, de modo que o gato não consiga tirá-lo – uma escapada pode colocar em risco a vida dele. Peitorais com uma coleira em torno do pescoço aumentam muito a segurança.

O gato deverá também estar curtindo a caixinha de transporte, que será o porto seguro dele. Para estimulá-lo a entrar nela, coloque dentro petiscos gostosos. Deixe-a em lugares nos quais ele goste de ficar.

Primeiros passeios
Ao marinheiro de primeira viagem, sugiro levar o gato para um ambiente fechado e totalmente seguro. Por exemplo, ao apartamento de um amigo sem outros animais de estimação. Mesmo que seja possível deixar o gato sem peitoral e guia, não o faça. Aproveite essa segurança extra para verificar se está tudo em ordem. Leve sempre o gato na caixinha de transporte. Nela, ele se sentirá mais seguro e diminuirão as chances de escapar e machucar quem tentar contê-lo. Ponha a caixinha num canto e abra a portinha. Não force o gato a sair. Se desejar, estimule-o com um petisco, brinquedo ou fale carinhosamente com ele. E respeite-o se ele não quiser sair.

Novos lugares
Sempre que levar o gato a um novo ambiente, aja como se fosse o primeiro passeio. Enquanto ele preferir ficar dentro da caixinha, estará se acostumando com os cheiros, barulhos e a movimentação do lugar.

Avaliando estresse e prazer
Procure avaliar o comportamento do seu gato durante o passeio. Normalmente, quando ele estiver estressado não se interessará por alimento, água, carinho ou brincadeiras. Também evitará fazer as necessidades. Se ele estiver interessado em petiscos, brincando, gostando de receber carinho, etc., é quase uma garantia de não estar estressado – provavelmente o passeio está fazendo bem para ele. Já o oposto não é verdadeiro. Diante da variedade de estímulos oferecidos por um ambiente diferente, o gato pode preferir explorar as novidades a brincar, comer ou receber carinho. Na dúvida, consulte um especialista em comportamento anima para ajudar na avaliação.

Gatos e crianças

Photo credit: mamaloco / Foter / CC BY-ND
Photo credit: mamaloco / Foter / CC BY-ND

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

O gato está cercado de mitos, de adoração e de ódio. Poucos animais provocam reações tão fortes e marcantes nos humanos quanto ele. Infelizmente, esses mitos acabam muitas vezes por prejudicar o animal. Procuro desmistificar aqui alguns relacionados com crianças e dou dicas para um bom convívio entre elas e o gato

Há diversos mitos e informações erradas disseminadas na população com relação a crianças e gatos. Isso acontece em diferentes partes do planeta, inclusive onde a população de gatos supera a de cães, como é o caso dos Estados Unidos e da Inglaterra.

Mito: engravidou? Livre-se do gato
É comum que futuras mães em início de gravidez sejam orientadas pelo médico a afastar-se de seus gatos. É claro que muitas delas acabam abandonando os felinos com medo de sofrer aborto. Mas até que ponto a informação que lhes é passada está correta? Pesquisei bastante, conversei com estudiosos e especialistas sobre os riscos de o gato provocar aborto. Confirmei que, realmente, vários médicos pedem que as grávidas se livrem de seus gatos sob alegação de que eles podem transmitir doenças, inclusive toxoplasmose, que é abortiva. Imagino que o mito sobre gatos causarem aborto tenha surgido daí. Mas um gato só pode contaminar a gestante se estiver contaminado. E, para ela abortar, é preciso que pegue a doença. Não irei entrar em detalhes sobre as possibilidades de isso acontecer, mesmo porque essa não é a minha especialidade. Mas informe-se melhor sobre o assunto antes de pensar em se livrar do gato.

O fato provável é que o gato de casa não esteja contaminado com toxoplasmose. Isso é constatável por meio de teste. Feita a constatação, há diversas maneiras de evitar que ele pegue a doença. Mesmo se o gato tiver toxoplasmose, existem cuidados para evitar que transmita o mal. Muitos médicos bem conceituados e informados, em vez de recomendar à gestante que se livre do gato, a orientam a tomar alguns cuidados e, dependendo do caso, a fazer alguns testes. Os pesquisadores dizem também que as principais vias de transmissão da toxoplasmose são a carne crua, a terra e os alimentos mal lavados e não os gatos.

