Pensando em adquirir um gato

Photo credit: CJ Isherwood / Foter / CC BY-SA
Photo credit: CJ Isherwood / Foter / CC BY-SA

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Existe um preconceito muito grande com relação aos gatos. Mas, após conhecê-los realmente, muitas pessoas se tornam amantes de tais criaturas.

Sem dúvida nenhuma, os gatos são diferentes dos cães e qualquer pessoa que espere um comportamento igual poderá se decepcionar. Gatos são mais independentes, donos das próprias vontades — não se submetem ao ser humano com tanta facilidade. Mas isso não quer dizer que eles não se apegam a pessoas, que são interesseiros e falsos, como muita gente costuma falar.

As diferenças comportamentais entre cães e gatos são fruto do diferente modo de vida que cada um levava. Os ancestrais dos gatos caçavam animais menores que eles, como ratos e passarinhos. Por isso, podiam caçar sozinhos.

Já os ancestrais dos cães caçavam também animais grandes. Para eles, fazer parte de um grupo era questão de sobrevivência, enquanto que para o gato não era. Daí vem a necessidade de o cão estar sempre por perto do grupo dele ou de seu “proprietário”, enquanto que para o gato nunca existiu essa preocupação. Mesmo não havendo mais necessidade de caçar para se alimentar, tanto os cães como os gatos mantêm comportamentos que já foram essenciais para a sua sobrevivência.

Independência e apego
Apesar de mais independente, o gato também se apega a pessoas, reconhece os seus proprietários, dá carinho e procura companhia. Há quem julgue os cães dependentes demais, querendo sempre chamar a atenção, nunca dispostos a ficar sozinhos. Pessoas assim podem até se sentir “sufocadas” por cães e encontrar nos gatos uma companhia ideal.

Território
De certa forma, os gatos são até mais territoriais que os cães: a maioria dos felinos não relaxa até conhecer bem seu espaço. Demonstrações de carinho só ocorrem depois de o gato ter se adaptado ao ambiente. Antes disso, estará estressado, preferirá ficar sozinho e, para se desvencilhar, poderá arranhar e morder até mesmo pessoas conhecidas.

Higiene e cheiro
Extremamente limpos, os gatos são quase obstinados por limpeza. Exceto algumas raças de pelo longo, são capazes de se limpar perfeitamente. Têm instinto de enterrar as fezes e a urina e, por isso, são facilmente treinados a usar uma caixinha de areia como banheiro.

Levar para passear
Facilmente o gato se sente desprotegido em ambiente novo. Por isso, não costuma ser muito fácil passear com ele, pelo menos da mesma maneira que se passeia com um cão. O gato se assusta com mais facilidade, atrapalhando a marcha constante durante o passeio.

Elegantes e discretos
Gatos são de uma elegância notável e se deslocam discretamente. Embora mais silenciosos que os cães, quando não castrados podem se tornar bastante barulhentos na época do cio, tanto machos como fêmeas, emitindo miados longos e contínuos.

Grandes saltadores
Por saltar mais alto e escalar melhor que o cão, o gato escapa com mais facilidade para a rua. Mantê-lo sem acesso à área externa e colocar telas nas janelas são recursos adotados por algumas pessoas para evitar o problema. Mesmo porque, em um apartamento, saltar pela janela ou cair dela pode resultar em acidente fatal.

Cuidado com os móveis
Raspar as unhas é uma necessidade para os gatos. Muitas vezes, eles escolhem estofamentos para fazê-lo. Existem arranhadores no mercado que podem ajudar a preservar a mobília. Mesmo assim, às vezes, é necessário supervisionar o felino até ele aprender a arranhar somente no arranhador.

Vira-lata ou de raça
Existem diversas raças de gatos, algumas mais calmas como o Persa e outras mais agitadas como o Siamês. Os vira-latas também constituem uma boa opção, já que costumam ser saudáveis e resistentes a doenças. Gatos muito peludos exigem maiores cuidados de limpeza e escovação. Os de pelo curto raramente necessitam de banho.

Filhote ou adulto
Filhotes são mais brincalhões e demandam mais cuidado, atenção e socialização. Os gatos adultos podem se adaptar perfeitamente a novos ambientes e se tornar bastante apegados a novos donos. Uma vantagem de adquirir um exemplar adulto é que o temperamento já está definido. O filhote ao crescer pode se tornar mais medroso e arredio do que se gostaria.

