Comunicação de intenções pelo cachorro: a perspectiva dos donos

Photo credit: Tambako the Jaguar / Foter / CC BY-ND
Photo credit: Tambako the Jaguar / Foter / CC BY-ND

Por Claudia de Brito Faturí, Alexandre Pongrácz Rossi, César Ades e Daniela Ramos

Com o intuito de saber quais são os sinais através dos quais cães comunicam o que vão fazer aos seus donos, analisamos episódios comunicativos relatados por proprietários de cães. A pesquisa foi realizada com 1134 donos de cães, contatados através de um site e através do qual foram obtidas respostas a um questionário. Pedia-se aos sujeitos que fizessem relatos de episódios, com seu próprio animal, em que fosse clara a comunicação de algo pelo cão ao seu dono.

O presente trabalho tem a ver com uma parte desta pesquisa relativa a 501 episódios em que o cão teria comunicado uma intenção (avisando ou disfarçando algo que iria fazer). A análise do conteúdo destes episódios indicou que se centram em torno das motivações básicas de cães domésticos e de casos em que o animal disfarça algo errado que já fez ou irá fazer; e desvendou, em cada caso uma série de sinais a que os donos atribuem valor de previsão ou comunicação. Os mais freqüentes destes sinais foram: defecar e urinar (anda em círculo, cheira o local), comer (distrai o dono, distrai o outro cão), pegar algo (olha fixo, olha alternado), atacar (rosna, late), chamar atenção do dono (late, olha para o dono), entrar em casa (entra devagar, olha para o dono), sair de casa (pula/arranha a porta, olha para o dono), disfarçar quando vai fazer algo errado (sai devagar, olha para o dono), disfarçar quando fez algo errado (esconde-se, baixa a cabeça).

Os resultados indicam que a interação entre o dono e o cão se baseia na leitura, pelo dono, de sinais preditivos do comportamento do cão que muitas vezes são interpretados como decorrendo de uma intenção do cão comunicar-se com o seu dono ou de disfarçar sua própria intenção. No caso de fazer algo errado, há uma analogia marcante com os relatos anedóticos de enganação em primatas. Estes sinais parecem ser o produto de uma construção que decorre da interação entre o dono e o seu cão. Existem elementos em comum, existe um dicionário geral, mas também incluem elementos que só poderiam ter sido adquiridos de forma particular. É possível que deste conhecimento preditivo do dono se originem práticas que reforcem no cão certos comportamento comunicativos.

Transição entre sinais eliciados e sinais espontâneos

Photo credit: Y0$HlMl / Foter / CC BY
Photo credit: Y0$HlMl / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Proprietários de cães acreditam que seus animais são capazes de se comunicar com pessoas (Ades, Rossi & Pinseta, 2000). Sabe-se, contudo, pouco a respeito de como cães usam sinais comunicativos para influenciar o comportamento de seres humanos. Inspirando-nos na descrição de Clark (1978) a respeito de como crianças pequenas adquirem vocabulário passando pela transição entre a comunicação não-intencional para sinais intencionalmente comunicativos, pensamos num procedimento em que uma ação desempenhada pelo ser humano seria associada a um comando executado pelo cão. A hipótese era que no decorrer do treino, o cão passaria a executar o mesmo comando antecipadamente, de forma espontânea, desencadeando a ação do experimentador, criando-se assim um canal de comunicação com o ser humano.

Uma cadela sem raça definida, Sofia, foi nosso sujeito experimental. As ações e comandos consistam de rotinas com papéis claramente definidos para o cão e o experimentador: “pedir para sair”, “ter acesso à casinha” e “jogar a bola”. O papel do experimentador consistia em pedir um dos comandos respectivos a cada rotina (“dar a pata”; “tocar num guizo” e “rodar”) e, em troca da sua execução, atender a necessidade do sujeito, que podia ter sido percebida ou induzida. As rotinas foram filmadas diariamente e 126 episódios foram transcritos temporalmente. Analisou-se o número de antecipações do sujeito experimental ao papel do experimentador. Observou-se um aumento das antecipações do sujeito de forma gradual ao longo das semanas, atingindo 100% em todas as rotinas estudadas. A totalidade das antecipações foram atingidas em 4 semanas para “pedir para sair”, 3 semanas para “ter acesso a casinha” e 6 semanas para “jogar a bola”.