Mito: gato sufoca o bebê por ciúmes
Um mito bastante conhecido na Inglaterra e nos Estados Unidos, listado em alguns sites americanos e ingleses que abordam mitos, diz que os gatos se aproximam dos bebês e chupam o ar do pulmão deles pela boca. Acredita-se que a origem dessa crença venha do fato de alguns gatos, ao sentirem o cheiro de leite na boca do neném, irem lá investigar. Embora não seja aconselhável que gatos lambam o rosto do neném, não há o menor sentido nesse mito. Gatos nunca chupam o ar do pulmão de alguém!

Mito: gato não gosta de criança e a ataca
Gatos podem adorar crianças e há maneiras de estimular isso. Mas mesmo que um gato não goste de criança, seja por ciúmes, seja por medo, não irá até o berço dela na calada da noite para atacá-la! Acidentes geralmente acontecem quando o gato é agarrado à força ou quando a criança não o deixa em paz. Na tentativa de se livrar, ele acaba arranhando. São situações que tendem a acontecer depois de o bebê ter começado a engatinhar e a procurar interação com o gato.

De qualquer maneira, toda interação do gato com criança muito nova deve ser supervisionada, para evitar acidente. Procure também proporcionar diversas possibilidades de escape para o gato obter sossego sempre que desejar.

Ensine a criança a chamar o gato em vez de ir atrás dele. É uma atitude que, por respeitar a natureza desse animal, evita que ele tenha medo de ser agarrado à força e o estimula a gostar cada vez mais da criança. Permita que ela dê pedacinhos de petisco para motivar o gato a vir quando chamado e para ele ter mais um motivo para gostar dela.

Chegada do bebê
Alguns gatos sofrem com mudanças drásticas de rotina, de espaço e com a invasão de território por desconhecidos. Isso tudo pode acontecer quando uma família recebe um bebê em casa. Para evitar estressar demais o felino, procure fazer mudanças aos poucos, de modo que ele vá se adaptando e perceba que não há problemas ou perigo. Se pretende proibir o gato de entrar no quarto do bebê, comece a acostumá-lo a isso semanas antes da chegada do novo membro da família.

Interações positivas
O gato que recebe carinho, atenção e petisco, quando o bebê está por perto, passa a adorar essa proximidade. São agrados que podem ser feitos por qualquer pessoa que esteja próxima aos dois.

Como aproximar gatos que brigam

Photo credit: Paul Anglada / Foter / CC BY-NC-SA
Photo credit: Paul Anglada / Foter / CC BY-NC-SA

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Princípio da amizade
A lógica do comportamento dos gatos é simples: para serem amigos, um precisa proporcionar vantagens ao outro. Essas vantagens podem ser em forma de lambidas, de alimentos, de carinhos, de aconchego para dormir e até de brincadeiras. Mas há um problema: o gato vê instintivamente seus similares como possíveis fontes de disputas nas áreas de alimentação, sexo e território. Por esse motivo, quem quer aproximar dois gatos precisa ter o objetivo de transformar um possível “competidor” em um “amigo”.

Princípio da tolerância
É bastante comum os gatos simplesmente se tolerarem, sem nunca ficarem “amigos”. Para isso acontecer, basta que um não dê sustos no outro, nem o deixe temeroso de ser expulso facilmente do território. Nesse tipo de relacionamento acontecem pequenos desentendimentos, como quando um chega muito perto do outro e recebe algumas patadas, mas sem perseguições constantes, daquelas que levam um felino a se esconder do outro por grande parte do tempo.

Técnicas de aproximação
Há dicas específicas para reaproximar gatos que tiveram de ser separados, seja por uma briga séria ou apenas por desentendimento.

Durante o trabalho de aproximação, é preciso fazer o gato agressor perceber que não tem poder para afastar o “rival” de seu território e o outro gato compreender que não precisa fugir para não ser atacado. A melhor maneira de fazer isso e de não prejudicar o sucesso da aproximação, evitando sustos e outras sensações desagradáveis, é colocar o gato mais medroso numa caixa de transporte ou numa gaiola à qual esteja acostumado. Com esse cuidado, protegemos o felino menos agressivo e menos corajoso de ser assustado ou afastado por possíveis ataques do outro gato. Impedimos, também, que o gato atacado fuja, o que seria visto como uma “recompensa” pelo agressor e motivaria repetições futuras do gesto.