Macho ou fêmea
Gatos, principalmente machos, podem demarcar a casa com urina. Para evitar que isso ocorra, recomenda-se a castração.

Como tornar o gato mais amigável com visitas

Photo credit: .Great Grandpa & Grandma T. / Foter / CC BY
Photo credit: .Great Grandpa & Grandma T. / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Esconder-se, ficar sem brincar e até sem comer quando chegam visitas são comportamentos comuns em gatos. Mas isso frustra o proprietário “coruja”, por não conseguir tirar o animal de debaixo dos móveis para mostrá-lo. As visitas também ficam chateadas ao constatarem que o gato não gosta delas, e o bichano, por sua vez, mantém-se na defensiva, com medo, e deixa de receber carinhos e de curtir a novidade.

Tirar o gato do esconderijo, por melhor que seja a intenção, é afastá-lo do lugar que o faz se sentir protegido, deixando-o inseguro. Respeite o esconderijo do gato. Assim, ele ficará um pouco menos ansioso nas situações que julgar estranhas. Antes de se culpar pelo comportamento do bichano ou de considerar as visitas maus elementos, saiba que faz parte da natureza felina ser desconfiado. Imagine um gato explorando as redondezas sem se resguardar. Em pouco tempo poderá ser devorado por um cachorro. O oposto também não é adequado. Se o gato for medroso demais e não se acostumar a novidades, poderá deixar de achar alimentos, de chegar a lugares gostosos para tirar uma soneca e de encontrar parceiros para se acasalar.

O comportamento cauteloso varia bastante de um gato para outro. É fruto em parte da genética e em parte das experiências vividas. Gatos expostos a estímulos diversos quando filhotes costumam se tornar os menos medrosos e os mais preparados para aceitar mudanças.

O Fusquinha precisa associar visitas com coisas boas para diminuir o medo e tornar a vida mais agradável para todos. Coloque-se no lugar dele. Depois da chegada de um estranho, Fusquinha deixa de poder se esparramar em qualquer lugar, de se alimentar e de receber carinho das pessoas em quem confia. Se ele se sentir em perigo e tiver necessidade de ficar escondido em um cantinho, sem acesso a tudo que tinha minutos antes, é claro que não vai curtir visitas! E enquanto estiver isolado, tentando preservar a integridade, não poderá descobrir que as visitas não iriam machucá-lo nem atacá-lo.

É possível tornar a presença de visitas interessantes e agradável para os garotos associando-se a chegada de alguém a algo que o gato adore: por exemplo, dando petiscos e carinho a ele sempre que entrar uma visita. Guarde parte da ração e dos petiscos mais apetitosos para essas ocasiões (a vontade de comer diminui em situações de estresse e se o gato ganhar de tudo o tempo todo não teremos nada de especial para servir naqueles momentos).

No começo, a guloseima é oferecida bem próximo ao esconderijo do gato. Deixe-o comer tranquilamente. Assim que esse costume for usual, coloque o alimento um pouco mais afastado, estimulando o gato a sair parcialmente do esconderijo. Aos poucos, vá colocando o alimento cada vez mais perto das visitas. Qualquer movimento que pareça assustador para o gato, ou mesmo a tentativa de agarrá-lo, pode atrapalhar o processo. As visitas devem procurar ignorá-lo totalmente, pelo menos no começo. Impeça-as de forçar o contato físico com o bichano.

Com o tempo, o gato pode passar a pedir alimento toda vez que chegarem visitas e até mesmo ir diretamente até elas. Se você quiser encorajar esse comportamento, peça para as visitas colaborarem dando também pedaços de petiscos.

Espero que essas dicas ajudem o seu gato a ser mais corajoso e a descobrir como pode ser bom receber visitas!

Resumo das dicas

Respeite o esconderijo do gato. Não o tire de lá e nem o perturbe.
Ofereça alimentos apetitosos e carinho para o seu gato sempre que receber visitas.
Aos poucos, estimule-o a sair do esconderijo para pegar pequenos pedaços de petisco.
Impeça estranhos de assustar o gato ou de forçar o contato físico.

Adestramento: evite erros comuns!

erros-ao-adestrarEducar ou adestrar o bichinho de estimação nem sempre é uma tarefa fácil. Antes de mais nada, é preciso ter muita paciência, saber respeitar o espaço dele e, ainda assim, ser persistente na hora de ensiná-lo.