Esses sinais aprendidos pelo cão começaram a ser utilizados espontaneamente em contextos adequados, mesmo fora das rotinas. A antecipação apresentada pelo cão demonstra uma capacidade de utilizar comportamentos arbitrários aprendidos para comunicar desejos e vontades a seres humanos de forma análoga ao que ocorre com crianças e primatas. Esse conhecimento poderá ser utilizado para criar sistemas de sinais comunicativos que permitam uma comunicação mais clara e precisa entre cães e seres humanos, além de podermos substituir comportamentos comunicativos indesejáveis como arranhar a porta ou latir demasiadamente quando deseja algo.

Reconhecimento de expressões faciais caninas versus humanas

Photo credit: LeahLikesLemon / Foter / CC BY
Photo credit: LeahLikesLemon / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal. 

Acidentes por mordidas de cães são um problema sério e comum, sendo as crianças o principal alvo desses acidentes. Diversos são os motivos que tornam as crianças mais susceptíveis aos ataques de cães como agitação, produção de sons de alta freqüência, o tamanho e o próprio fato de olharem fixamente para a face do cão, atitude que pode desencadear agressividade por medo ou por dominância. O presente estudo teve por objetivo constatar a reação de crianças diante de fotos de cães com expressão de agressividade e passividade e comparar com a reação diante de fotos humanas. Buscou-se abordar susceptibilidade de crianças aos ataques caninos segundo a sua capacidade de reconhecimento de expressões faciais. Estudos sugerem que o reconhecimento de expressões faciais já ocorre em bebês recém-nascidos.

Além disso, expressões faciais exibidas pelos pais e indicativas de prazer, desprazer, perigo e outras emoções podem ser úteis para o aprendizado sobre o meio em que a criança vive. Entretanto, ainda que as crianças na faixa de 1 a 3 anos de idade demonstrem algum entendimento de expressões faciais ele ainda é bastante rudimentar. A observação foi realizada com 10 crianças entre 2 e 3 anos de idade. O aparato experimental consistia de 2 placas (92cm x 42cm) com um orifício no centro e uma câmera filmadora. Em uma das placas havia duas figuras de uma mesma pessoa, sendo uma exibindo expressão neutra e a outra sorrindo. Na outra havia duas figuras de um mesmo cachorro, sendo uma exibindo expressão neutra e outra com os dentes aparentes (expressão de raiva). As placas foram apresentadas para cada criança por um período de 10 segundos e foi registrado, em fita de vídeo, a direção de seus olhares.

Os resultados mostram quem não houve preferência em relação às fotos humanas. Já para as fotos de cachorro, houve uma clara preferência pela foto onde os dentes estavam expostos. Tal fato pode ser comparado à preferência por sorrisos em experimentos com faces humanas, além de consistir um fator de risco para acidentes entre cães e crianças. Isto fortalece a hipótese de que crianças desta faixa etária poderiam confundir a sinalização de ataque expressa pelos animais, com o sorriso humano, levando a uma aproximação da criança ao animal, ao invés de evitação.

Adestramento: evite erros comuns!

erros-ao-adestrarEducar ou adestrar o bichinho de estimação nem sempre é uma tarefa fácil. Antes de mais nada, é preciso ter muita paciência, saber respeitar o espaço dele e, ainda assim, ser persistente na hora de ensiná-lo.

Algumas atitudes do dono podem influenciar negativamente na educação do animal, pois, algumas vezes, ele pode não entender o que queremos passar para ele.

O que não fazer?

– Broncas desnecessárias: evite-as! Se o cachorro fez algo errado, não dê bronca após o acorrido, assim ele ficará sem entender. O certo é corrigi-lo no ato.

– Uso da palavra “não”: não use a palavra “não” toda hora. Muitas vezes, ao fazer algo errado, o animal está apenas tentando chamar a sua atenção. Cair na armadilha de correr atrás dele vai reforçar esse comportamento!

– Violência: não use violência física para ensinar! Isso pode levar o animal a desenvolver distúrbios comportamentais.

Sociabilização e sua importância no desenvolvimento de um cão!

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Por Carlos Antoniolli, adestrador da equipe Cão Cidadão.

Sociabilizar é o processo de se tornar sociável, ou seja, estar apto a viver em sociedade! Redundâncias a parte, pensando em tornar um cão sociável, é fazer com que o mesmo interaja e se adapta a diversas situações do dia a dia de uma forma natural e tranquila.

Na fase inicial da vida do cão, ou seja, nos seus primeiros 3 meses de vida a atividade cerebral está em pleno desenvolvimento e o que apreender nesta fase irá agregar para o resto de sua vida. Por isso, entendemos que essa é a fase primordial no que se refere à sociabilização. Se, neste período, o animal for exposto a diversos estímulos de uma forma gradual e associar a algo positivo (ex. fogos, trovões, pessoas e animais diversos), a probabilidade de levar essa associação para o resto de sua vida é grande.