É preciso também fazer o gato agressor perceber que não deve chegar muito perto da caixa de transporte ou da gaiola. Se ele se aproximar demais ou mostrar clara intenção de atacar, será punido com um spray de água ou de ar comprimido direcionado ao seu focinho (costumo utilizar bombinha de CO2, de encher pneu de bicicleta).

Proporcionar bons momentos aos gatos quando estão próximos é fundamental para que os associem à proximidade entre eles. Alimentá-los nessas ocasiões é uma ótima estratégia. Mas é comum que em situações de estresse os gatos percam um pouco de apetite. Por isso, convém que, ao servi-los, estejam sem comer há algumas horas. Ou, então, podem-se dar petiscos que considerem maravilhosos e que não rejeitem por falta de apetite. Caso aceitem comer, deverão receber também carinho e brinquedos.

Duração e freqüência do exercício
As tentativas de aproximação poderão ser feitas diversas vezes por dia ou apenas algumas vezes por semana, dependendo do tempo disponível. O importante é que toda vez que os gatos se encontrem recebam coisas gostosas e sejam totalmente impedidos de brigar ou de um afugentar o outro. É preciso, ainda, manter-se atento para não estressá-los demais. Assim, em pouco tempo, as aproximações poderão se tornar um evento agradável para eles e deixá-los à espera do próximo encontro.

Finalmente soltos juntos
Só devemos deixar dois gatos soltos juntos quando tivermos segurança de que não brigarão. Isso acontecerá quando conseguirmos que eles se alimentem um perto do outro, sem demonstrar estresse ou agressividade, estando um do lado de dentro da caixa de transporte ou gaiola e o outro, do lado de fora. Ao soltá-los, fique preparado para inibir prontamente qualquer confronto provocado pelo “agressor”. Só deixe os dois sozinhos depois de terem permanecido soltos juntos, várias vezes, sem brigas nem agressões.

Modere suas expectativas
O procedimento de aproximação gradativa é o mais seguro e eficiente que conheço, mas pode levar meses para chegar ao fim, dependendo dos gatos envolvidos. Em alguns casos, o equilíbrio das relações precisará de uma contínua influência humana para a hostilidade não voltar com o tempo. E se a aproximação não evoluir, criam-se dois ou mais grupos de gatos que se tolerem naturalmente ou que sejam amigos.

Linguagem dos gatos

Photo credit: austinpaulwhite / Foter / CC BY
Photo credit: austinpaulwhite / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Os gatos têm uma linguagem própria, com propósitos que vão desde atrair parceiros sexuais até afugentar outros gatos. Entendê-la é importante para uma melhor compreensão do comportamento felino. Grande parte desses sinais fica no ambiente. São cheiros e arranhaduras que outros gatos podem “ler” sem ter que encontrar o gato que os deixou. Alguns autores comparam esses sinais com bilhetes que pessoas trocam entre si, sem precisar se encontrar.

Linguagem aprendida

Os gatos aprendem a se comunicar com seus donos e demais animais da casa. Podem desenvolver sinais e comportamentos para mostrar o que desejam. É o caso do gato que mia e corre para perto do armário onde estão os petiscos ou que rodeia o prato de ração quando quer comer. Esse tipo de comunicação é aprendido e se desenvolve muito mais quando existe grande interação com as pessoas da casa, principalmente se forem bastante atentas ao gato.

Linguagem “instintiva”

Diversos comportamentos comunicativos não são aprendidos. Independem de qualquer condicionamento ou da observação de outros gatos. Mas nem todos são exibidos desde filhote. Alguns só surgem depois de determinada idade. Outros, na falta de estímulo, podem nunca se manifestar.

No caso da linguagem “instintiva”, é possível criar uma espécie de dicionário para entender o que o gato diz, ao contrário do que acontece com a linguagem aprendida, que pode se desenvolver de modo diferente em cada gato. Possivelmente, só quem convive com o felino saberá exatamente o que ele quer comunicar.

