Por Tarsis Ramão, adestradora da equipe Cão Cidadão.
De uns tempos para cá, a sua cachorrinha anda com comportamentos estranhos? Raspa cantinhos da casa ou cava a caminha? Fica protegendo objetos ou está mais ansiosa e choramingando? Se a sua cadelinha nunca teve um “namorado” e apresenta essas atitudes, talvez ela esteja com o que chamamos de gravidez psicológica.
A gravidez psicológica, ou pseudociese, ocorre em mais de 50% das cadelas não castradas. Além das mudanças comportamentais, ela causa alterações físicas, como o desenvolvimento das glândulas mamárias.
Por que acontece?
Dois fatores podem favorecer essa gravidez imaginária. Primeiramente, a questão fisiológica. Alterações hormonais podem influenciar o comportamento e o desenvolvimento de tecidos mamários. Isso pode acontecer quando diminui bruscamente o hormônio progesterona, presente durante o cio e por mais dois meses.
Quando a cadela está para dar à luz, cai o nível de progesterona, o que estimula a produção do hormônio prolactina – que, por sua vez, age no tecido mamário, podendo ativar a produção de leite, mesmo sem a fêmea estar esperando nenhum filhotinho.
A questão comportamental também favorece essa condição. Mas, para entender, devemos pensar quando os cães viviam em matilhas. Nelas, só os indivíduos dominantes se reproduziam, que também eram os melhores caçadores. As lobas não dominantes, que desenvolviam gravidez psicológica, podiam cuidar, com perfeição, dos filhotes das fêmeas dominantes, que saiam para caçar.
Assim, as fêmeas “babás” se aproximavam afetivamente da líder e desenvolviam um bom relacionamento com a próxima geração. E, ser influente em uma matilha era muito relevante para sobrevivência.
Como lidar?
O ideal é agir com naturalidade e respeitar esse comportamento. Evite tirar os objetos que sua cachorrinha pode estar protegendo. Isso pode deixá-la mais ansiosa e até agressiva. Se precisar se aproximar do “ninho”, faça isso oferecendo algum petisco, para que ela faça associações positivas e não se estresse.
A gravidez psicológica costuma terminar em duas semanas. Mas, você pode consultar um veterinário para verificar a necessidade de algum medicamento para inibir a produção de leite antes disso. A melhor maneira de prevenir esse comportamento é a castração, que também pode prevenir doenças, como o câncer de mama e de útero nas fêmeas.
Fonte: Pet Center Marginal.