Síndrome das alturas

Photo credit: nanaow2006 / Foter / CC BY
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Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal. 

As pessoas associam gatos com habilidade para lidar bem com altura. Poucas imaginam que seu próprio gato poderá um dia cair ou se jogar de um lugar alto demais, como do vigésimo andar. Por isso, não se preocupam em tomar precauções para protegê-lo. Mas, infelizmente, gatos caem de janelas de prédios altos com relativa freqüência. E muitos proprietários só ficam sabendo que o felino deles corria esse perigo depois de o perderem.

“Epidemia” na primavera
Nos Estados Unidos, com a primavera vem um aumento significativo da quantidade de gatos que sofrem queda de edifícios. É quando muitos donos dão, involuntariamente, condições para que esses fatos aconteçam, ao abrirem suas janelas após um inverno rigoroso. Por isso, a American Society for the Prevention of Cruelty to Animals (ASPCA) costuma alertar proprietários de gatos de todo o país, no início da primavera, sobre esses acidentes, para evitar que as quedas se tornem “epidemia”.

Aterrissagem surpresa
Na maioria dos acidentes, os gatos não se jogam. Eles caem. Muitos deles têm o hábito de pular para chegar na sacada de uma janela e acabam escorregando na aterrissagem, por distração ou por haver algo diferente no local onde costumam se apoiar. Por exemplo: orvalho, um objeto novo no beiral ou ausência de um ponto de apoio presente até então, como um aparelho de ar-condicionado. Gatos com aptidões físicas restritas, como os mais idosos e os muito novos, correm muitos mais riscos.

Pior que pesadelo
Os gatos também têm, como nós, diversas fases de sono, inclusive a REM, quando sonham. Nesses momentos podem fazer movimentos inconscientes e cair se estiverem num beiral.

Tudo por uma caçada
Um inseto ou passarinho no lado de fora do apartamento podem atrair tanto a atenção do gato a ponto de ele tentar caçar e acabar caindo. Esse tipo de acidente é muitíssimo comum com filhotes que querem brincar com tudo e ainda não desenvolveram bem o equilíbrio.

Em busca de aventura
Alguns gatos podem pular de propósito da janela, querendo apenas dar uma voltinha, principalmente quando o apartamento não é muito alto. A chance de isso acontecer aumenta entre os machos não castrados, as fêmeas no cio e os gatos que viveram parte da vida soltos.

Equipado para quedas
Os gatos desenvolveram comportamentos específicos, fisiologia e anatomia próprias para enfrentar quedas grandes. Mas podem se machucar até mesmo num pulo ou numa queda de pouco mais de um metro. Principalmente quando são idosos ou obesos. É comum que os gatos mostrem receio de saltar alturas a partir de dois metros, mas podem optar por enfrentar alturas bem maiores se não encontrarem alternativa.

Quando em queda livre, por meio de uma rotação que se inicia pela cabeça, esses felinos conseguem ficar em décimos de segundo com as patas para baixo, a partir de qualquer posição. Além disso, suas patas funcionam como potentes amortecedores, com musculatura capaz de absorver o impacto do corpo até uma velocidade próxima a 90 km/ h. Essa velocidade é atingida por um gato ao cair do 6º andar de um prédio.

Pára-gatos
Um estudo publicado no Journal of the American Veterinary Medical Association, em 1987, examinou 132 casos de gatos que caíram de janelas (altura média equivalente a 5,5 andares) e constatou que 90% deles sobreviveram.

Quanto maior a altura das quedas, mais ferimentos e ossos quebrados os gatos apresentaram. Mas o incremento ocorreu até a altura equivalente a sete andares, quando os ferimentos, em vez de aumentar, começaram a diminuir! Ou seja, um gato que cai do 20º andar tem mais chances de sobreviver do que um gato que cai do 7º andar! Como isso é possível? Estudos mostraram que quando o gato cai do 6º andar, atinge a sua velocidade máxima de cerca de 90 km/h em queda livre pouco antes de tocar o solo. Depois que essa velocidade é atingida, a resistência do ar se torna tão grande que impede maior aceleração. Portanto, o impacto de cair do 6º andar ou de cima das nuvens é o mesmo, em se tratando de um gato.