Dicionário felino

À medida que os estudos de etologia felina se aprofundam, mais comportamentos comunicativos são decifrados e adicionados ao “dicionário felino”. Descrevo alguns:

Mordida – Gatos podem morder para demonstrar afeto, agredir ou brincar. A mordida de afeto costuma ser a mais delicada. Ocorre enquanto o gato recebe carinho ou sente prazer com a companhia humana ou felina. Já a mordida por brincadeira é um treino para briga ou caça, mas sua intensidade sinaliza que a intenção não é machucar. A força dessa mordida muitas vezes precisa ser controlada, já que alguns gatos acabam por morder forte demais outros gatos ou humanos.

Comunicação vocal – Os gatos emitem dezenas de sons com diferentes significados. Existem os de “agradecimento”, de chamado, de frustração, de ansiedade, de aviso para não se aproximar, etc. Com esses sons, uma gata pode avisar seus filhotes para se esconderem ou se aproximarem dela, evitando assim ataques de outros animais. Os sons também podem indicar prazer, como acontece quando o gato ronrona ao mamar ou ao receber carinho. Dependendo da vocalização, o gato consegue evitar que outros gatos ou animais se aproximem demais, como ocorre no caso do “rosnado”.

Comunicação postural – Pelas variações de postura, podemos interpretar as emoções e intenções do gato. Esfregar a cabeça em outro gato ou pessoa demonstra afeto, além de ser uma demarcação com cheiros específicos presentes na cabeça do felino. Quando ele se arrepia, parece maior do que realmente é, comportamento adotado para se defender de um cão, por exemplo. Abaixar a cabeça e ficar com as patas traseiras bem apoiadas, prontas para saltar, pode sinalizar o início de uma brincadeira, já que essa posição antecede um bote. Durante uma briga ou uma brincadeira agressiva, é comum o gato dobrar as orelhas, rente à cabeça. Isso impede que sejam machucadas pelo adversário ou presa.

Comunicação por demarcação – O gato tem glândulas nas regiões da boca, das orelhas e do ânus que produzem odores específicos. Com o uso desses cheiros, ele consegue deixar sua “assinatura” nas pessoas, animais e objetos. Os odores têm a capacidade de mudar o estado psicológico de outros gatos. Tanto que alguns desses odores são produzidos e comercializados com o intuito de acalmar gatos estressados e evitar que eles demarquem móveis e outros objetos com urina. Nessa demarcação, a urina é espirrada para trás, normalmente em superfícies verticais. Os machos não castrados são os que mais demarcam o ambiente dessa maneira, mas as fêmeas também o fazem. Existe também a demarcação com fezes. Alguns gatos deixam as fezes descobertas em pontos estratégicos. Avisam, assim, a “concorrência” de que estão na área e que a região deve ser evitada.

Gatos também podem deixar demarcações visuais. Por meio de arranhaduras, demarcam objetos e, ao mesmo tempo, removem de suas garras pedaços soltos de unha e praticam uma espécie de alongamento.

Gato: fim do medo do veterinário

Photo credit: Paul Rysz / Foter / CC BY
Photo credit: Paul Rysz / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Muitos gatos desenvolvem pavor de ir ao veterinário. Saiba como conseguir que eles se estressem menos nessas visitas

Exames comprometidos
Fica difícil dar bom tratamento a um gato com pavor de veterinário. Manuseá-lo e analisá-lo torna-se quase impossível. O pânico modifica os batimentos cardíacos, muda a freqüência da respiração e até altera o resultado de alguns exames de sangue.

Pavor perigoso
Nas campanhas gratuitas de vacinação, quando um gato é levado num saco por estar apavorado, costuma-se fazer a aplicação sem tirá-lo de lá, de tão difícil que é segurá-lo. É o jeito para evitar que escape ou morda e arranhe seriamente as pessoas, agitação que acabaria por deixar o felino ainda mais estressado.

Medo por associação
O sufoco pode começar antes da chegada à clínica, com o gato escondido, arisco e agressivo ainda quando está em casa. Isso acontece se ele associar com consulta veterinária os preparativos para a partida ou a caixa de transporte.

Motivos do pavor
Para grande parte dos gatos, perder o controle sobre o ambiente ou sobre uma situação é suficiente para entrar em pânico. O felino fica ainda mais assustado se for submetido a um procedimento que julgue perigoso, em ambiente não familiar. E o sofrimento dele aumenta com a dificuldade causada para ser segurado pelo médico-veterinário.