É verdade também que nesta fase o animalzinho está, em seu aspecto imunológico, mais fragilizado, que é justamente a fase da vacinação. Mas não tenha este argumento como justificativas para não fazer a sociabilização, pois muitos cães passam perfeitamente a fase crítica imunológica e quando adultos são abandonados ou morrem por apresentarem níveis de fobias altíssimos.

Por exemplo, são os cães que se desesperam intensamente com fogos de artifícios, podendo até se colocarem em perigo de morte para fugirem do barulho. Algumas dicas seguras para aplicar o processo de sociabilização, no que se refere às doenças, é instalar em seus dispositivos (Smartphones, celulares, tablets, computadores…) algum aplicativo que emita sons do dia a dia (sons de ambulância, fogos, latidos, miados, aplausos e etc…) e gradativamente ir aumentando o som até que o cãozinho esteja bem familiarizado e tranquilo.

Outra dica é levar o cãozinho no parque, shopping e etc no colo, e deixar que as pessoas o toquem em seu dorso (costas) e que associe positivamente o ambiente e as pessoas. Lembrando que nesta fase ele receberá e compreenderá intensamente esses estímulos e este deverá ser aplicado gradativamente, respeitando a sensibilidade individual do cãozinho. A qualidade de vida de seu cãozinho está intimamente ligada ao grau de sociabilização… cães mais sociáveis, cães e donos mais felizes!!!

Fonte: Publicado no Portal Simba Lovers. 

Como os animais ouvem?

Photo credit: Aidras / Foter / CC BY-ND
Photo credit: Aidras / Foter / CC BY-ND

De acordo com o zootecnista Alexandre Rossi, cada animal está programado para ouvir em uma determinada freqüência. Muitos deles, inclusive, são capazes de distinguir ultra e infra-sons, imperceptíveis para os humanos. Os elefantes, por exemplo, escutam os gravíssimos infra-sons, presentes em tremores de terra, em alguns ruídos que emitem pela tromba, etc.

Os gatos e cachorros, por sua vez, ouvem ultra-sons, agudos demais para as pessoas, e, assim, são capazes de escutar até os ruídos que os ratos fazem entre si. “Para animais que vivem da caça, esta capacidade é primordial, pois o ultra-som possibilita que detectem com precisão a localização da presa”, afirma Rossi.

Ele também chama a atenção para o tubarão: “mais do que simplesmente ouvir, este animal sente estímulos elétricos, que denunciam até um coração batendo a alguns metros de distância”. Rossi lembra que algumas espécies chegam a se orientar especialmente por intermédio do som: morcegos e golfinhos utilizam um sistema de emissão e recepção de ultra-sons para “desenhar” o espaço onde estão e se deslocarem com facilidade. 

O zootecnista também cita os pássaros que, algumas vezes, são capazes de ouvir larvas dentro da madeira ou minhocas cobertas por dez centímetros de terra.

Brincar é aprender (a importância dos pets)

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Photo credit: Takashi(aes256) / Foter / CC BY-SA

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal. 

Bom, agora que acabamos de trabalhar, fazer coisas sérias e produtivas, podemos finalmente brincar! É assim que a maioria das pessoas encara a brincadeira: algo que deve ser feito apenas ao término das “coisas importantes” – quando elas terminam. Ou, então, simplesmente como uma recompensa para estimular as atividades “mais úteis”.

Nós menosprezamos a importância da brincadeira para a saúde mental e física das pessoas e dos animais. Brincar prepara a pessoa ou o animal para enfrentar o mundo real, ajuda a estabelecer vínculos, a aceitar papéis, regras sociais e morais.

E como simples brincadeiras podem nos ensinar tudo isso? A saúde física é estimulada pelos exercícios, quase sempre presentes nas atividades em espaços abertos, e também pelos movimentos que estimulam e treinam a coordenação motora. As atividades físicas durante esses momentos são feitas com prazer, o que colabora muito para um aprendizado motor mais duradouro e sem frustrações.

A saúde mental também é beneficiada. Aprender a respeitar regras, estabelecer um contato íntimo com um outro organismo, integrar-se socialmente, aprender a se colocar no lugar do outro etc., são algumas das lições que essas atividades de lazer são capazes de ensinar.

Troca de lugares

A ciência está descobrindo, cada vez mais, o quanto é importante a relação homem/animal. As atividades com animais trazem inúmeros benefícios para o ser humano e para o animal de estimação. Brincando com nossos pets, aprendemos a nos colocar no lugar dele e tentamos perceber o mundo da maneira que eles percebem.