Algumas atitudes do dono podem influenciar negativamente na educação do animal, pois, algumas vezes, ele pode não entender o que queremos passar para ele.

O que não fazer?

– Broncas desnecessárias: evite-as! Se o cachorro fez algo errado, não dê bronca após o acorrido, assim ele ficará sem entender. O certo é corrigi-lo no ato.

– Uso da palavra “não”: não use a palavra “não” toda hora. Muitas vezes, ao fazer algo errado, o animal está apenas tentando chamar a sua atenção. Cair na armadilha de correr atrás dele vai reforçar esse comportamento!

– Violência: não use violência física para ensinar! Isso pode levar o animal a desenvolver distúrbios comportamentais.

Sociabilização e sua importância no desenvolvimento de um cão!

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Por Carlos Antoniolli, adestrador da equipe Cão Cidadão.

Sociabilizar é o processo de se tornar sociável, ou seja, estar apto a viver em sociedade! Redundâncias a parte, pensando em tornar um cão sociável, é fazer com que o mesmo interaja e se adapta a diversas situações do dia a dia de uma forma natural e tranquila.

Na fase inicial da vida do cão, ou seja, nos seus primeiros 3 meses de vida a atividade cerebral está em pleno desenvolvimento e o que apreender nesta fase irá agregar para o resto de sua vida. Por isso, entendemos que essa é a fase primordial no que se refere à sociabilização. Se, neste período, o animal for exposto a diversos estímulos de uma forma gradual e associar a algo positivo (ex. fogos, trovões, pessoas e animais diversos), a probabilidade de levar essa associação para o resto de sua vida é grande.

É verdade também que nesta fase o animalzinho está, em seu aspecto imunológico, mais fragilizado, que é justamente a fase da vacinação. Mas não tenha este argumento como justificativas para não fazer a sociabilização, pois muitos cães passam perfeitamente a fase crítica imunológica e quando adultos são abandonados ou morrem por apresentarem níveis de fobias altíssimos.

Por exemplo, são os cães que se desesperam intensamente com fogos de artifícios, podendo até se colocarem em perigo de morte para fugirem do barulho. Algumas dicas seguras para aplicar o processo de sociabilização, no que se refere às doenças, é instalar em seus dispositivos (Smartphones, celulares, tablets, computadores…) algum aplicativo que emita sons do dia a dia (sons de ambulância, fogos, latidos, miados, aplausos e etc…) e gradativamente ir aumentando o som até que o cãozinho esteja bem familiarizado e tranquilo.

Outra dica é levar o cãozinho no parque, shopping e etc no colo, e deixar que as pessoas o toquem em seu dorso (costas) e que associe positivamente o ambiente e as pessoas. Lembrando que nesta fase ele receberá e compreenderá intensamente esses estímulos e este deverá ser aplicado gradativamente, respeitando a sensibilidade individual do cãozinho. A qualidade de vida de seu cãozinho está intimamente ligada ao grau de sociabilização… cães mais sociáveis, cães e donos mais felizes!!!

Fonte: Publicado no Portal Simba Lovers. 

O que fazer quando o gato arranha os móveis?

gato-arranha-sofaSeu gato tem a mania de sair arranhando todos os móveis da casa?

Eles geralmente precisam afiar as unhas e arranhar os ajuda a eliminar o estresse e a relaxar. Mas, não precisa ser necessariamente o sofá, não é mesmo?

O ideal é que ele tenha alguns arranhadores e, para escolher o modelo ideal, é preciso prestar atenção ao comportamento do animal. Muitos gatos gostam de arranhadores altos na vertical para poderem se espreguiçar, enquanto outros curtem arranhadores na horizontal.

Uma dica é analisar também a preferência da textura, testando brinquedos e arranhadores de papelão, de corda e revestidos com tecido.

Lembre-se: os arranhadores devem ser firmes!

Onde colocá-los?

Coloque o arranhador no local onde o gato mais gosta de estar. Ele não deve ficar, por exemplo, na área de serviço, caso o seu gatinho não frequente muito esse ambiente.