Situação ideal
As consultas veterinárias deveriam proporcionar momentos agradáveis e não de tortura para o gato. O ideal é que o proprietário e o veterinário tomem juntos os cuidados para evitar que a consulta cause trauma ou se torne uma experiência negativa para o felino.

Esse procedimento, mesmo que consuma um pouco mais de tempo, faz o gato oferecer menos resistência, o que é uma vantagem, pois permite ao médico-veterinário examiná-lo e tratá-lo melhor.

Alimentação aliada
A comida pode ajudar bastante a acostumar o gato a aceitar as situações diferentes e os procedimentos desagradáveis. Mas, para o alimento se tornar um aliado, será preciso que seja desejado pelo felino. Para intensificar o desejo, precisamos controlar a quantidade de ração que o gato ingere, zelando sempre para não deixá-lo abaixo do peso ideal.

Deixar o gato com comida disponível o dia todo prejudica o treino feito com uso de alimento. Atenção: um gato adulto não deve ser alimentado menos de duas vezes por dia.

Transporte sem medo
Acostume o gato a gostar de entrar na caixa de transporte. Alimente-o lá dentro freqüentemente. Quando ele começar a se enfiar nela espontaneamente, recompense-o com petisco. Aos poucos, comece a simular as etapas de ida para o veterinário. Antes de dar o petisco, simplesmente feche a porta da caixinha com o gato dentro. Na fase seguinte, dê o petisco só depois de erguer a caixa com o gato no seu interior, sacudindo-a levemente. Depois, leve-a para o carro, etc. Evolua etapa por etapa, sempre de maneira gradativa.

Aceitação de novos lugares
Para o gato se acostumar a associar um novo ambiente a uma situação agradável, comece a alimentá-lo em cômodos diferentes da casa. Depois, dê-lhe comida fora de casa, em locais diferentes. Se possível, inclua nessas variantes uma ou mais salas semelhantes às de clínicas veterinárias.

Manipulação por estranho
É possível habituar o gato a ser manejado por uma pessoa desconhecida. Para tanto, comece por segurá-lo firmemente por alguns segundos e recompense-o imediatamente ao soltá-lo. Aos poucos, aumente o tempo de restrição e aproveite para apalpar delicadamente cada pedacinho do corpo dele. Se o gato demonstrar um interesse contínuo pelo alimento oferecido, é sinal de que ele associa o procedimento a algo positivo e de que não está estressado demais.

Ao segurar o gato firmemente, tenha certeza de que não há como ele escapar. Se o gato perceber que existe possibilidade de fuga, ficará mais ansioso e esperneará cada vez mais. Para poder pegá-lo mais facilmente, caso ele saia das suas mãos, deixe-o com um peitoral durante os treinos iniciais. Nessa fase, convém também usar jaqueta jeans, para evitar arranhões nos braços e no peito.

Num estágio mais avançado, o ideal é contar com a ajuda de alguém que saiba segurar gatos corretamente, para verificar se o seu se deixa manusear por diferentes pessoas. Caso isso não ocorra, será preciso acostumá-lo a diferentes manejadores.

Terapia para gatos com ferormônios

Photo credit: ansik / Foter / CC BY
Photo credit: ansik / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Esse novo tipo de terapia, surgido nos últimos anos, tem demonstrado bons resultados apesar de ser ainda pouco conhecido

Renomados comportamentalistas, como Daniel Mills, da Inglaterra, comprovaram cientificamente a eficiência dos ferormônios no tratamento de diversos distúrbios de comportamento, bem como na prevenção do estresse, por exemplo.

O que são?
Ferormônios são odores produzidos por animais, capazes de alterar o comportamento de outros animais à sua volta. Ao sentir medo, o animal pode exalar um odor que deixe o resto do grupo mais atento e estressado. Um ferormônio pode também sincronizar o cio de um grupo de fêmeas e facilitar, assim, aspectos reprodutivos.

Até nós, humanos, somos influenciados por ferormônios. Freqüentemente, mulheres que moram juntas captam o ferormônio uma das outras e menstruam na mesma data. Por funcionar de maneira parecida com um hormônio, mas atuar fora do corpo e em outros organismos, também é chamado de odor social ou de ectohormone (hormônio externo).