O motivo que leva o gato a se machucar menos quando cai de mais alto é bastante discutido. A teoria mais aceita é que o sistema de amortecimento funciona melhor após alguns ajustes que são feitos durante a queda. Com mais tempo para se organizar, o gato consegue tornar mais eficiente o uso de seu corpo e obter um melhor efeito de amortecimento.

O que há por trás das brincadeiras dos gatos?

Photo credit: Horia Varlan / Foter / CC BY
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Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Por que o gato brinca?
As brincadeiras do gato podem ter diversos motivos. Uma de suas utilidades é essencial: a simulação de caçadas. Trata-se de uma excelente maneira de o fato estar bem preparado para a captura de presas, atividade na qual o erro pode custar ficar sem uma refeição.

Desde filhote, o gato treina aproximações silenciosas e sorrateiras. Seus movimentos lentos, aprimorados para surpreender a presa, contribuem também para a tão admirada elegância felina. Entre os exercícios típicos, estão explorar o ambiente, agarrar bichinhos e observar atentamente suas reações, esconder-se atrás de objetos e tentar dar o bote no melhor momento.

Experiências como essas, praticadas continuamente, ajudam o gato a identificar as particularidades de cada tipo de presa e a se adaptar melhor às novas situações. Quando especializado em caçar lagartos, por exemplo, o gato desenvolve técnicas bem diferentes das que utiliza quando se dedica principalmente à captura de passarinhos.

Brincando, o filhotes adquire suficiente habilidade para ganhar independência do leite materno, alimento que em pouco tempo se torna indisponível. Depois disso, a prática continua e o comportamento vai sendo aperfeiçoado. Aumento assim o aproveitamento das oportunidades e fica cada vez mais difícil, para as presas, conseguir escapar do felino.

Por meio das brincadeiras, é feito também o aprendizado de técnicas para enfrentar situações de luta. Sem levar mordidas nem arranhões, sofrimentos inevitáveis nas brigas de verdade, o gato aprimora o ataque e a defesa, avalia a própria força e estima a capacidade dos possíveis adversários, obtendo mais condições de saber quando é melhor partir para a brida ou sair correndo.

As brincadeiras, ainda, estreitam laços afetivos com o grupo, se o gato convive com outros exemplares. Todo esse aprendizado desenvolve os comportamentos adaptativos, fundamentais por contribuírem para a sobrevivência e a reprodução da espécie.

Instinto e aprendizado
Será que os gatos têm noção da importância das brincadeiras para eles? Na verdade, em grande parte, eles são estimulados a praticá-las pela programação genética. Que modela o aprendizado recompensado com sensações de prazer casa movimento correto realizado. Quando o gato não consegue capturar a caça, apesar de perder uma oportunidade para sentir o prazer de ingerir alimento, sente o prazer de estar caçando. Graças a isso, fica menos frustrado com o insucesso e não pára de se exercitar. Assim, em pouco tempo, sua técnica evolui muito.

Efeitos da concentração
Enquanto caça, o gato se concentra totalmente na atividade. Grande parte do cérebro dele fica ocupada na percepção de cada movimento da presa, sem se deixar atrapalhar por estímulos como sons, plantas que se mexem ao vento, irrelevantes para ele naquele momento.

A concentração é tanta que, ao puxarmos um fiozinho, ficamos com a impressão de desaparecer para o gato, que resolve atacá-lo como se não tivéssemos relação alguma com o fio. Estudos mostram que, de tão concentrado que o gato fica enquanto caça, ensurdece momento antes de dar o bote. É diferente do que ocorre com cães. Eles costumam caçar em grupo, precisando estar atentos ao mesmo tempo à presa, que tentam cercar, e aos companheiros.