Ao conseguirmos prever atitudes e estratégias do animal, como o escape da “perseguição”, conseguimos entender o processo de tomada de decisão do animal, ou seja, nos colocamos no lugar dele. Muitos pets são capazes de, também, interpretar nossas reações e prever comportamentos, tornando um jogo cada vez mais interessante para ambas as partes e permitindo um conhecimento sobre o outro cada vez maior. Esse processo gera um sistema de comunicação novo, estimulado por novas percepções, colaborando para a criatividade e a adaptabilidade da pessoa e do animal.

Os pets também ensinam o ser humano a entender e a lidar com as emoções. Durante as brincadeiras com eles, as emoções são vivenciadas de uma maneira mais pura, simples e direta, pois os animais não sofrem de personalidade dividida pela tentativa de se adaptar aos padrões da sociedade. Ao lidarmos com emoções puras, aprendemos suas verdadeiras características, e ganhamos com ferramentas essenciais para enfrentarmos um mundo cheio de emoções e vontades camufladas por restrições da nossa complicada civilização. Correr com seu animal, fazer carinhos, jogar com brinquedos ou mesmo criar brinquedinhos são pequenas coisas que podem trazer grandes mudanças – para você e para ele.

Vai adotar? Confira algumas dicas!

dicas-adocaoAntes de adotar um animal de estimação, é preciso ficar atento a alguns detalhes, como, por exemplo, ao temperamento do pet.

Se você já avaliou os prós e contras, e está determinado a procurar um amigo, algumas ONGs e instituições, apoiadas pela Cão Cidadão, ajudam a integrar novamente os animais na sociedade.

Escolhendo o seu pet

Ao procurar seu novo bichinho, não se deixe levar apenas pela idade dele, afinal, cães adultos podem se tornar também grandes amigos. Considere o comportamento do animal e veja se ele vai se adaptar à rotina e ao perfil de sua família.

Primeiros dias

Ao mudar de ambiente, o seu novo amigo precisará de um tempo para se adaptar. Como a mudança de local é repentina, é preciso reduzir, ao máximo, o nível de estresse dele, fazendo companhia e cuidando bem de sua alimentação.

Qual é a idade do seu cachorro?

calcular-idadeJá parou para pensar como é calculada a idade do seu cãozinho? Claro que já, não é? Todo mundo uma vez na vida já ficou com essa dúvida.

São muitos os mitos e verdades relacionados ao tema, por isso, separamos abaixo alguns deles, que podem te ajudar a entender mais sobre a idade dos cães. Confira:

Cada ano canino deve ser multiplicado por sete para termos sua idade humana.

MITO! De acordo com a adestradora e consultora comportamental da equipe Cão Cidadão, Malu Araújo, esse cálculo varia de acordo com o porte do animal. Inclusive, outra informação que deve ser levada em consideração é que os cães envelhecem mais nos dois primeiros anos de vida, então, para a maioria das raças, um cachorro de um ano de vida, na idade humana, terá mais ou menos 15 anos, aos dois anos terá em torno de 23 ou 24 anos. A partir dos três anos esse cálculo muda e aí cada um envelhece de acordo com o seu porte e tamanho.

Quanto maior o porte do cão, mais rápido ele envelhece.

VERDADE! Para cães de pequeno porte, devemos multiplicar sua idade por cinco. Cachorros de porte médio por seis, enquanto os grandes em torno de 7 ou 8 vezes. Assim, chegaremos a um cálculo mais preciso.

Manias compulsivas em cães

compulsaoO seu cãozinho possui alguma mania compulsiva? É preciso ficar atento a esse comportamento.

Primeiro, a compulsão pode ser diagnosticada em qualquer bicho de estimação, não só nos cães, e isso acontece por diversos fatores. O mais provável pode ser pelo fato de o animal estar entediado.

Principais sintomas

A compulsão é um distúrbio que leva o animal a repetir determinado comportamento diversas vezes ao longo do dia, sem que haja algum motivo aparente. Isso pode ocorrer quando o pet está bastante ocioso.

Entre os sintomas, estão: perseguir a própria cauda, latir sem parar, arrancar parte da pelagem e morder as patinhas até machucar.

Como ajudar o pet?

Levar o pet para passear é uma ótima maneira de lidar com os comportamentos compulsivos. Crie condições e atividades com as quais ele gaste energia.

Se possível, não o deixe sozinho por muito tempo. Ofereça a ele, por exemplo, a refeição em brinquedos que estimulem alguma atividade. O incômodo de enfrentar mudanças será menor se o pet for habituado desde filhote a diversos ambientes, situações, pessoas e animais.

Essa sociabilização deve ser feita sempre de maneira gradativa, sem mudanças bruscas.

NÃO VÁ AINDA!!

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