Ferormônios sintetizados
Foram identificados treze componentes químicos presentes em odores secretados por gatos, por meio de análises feitas por pesquisadores. Dois desses componentes já são sintetizados artificialmente. Funcionam como ferormônios e são utilizados em terapias. As fórmula comercial que contém o ferormônio F3 chama-se Feliway e a que contém o ferormônio F4 chama-se Felifriend.

Uso prático
Muitos estudos científicos foram feitos para entender melhor o efeito desses ferormônios sobre o gato. As pesquisas mostraram que eles podem ser utilizados para o controle de diversos problemas comportamentais, com a vantagem de não provocar os efeitos colaterais de alguns medicamentos. Podem, também, ser aproveitados em conjunto com terapias comportamentais e medicamentosas. Borrifa-se a substância no ambiente diariamente ou deixa-se que se espalhe por um difusor elétrico, comercializado costumeiramente junto com a substância.

Estresse
Reduzir o estresse parece ser o principal efeito desses ferormônios. Podem ser aproveitados, portanto, para combater diversos problemas de comportamento que resultam de estresse ou o causam.

Um experimento demonstrou que gatos hospitalizados postos em contato com ferormônio voltam a se alimentar normalmente em menos tempo do que os que não têm esse contato. Outro experimento mostra que gatos se adaptam mais rapidamente a locais em que o ferormônio foi borrifado.

Demarcação com urina
Diversos gatos, principalmente os machos não castrados, demarcam objetos da casa com urina. Isso resulta em enorme transtorno, seja pelo dano causado a objetos, seja pelo cheiro de urina que se espalha pela casa. Vários experimentos científicos conduzidos por especialistas concluíram que esses ferormônios reduzem as demarcações com urina em mais de 70% dos casos. Provavelmente porque o ferormônio alivia o estresse do gato e, conseqüentemente, reduz o comportamento agressivo dele ligado à proteção de território.

Móveis arranhados
Móvel borrifado com ferormônio é menos arranhado pelo gato. Mas será preciso borrifar diariamente as superfícies proibidas, até o gato aprender onde pode arranhar e onde não pode. Em outras palavras, o ferormônio facilita o condicionamento correto do animal, de modo que ele passe a arranhar somente locais desejados por nós, como arranhadores, e deixe de arranhar a mobília.

Visitas e desconhecidos
O medo de visitas e de pessoas estranhas pode ser também reduzido nos gatos com o uso de ferormônio. Aplica-se algumas horas antes de receber os amigos, para evitar que o gato fique estressado demais. Nesse caso, o F4 parece ser mais eficaz que o F3.

Brigas
A agressividade entre gatos que vivem juntos também pode diminuir com a ajuda de ferormônio. Mas nem sempre, pois torna alguns gatos ainda mais agressivos com os demais. Não se sabe direito por que isso ocorre, mas talvez esteja relacionado com o aumento da coragem ou, ainda, com o conflito entre informações visuais e olfativas. O gato percebe um cheiro amigável, mas enxerga um inimigo. Esse conflito poderia aumentar a ansiedade e a agressividade dele.

Cheiros e seu efeito sobre o comportamento dos gatos

Photo credit: Takashi(aes256) / Foter / CC BY-SA
Photo credit: Takashi(aes256) / Foter / CC BY-SA

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Pelo conhecimento do efeito que os cheiros têm os gatos, podemos deixar a vida deles mais interessante, corrigir e evitar problemas de comportamento e reduzir o estresse

Os gatos, mesmo os mais domesticados, continuam capazes de perceber cheiros que nem imaginamos e de reagir a eles. Graças a numerosos estudos e observações, temos, hoje, um pouco mais de noção sobre a importância e a influencia dos odores no mundo felino.

Para os gatos, os odores presentes no ambiente possuem uma enorme importância. Ser capaz de detectar um odor e reagir a ele, seja de maneira aprendida, seja instintivamente, pode garantir a sobrevivência, a alimentação e a reprodução.