O mundo pelos olhos do gato

Photo credit: Nick-K (Nikos Koutoulas) / Foter / CC BY
Photo credit: Nick-K (Nikos Koutoulas) / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Gato é sinônimo de liberdade, inteligência e curiosidade. Principalmente curiosidade. Mas ao contrário de nós, os gatos precisam fazer muito menos esforço para perceber o que está acontecendo a seu redor. Eles não che gam ao extremo de “enxergar pelas costas”, mas visualizam elementos que estão ao seu redor com menos esforço. Assim, se alguém passar ao lado ou mesmo por trás de um gato, ele não precisará deslocar muito a cabeça para ver quem é. Isso se deve ao seu sofisticado aparelho visual, típico nos predadores, cujos olhos mostram-se mais projetados da superfície e apresentam um campo visual bastante grande, de 220° a 290° (a humana é de 180°).

Embora enxergue bem durante o dia, a visão do gato é bastante adaptada à visão noturna. Seus olhos apresentam estruturas e mecanismos totalmente direcionados para a visualização na presença de pouca luz, fazendo com que aproveitem melhor a luz do ambiente (estima-se que eles necessitam de cerca de 1/6 da quantidade de luz que para nós é o limite mínimo para a visão).

Um desses mecanismos é dilatação pupilar, a extrema adaptabilidade das pupilas que se dilatam ou contraem conforme a quantidade de luz, permitindo uma melhor visualização do ambiente. Quem nunca reparou na diferença entre os olhos de um gato durante o dia e à noite? Aquele filetinho escuro central se transforma numa esfera negra que toma grande parte do olho. Agora, seus olhos estão ainda mais abertos para a escuridão.

Mas nem tudo é glória. Se por um lado os gatos nos superam na capacidade de enxergar durante a noite, por outro, perdem na acuidade visual, pois eles têm apenas 10% da nossa capacidade de visualizar imagens detalhadas. Isso se deve às mesmas estruturas oculares que maximizam a visão noturna, que diminuem a resolução das imagens, tornando-as, na maioria das vezes, obscura. Além disso, eles apresentam pouca acomodação visual e uma leve miopia, que também resultam na visualização de uma imagem imperfeita.

Dessa forma, elementos como o movimento dos objetos, assim como variações de tamanho e algumas formas básicas são primeiramente visualizadas em detrimento aos detalhes. Portanto, se o seu gato não vem mais ao seu encontro quando você oferece aquela apetitosa ração de carne, não pense que agora ele prefere atum, talvez ele não esteja reconhecendo seu prato predileto. Chegue mais perto e então ofereça a ração. Agora sim, ele pode avaliar a oferta.

Seguindo o mesmo raciocínio, podemos imaginar que o gato não dará muita importância e poderá nem mesmo notar se seu brinquedo ambulante é um ratinho ou um ursinho, desde que do mesmo tamanho. Mas com certeza, você chamará sua atenção quando colocá-los em movimento. Ainda que ele não entenda o que aquele formato representa, será extremamente preciso ao agarrá-lo e lançá-lo pelos corredores.

Há divergências entre a possibilidade de visualização das cores. Estudos anatômicos já conseguiram comprovar a existência de componentes oculares e cerebrais necessários para a visualização e discriminação das cores, embora com algumas limitações e sem a certeza do quanto são funcionais. Cientistas americanos já provaram que os gatos são capazes de diferenciar o azul do cinza e o azul do verde, desde que o objeto colorido não esteja muito distante de seus olhos e seja de bom tamanho.

Não se sabe ainda como eles enxergam essas cores, talvez o azul para eles seja visto como uma outra cor; certamente diferente do verde e do cinza. Talvez a compra de camas e brinquedos coloridos para seu gato seja uma tarefa inútil: para ele, talvez grande parte destas cores sejam, na verdade, tons de cinza.

Personalidade de gato

http://foter.com/f/photo/9656522377/646672149a/
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Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Para os donos, cada bichano é um indivíduo diferente. Brincalhões ou reservados, atrevidos ou recatados, audaciosos ou prudentes, melindrosos, modestos, egocêntricos, ou até temperamentais, cada gato parece ter sua própria identidade. Alguns deles, ao longo da história, alcançaram a fama e até ficaram imortalizados em nossas lembranças graças aos seus temperamentos marcantes. Quem não se lembra do criativo gato Félix, sempre cheio de truques, malabarismos e artimanhas? E do melindroso, guloso e preguiçoso Garfield? Sem disfarces e com ar de declaração (“gostem de nós do jeito que somos”), os gatos deixam cada vez mais claro que “personalidade” é algo que não lhes falta!