Relaxamento e teste de estresse
O fato de o gato estar ou não disposto a brincar serve para indicar como anda o estado emocional dele. Um possível sinal de estresse é ele deixar de brincar. Quando uma situação é interpretada pelo gato como ameaça à sua sobrevivência imediata, ele se concentra nela e deixa de brincar. Se essa recusa se prolongar, é preciso avaliar e tentar eliminar a causa – o estresse contínuo pode provocar mal físico e psicológico ao gato.

De outra parte, quando ele aceita brincar, pratica uma atividade que o ajuda a relaxar as tensões. Já que brincar é tão importante para o bem-estar do gato, no próximo artigo darei dicas de como brincar com ele e, também, de como testar suas habilidades na caça.

Comandos para exercitar com o pet nas férias

Photo credit: MICOLO J Thanx 4 650k+ views / Foter / CC BY
Photo credit: MICOLO J Thanx 4 650k+ views / Foter / CC BY

Por Cássia Rabelo Cardoso dos Santos, adestradora e consultora comportamental da equipe Cão Cidadão.

As férias chegaram e, com elas, muitas pessoas aproveitam para curtir momentos de descontração com seus pets. Uma boa dica é treinar alguns comandos com eles, para que possam se divertir ainda mais!

Com o adestramento, é possível estabelecer um canal de comunicação eficaz com o pet. Ele começa a entender o que queremos e esperamos dele. O adestramento baseado no reforço positivo, ou seja, utilizando recompensas que o pet aprecie bastante para premiar os acertos, é a forma mais eficaz de ensinar brincando! Para iniciar os treinos, o ideal é induzir o movimento esperado e recompensar exatamente no instante em que ele ocorrer.

A utilização de um marcador, chamado de clicker, auxilia bastante no treinamento. O clicker é um aparelhinho que emite um som metálico ao ser pressionado. Mas, pode-se também utilizar um estalo com a boca. Isto para que o exato momento em que o comportamento esperado seja marcado, ficando ainda mais claro para o peludo que é aquilo que se espera dele e que logo em seguida receberá a recompensa. Após algumas sessões de treinamento, o som do clicker significará “acertei, agora vou ganhar uma recompensa deliciosa!”.

Por exemplo, para ensinar o comando SENTA, basta manter um petisco pequeno entre os dedos e bem perto do focinho, direcionando a cabeça do cão para trás. A tendência é que ele naturalmente se sente e, nesse momento, deve ouvir o clicker e ser recompensado! Após algumas repetições, quando o movimento se tornar praticamente automático, introduz-se o comando verbal.

Outro comando interessante é o VEM, muito útil quando se está com o cão no parque, por exemplo. O segredo desse comando é associar o chamado sempre a algo muito positivo, ou seja, quando o cão ouvir o dono chamando, qualquer que seja o local, certamente virá imediatamente ao saber que ganhará algo que goste bastante!

Mas, é importante lembrar: não utilize o comando VEM para situações desagradáveis para o cão, como, por exemplo, tomar remédio ou ir embora do parque, pois, assim, ele passará a associar que o chamado do dono não significa algo tão legal assim.

Outro bastante divertido é o BUSCA e SOLTA, a ser utilizado para o cão buscar um brinquedo, trazê-lo e devolvê-lo. Bolinhas, em geral, são as preferidas e esses dois comandos acabam gerando momentos muito divertidos entre o cão e seu dono!

Fazer o cão perseguir a bola é fácil, pois eles costumam ter enorme prazer nessa atitude. Mas, nem sempre é tão fácil fazê-lo trazer de volta e soltar. O grande segredo é ter duas bolas ou brinquedos iguais, de que ele goste muito. Quando se joga um, começa-se a brincar com o outro. A tendência natural, ao ver outro objeto sendo mais valorizado pelo dono, é que o cão solte aquele que estiver em sua boca. Nesse momento, deve-se clicar e jogar o outro imediatamente. O treino torna-se, rapidamente, uma brincadeira muito divertida!

Com o reforço positivo, aplicado com base nas dicas acima, é possível ensinar um infinidade de comandos aos pets, tornando tudo uma brincadeira extremamente divertida, durante as férias ou em qualquer oportunidade!

Fonte: The Pet News.

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