Efeito do odor na caça
Embora o olfato não seja importante no momento do bote, costuma ser importantíssimo para o gato detectar a presença de um roedor escondido, por exemplo. Ao perceber o cheiro da presa, o felino pode ficar esperando por horas até que ela saia da toca e possa ser capturada. Gatos chegam a detectar por onde um rato andou dias depois do acontecimento.

Para a infelicidade do gato, os ratos também detectam facilmente o cheiro dele. Esse é um dos motivos que fazem os gatos procurar manter-se limpos. Ou até disfarçar seu cheiro, esfregando-se em algo fedido, como carniça. Quando um rato sente cheiro de gato, fica mais ansioso e procura evitar a área. O interessante é que esse medo do cheiro de gatos nos ratos é instintivo, ou seja, o rato, mesmo sem nunca ter encontrado um felino na vida, tem medo do cheiro de gato.

Até mesmo o rato branco de laboratório fica estressado quando se coloca em sua gaiola um pano que foi esfregado num gato. O fato de o cheiro de gato assustar a caça faz com que os gatos abominem ainda mais a invasão de seu território por outros gatos. Se outros gatos ficarem rondando o território, os ratos ficarão menos relaxados, mais cautelosos. Também foi demonstrado que os ratos param de cantar quando percebem cheiro de gato próximo às suas gaiolas (os ratos cantam para atrair fêmeas; só não os ouvimos porque a freqüência do canto é alta demais para os nossos ouvidos).

Detecção de fêmeas no cio
A gata no cio usa o cheiro para atrair machos da área. Ela urina mais vezes e em mais lugares. O macho que percebe fêmea no cio torna-se mais agressivo e agitado. É, na verdade, um preparo fisiológico para que ele tenha mais chances ao brigar com outros machos da redondeza, também interessados em acasalar com a fêmea no cio. Machos não castrados que vivem numa mesma casa podem começar a brigar ao detectar o cheiro de uma fêmea no cio, mesmo que ela esteja em outro prédio próximo ou em outro andar. Alguns machos também passam a demarcar a casa com urina, para infelicidade dos moradores.

Essa alteração comportamental não costuma ocorrer com machos castrados, mesmo se a castração ocorrer depois de adultos. Por isso, para evitar demarcações por urina ou até por fezes, recomenda-se castrar, principalmente os machos.

Proteção do território
Gatos são obsessivos por controlar seus territórios. Procuram conhecer todos os espaços e objetos. Só relaxam quando está tudo sob controle. Claro que alguns gatos relaxam antes que outros, mas, de maneira geral, não estão completamente à vontade até se acostumarem ao novo ambiente. Cheiros conhecidos os relaxam, enquanto que cheiros novos e diferentes deixam-nos excitados ou estressados.

Quando um gato percebe alguma coisa estranha ou diferente em seu território, procura observá-la e analisá-la. Ao cheirá-la, percebe se é algo realmente novo ou se já estava lá. Toma mais cuidado e analisa por mais tempo objetos com cheiros desconhecidos. Para não ter de checar o mesmo objeto por dias seguidos, até reconhecê-lo como parte do ambiente, pode demarcá-lo com seu cheiro, esfregando-se e urinando nele. Assim, no dia seguinte, quando for explorar o ambiente novamente, reconhecerá o cheiro e saberá que o objeto já foi analisado e que não é “perigoso”.

Isso explica por que alguns gatos fazem xixi em cima das compras que foram deixadas na sala ou sobre a mala de uma visita, em cima de tapetes ou mobílias novas. Nesses casos, a dica é esfregar a mão ou o corpo sobre o objeto novo, para deixá-lo com cheiro conhecido. Passar a mão no gato e em seguida no objeto novo ou fazer com que o gato se esfregue nele também são ótimas opções. Para estimular o gato a andar por cima do objeto, podem ser usadas brincadeiras, petiscos e até catnip (erva do gato).

Pegar bolinha: o gato também aprende!

Photo credit: tinney / Foter / CC BY-SA
Photo credit: tinney / Foter / CC BY-SA

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

É quase impossível encontrar pessoas que já tenham ensinado truques a seus gatos. Embora esse tipo de treino demande um pouco mais de paciência e de tempo do que ensinar cães, o resultado é muito mais impressionante. Até truques simples deixam as visitas de boca aberta!