Até bem pouco tempo atrás estava muito longe da ciência aceitar que gatos poderiam diferir uns dos outros, quer seja no relacionamento com as pessoas ou nas interações com outros gatos. Felizmente, a realidade mudou e atualmente diversas pesquisas têm comprovado que, de fato, o que proprietários observam e relatam é verídico: cada gato tem sua própria identidade. Estudo recente realizado nos EUA filmou inúmeras sessões onde diferentes gatos eram colocados junto de pessoas não familiares. Verificou-se que os gatos exibiam comportamentos bem diferentes, de modo que foram classificados em: gatos amigáveis reservados (sem iniciativa), gatos amigáveis com iniciativa e gatos não-amigáveis. Dentre os gatos amigáveis, por exemplo, havia aqueles que preferiam contato através de brincadeiras, outros preferiam afagos e carícias, e por fim, havia aqueles que procuravam manter um contato à distância, como num verdadeiro “amor platônico”.

Mas o que será que determina esses diferentes temperamentos dos gatos domésticos? De onde vem esta tal “personalidade”? Estudiosos do assunto acreditam que o temperamento de um gato seja resultado de uma combinação de fatores, tais como genética, experiências com a mãe e irmãos de ninhada enquanto filhote, ambiente onde vive e até a própria personalidade do dono. Por exemplo, um gatinho órfão que foi privado das lambidas e esfregamentos de sua mãe e irmãos de ninhada terá grandes chances de se tornar um gato adulto medroso e intolerante às carícias. Da mesma forma, um gatinho vivendo em um ambiente com crianças lhe importunando o tempo todo (obrigando-o a ficar no colo e até usando seu rabo como brinquedo) provavelmente se tornará um adulto assustado e até agressivo.

Mas, sem dúvida, a genética tem uma notável parcela de contribuição no temperamento de um gato. É bastante comum aconselharmos as pessoas a investigarem o temperamento dos pais de um gato, principalmente quando se busca um bichinho bastante dócil. Quem nunca ouviu dizer que gatos amigáveis tendem a gerar filhotes também amigáveis? Isso é verdade, já que mãe e pai transferem para os filhotes genes que contêm toda informação referente a seu organismo, incluindo seu temperamento. É por isso que os filhos, e aí podemos incluir o ser humano, apresentam características maternas e paternas em sua personalidade. A mãe, no entanto, não transmite simplesmente informação genética para seus filhos. Desde que nascem e enquanto são ainda pequenos a mãe lhes transmite ensinamentos bastante importantes para a vida futura, daí a importância dos primeiros contatos dos filhotes com a gata. Já o pai tem pouco ou nenhuma participação nesta fase de ensinamentos, já que os machos praticamente não atuam na criação dos filhotes.

Dessa mistura de fatores herdados e ensinados é que surgem os diferentes temperamentos dos felinos. Embora apareçam e se desenvolvam enquanto o animal é ainda filhote, irão permanecer também no indivíduo adulto. Uma vez formada, a personalidade do gato permanecerá por anos e talvez até por toda a vida. Se enquanto filhote seu gatinho já demonstra, por exemplo, que é capaz de truques, artimanhas e até trapaças para conseguir comida, tenha certeza, quando adulto, será um gato bem malandrinho; daqueles que atacam sua geladeira para afanar alguns petiscos e guloseimas.

Independente do temperamento do felino, o importante é saber entender e compreender que cada gato é um indivíduo diferente. Devemos aceitá-los tal como são e lembrar que uma das grandes características admiráveis nos gatos é justamente o fato de terem “personalidade”.

Como os animais ouvem?

Photo credit: Aidras / Foter / CC BY-ND
Photo credit: Aidras / Foter / CC BY-ND

De acordo com o zootecnista Alexandre Rossi, cada animal está programado para ouvir em uma determinada freqüência. Muitos deles, inclusive, são capazes de distinguir ultra e infra-sons, imperceptíveis para os humanos. Os elefantes, por exemplo, escutam os gravíssimos infra-sons, presentes em tremores de terra, em alguns ruídos que emitem pela tromba, etc.

Os gatos e cachorros, por sua vez, ouvem ultra-sons, agudos demais para as pessoas, e, assim, são capazes de escutar até os ruídos que os ratos fazem entre si. “Para animais que vivem da caça, esta capacidade é primordial, pois o ultra-som possibilita que detectem com precisão a localização da presa”, afirma Rossi.

Ele também chama a atenção para o tubarão: “mais do que simplesmente ouvir, este animal sente estímulos elétricos, que denunciam até um coração batendo a alguns metros de distância”. Rossi lembra que algumas espécies chegam a se orientar especialmente por intermédio do som: morcegos e golfinhos utilizam um sistema de emissão e recepção de ultra-sons para “desenhar” o espaço onde estão e se deslocarem com facilidade. 

O zootecnista também cita os pássaros que, algumas vezes, são capazes de ouvir larvas dentro da madeira ou minhocas cobertas por dez centímetros de terra.

Brincar é aprender (a importância dos pets)

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Photo credit: Takashi(aes256) / Foter / CC BY-SA

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal. 

Bom, agora que acabamos de trabalhar, fazer coisas sérias e produtivas, podemos finalmente brincar! É assim que a maioria das pessoas encara a brincadeira: algo que deve ser feito apenas ao término das “coisas importantes” – quando elas terminam. Ou, então, simplesmente como uma recompensa para estimular as atividades “mais úteis”.

Nós menosprezamos a importância da brincadeira para a saúde mental e física das pessoas e dos animais. Brincar prepara a pessoa ou o animal para enfrentar o mundo real, ajuda a estabelecer vínculos, a aceitar papéis, regras sociais e morais.

E como simples brincadeiras podem nos ensinar tudo isso? A saúde física é estimulada pelos exercícios, quase sempre presentes nas atividades em espaços abertos, e também pelos movimentos que estimulam e treinam a coordenação motora. As atividades físicas durante esses momentos são feitas com prazer, o que colabora muito para um aprendizado motor mais duradouro e sem frustrações.

A saúde mental também é beneficiada. Aprender a respeitar regras, estabelecer um contato íntimo com um outro organismo, integrar-se socialmente, aprender a se colocar no lugar do outro etc., são algumas das lições que essas atividades de lazer são capazes de ensinar.

Troca de lugares

A ciência está descobrindo, cada vez mais, o quanto é importante a relação homem/animal. As atividades com animais trazem inúmeros benefícios para o ser humano e para o animal de estimação. Brincando com nossos pets, aprendemos a nos colocar no lugar dele e tentamos perceber o mundo da maneira que eles percebem.

Ao conseguirmos prever atitudes e estratégias do animal, como o escape da “perseguição”, conseguimos entender o processo de tomada de decisão do animal, ou seja, nos colocamos no lugar dele. Muitos pets são capazes de, também, interpretar nossas reações e prever comportamentos, tornando um jogo cada vez mais interessante para ambas as partes e permitindo um conhecimento sobre o outro cada vez maior. Esse processo gera um sistema de comunicação novo, estimulado por novas percepções, colaborando para a criatividade e a adaptabilidade da pessoa e do animal.

Os pets também ensinam o ser humano a entender e a lidar com as emoções. Durante as brincadeiras com eles, as emoções são vivenciadas de uma maneira mais pura, simples e direta, pois os animais não sofrem de personalidade dividida pela tentativa de se adaptar aos padrões da sociedade. Ao lidarmos com emoções puras, aprendemos suas verdadeiras características, e ganhamos com ferramentas essenciais para enfrentarmos um mundo cheio de emoções e vontades camufladas por restrições da nossa complicada civilização. Correr com seu animal, fazer carinhos, jogar com brinquedos ou mesmo criar brinquedinhos são pequenas coisas que podem trazer grandes mudanças – para você e para ele.

Vai adotar? Confira algumas dicas!

dicas-adocaoAntes de adotar um animal de estimação, é preciso ficar atento a alguns detalhes, como, por exemplo, ao temperamento do pet.

Se você já avaliou os prós e contras, e está determinado a procurar um amigo, algumas ONGs e instituições, apoiadas pela Cão Cidadão, ajudam a integrar novamente os animais na sociedade.

Escolhendo o seu pet

Ao procurar seu novo bichinho, não se deixe levar apenas pela idade dele, afinal, cães adultos podem se tornar também grandes amigos. Considere o comportamento do animal e veja se ele vai se adaptar à rotina e ao perfil de sua família.

Primeiros dias

Ao mudar de ambiente, o seu novo amigo precisará de um tempo para se adaptar. Como a mudança de local é repentina, é preciso reduzir, ao máximo, o nível de estresse dele, fazendo companhia e cuidando bem de sua alimentação.

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