Quando um gato é ensinado com reforços positivos cria-se um maior entendimento entre ele e o proprietário. Não só porque o felino associa a pessoa com momentos agradáveis e estimulantes, mas também porque ao ensiná-lo prestamos mais atenção ao comportamento dele e, com isso, passamos a compreendê-lo melhor.

Buscar bolinha e entregá-la ao proprietário é uma brincadeira que entretém e exercita o gato. Quando se sabe ensinar, não é difícil obter êxito. É apenas necessário ter paciência.
Nunca force o gato a fazer algo contra a vontade. Isso não funciona e pode atrapalhar o convívio com ele. Gatos possuem ótima memória. Se você tiver de interromper o treino por dias, eles irão se lembrar perfeitamente do que já aprenderam. Já treinei gatos para comerciais que lembraram dos comandos depois de ficarem um ano sem tê-los recebido! Na média, em duas semanas um bom treinador adestra o bichano a buscar bolinha e a entregá-la, com meia hora de treino por dia. Acho que uma pessoa leiga, mas que leve jeito, consiga bom resultado em um mês. Não há necessidade de adestrar todos os dias e nem de estabelecer um tempo mínimo ou máximo para os treinos. Enquanto o gato estiver interessado ou se divertindo, o adestramento poderá continuar.

O primeiro ponto importante é que haja uma troca positiva para o gato sempre que ele fizer o que esperamos. Para motivá-lo, o que mais funciona é dar a ele um petisco que adore.
Quanto mais o gato demorar a saciar a gula, por mais tempo será possível treiná-lo. Por isso, o petisco deverá ser bem pequeno. Gatos com comida disponível o tempo todo costumam ser mais difíceis de treinar, pois passam a não dar valor ao alimento. Na natureza, os animais precisam caçar para comer. Por isso, alimentá-los durante brincadeiras ou dificultar um pouco o acesso à comida costuma aproximá-los mais do seu instinto. Não se sinta mal, portanto, ao restringir um pouco a alimentação.

O principal erro cometido por quem não sabe como ensinar o truque é querer recompensar o gato só se ele fizer o exercício completo, depois de buscar a bolinha e de entregá-la. A técnica correta é recompensar cada pequeno comportamento que contribui para o que queremos. Aumentar muito a dificuldade do treinamento frustra o proprietário e o gato. Avance, portanto, aos poucos. E incremente a dificuldade somente quando o gato entender exatamente o que se espera dele, na fase em que se encontra.

No início, devemos deixar o gato interessado na bolinha. Não só em brincar com ela, e sim realmente em capturá-la. Para isso, você pode usar uma bolinha de papel com um petisco bem gostoso dentro. Depois de arremessá-la, o gato a agarrará e, ao perceber que há um petisco dentro, o comerá. Se não perceber, podemos deixar o petisco mais óbvio no início, ou seja, não tão embrulhado no papel.

Com o tempo, o gato se interessará em ir atrás de qualquer bolinha de papel, para checar se há petiscos dentro. Quando isso acontecer, você poderá passar para a nova fase. Nela, o objetivo é mostrar ao gato que quando ele estiver com a bolinha de papel na boca pode ganhar de você uma guloseima melhor ainda, pois não precisa ser desembrulhada. Para tanto, é preciso agir rápido assim que o gato pegar a bolinha. Coloca-se praticamente o petisco na boca dele, para que o coma e solte a bolinha.

Nessa fase, a bolinha continua com a guloseima dentro, para o gato não perder o interesse por ela. Caso contrário, ele preferirá seguir você e ignorar o brinquedo. Mesmo assim, ao perceber que é muito mais fácil saborear o petisco que vem de você, ele poderá ignorar a bolinha. Se isso acontecer, não deixe que ele veja o petisco na sua mão e espere que se interesse novamente pela guloseima dentro da bolinha.

Somente quando o gato pegar a bolinha com a boca você revelará que tem um petisco e o dará. Depois de várias repetições, o gato perceberá que, para ganhar o petisco da sua mão, deve ficar com a bolinha na boca.

A fase final começa quando o gato passa a se aproximar de você depois de ter agarrado a bolinha. A partir daí, é só recompensá-lo toda vez que ele lhe trouxer a bolinha, que não precisará mais conter petisco. Boa sorte e bom divertimento para você e seu gato!

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