Coleira de citronela

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Por Claudia Terzian, adestradora e membro do Grupo de Estudos Científicos da Cão Cidadão.

Um estudo da Universidade Queens, na Irlanda do Norte, avaliou a eficácia do uso de coleiras de citronela na redução de latidos em 30 cães que usaram o dispositivo de forma contínua (todos os dias durante 30 minutos) ou de forma intermitente (a cada dois dias durante 30 minutos), por um período de 3 semanas. Os proprietários avaliaram seus cães quanto à intensidade dos latidos uma semana antes do início do estudo, durante o treinamento (semanalmente) e uma semana após o término do treinamento.

Resultados
Comparando os cães com sua condição inicial, observou-se que todos latiram com frequência significativamente menor durante e após o período de treinamento.

Durante o treinamento, a redução dos latidos foi mais eficaz nos cães que usaram a coleira de forma intermitente (dia sim, dia não), do que naqueles que a utilizaram todos os dias.

O comportamento voltou a se repetir após a retirada do dispositivo, principalmente nos cães que o utilizaram todos os dias, mas em níveis menores que os apresentados antes do treino.

Nessas duas formas de uso, a coleira perdeu sua eficácia principalmente por conta da habituação do cão ao dispositivo. Porém, foi constatado um período de eficácia com o uso intermitente.

Como aproveitar essa informação no nosso trabalho
As broncas não precisam ser utilizadas 100% das vezes em que o comportamento indesejado ocorre para garantir o sucesso de um treino. Temos muitas outras ferramentas e estratégias para lidar com essa situação, como por exemplo, descobrir e remover a causa dos latidos, aumentar as atividades do cão, promover o enriquecimento ambiental, mudar o comportamento da família, dentre muitas outras que podem alavancar ainda mais o resultado a nosso favor.

As broncas utilizadas de forma intermitente permitem-nos ganhar tempo no treino quando o aluno é medroso, ansioso ou se trata de um cão superestimulado pela situação em que ocorre o comportamento indesejado. Podemos, por exemplo, escolher primeiro trabalhar a ansiedade, criar associações positivas com a situação, tornando o estímulo menos estressante, e até mesmo utilizar medicação, para depois optar por um treino com punições positivas ou então utilizá-las pontualmente durante todo o processo e em situações específicas. Também é importante orientar o cliente a não usar a bronca continuamente até que o treino esteja mais consistente para o aluno.

Devemos considerar ainda que a bronca testada no estudo era despersonalizada, porém fácil de ser associada pelo cão ao uso da coleira. A punição pode ser mais eficaz, tanto com broncas despersonalizadas (em que o cão não associa a presença de pessoas), quanto com broncas presenciais e diretas, se o cão não souber quando o aversivo será de fato utilizado, já que, quando o cachorro está com a coleira, ele percebe que o desconforto sempre ocorrerá.

Portanto…
Quando o proprietário usa a bronca de forma intermitente (de vez em quando), é possível que demore mais tempo para que o cão se habitue, ou seja, se dessensibilize, à punição. Em contrapartida, o uso contínuo pode fazer com que a bronca perca sua eficácia mais rapidamente. Além disso, devemos sempre nos lembrar das outras medidas para modificação comportamental, que devem ser adotadas para o sucesso do treino.

Revisão realizada por Julianna Sant’Anna, adestradora e membro do Grupo de Estudos Científicos da Cão Cidadão.

Cães medrosos: como agir?

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O medo é um sentimento comum de se sentir, inclusive para os animais. Os cães, quando medrosos, podem desenvolver diversos problemas de comportamento, que dificultam a sua integração com a família no dia a dia.

Esse receio pode se manifestar de muitas maneiras, desde formas mais amenas, como o animal se encolher em um canto com o rabo entre as pernas, até atitudes agressivas, como rosnados e mordidas.

Essa condição se desenvolve por inúmeros motivos. “Os cães podem ter levado um susto durante a fase de sociabilização ou até pela falta de estímulos”, explica a adestradora da equipe Cão Cidadão, Gabi Palmisciano.

É possível também que o pet tenha predisposição genética para ser medroso. “Alguns cães podem herdar esse comportamento por conta dos pais”, esclarece Gabi. Esteja atento também, pois, oferecer agrados e carinhos quando o animal apresenta sinais de medo, pode agravar a condição dele.

E como adestrar?

Com paciência e muito treino, é possível minimizar a situação. No caso dos filhotes, é necessário que eles sejam sociabilizados. Esse momento é crucial para evitar que o cão desenvolva medos de objetos, situações, barulhos e pessoas quando adultos, por isso, é importante apresentá-lo, de forma gradual e sempre respeitando os seus limites, a todos os estímulos possíveis.

No caso de cães adultos que já apresentam um comportamento medroso, o ideal é dessensibilizá-los aos poucos, usando a técnica do reforço positivo. “Quando o cãozinho já tem medo de determinada situação, o ideal é antecipar o acontecimento e mudar o foco dele com algo que ele goste”, orienta a adestradora.

O reforço positivo, se feito da maneira correta, ajuda o pet a se relacionar muito melhor com o ambiente ao seu redor. Essa técnica é um recondicionamento – uma forma de relacionar o que causa medo no cão com algo do qual goste, para que ele perca o medo aos poucos.

O ideal, nesses casos, é realizar o adestramento de forma consistente e cautelosa, para evitar estresse e traumas ainda maiores. “Por exemplo, para um cão que tem medo do barulho da campainha, a dica é estimulá-lo com outra atividade que ele goste muito, como jogar bolinha ou fazer uma chuva de petisco, associando a chegada da visita com algo agradável para ele.”

Buscar a ajuda de um profissional especializado em comportamento animal é importante. O adestrador poderá analisar o comportamento do seu cão e indicar o treinamento correto para que ele consiga superar esses medos.

Gostou desta dica? Se quiser contratar os profissionais em comportamento animal para realizar o adestramento, fale com a Central de Atendimento da Cão Cidadão, pelos telefones: 11 3571-8138 (São Paulo) e 11 4003-1410 (demais localidades).

Quanto vale o seu cheiro?

https://www.flickr.com/photos/_tar0_/7100809169/
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Por Laraue Motta, adestradora e integrante do Grupo de Estudos da Cão Cidadão.

Quem trabalha com cães percebe que a comunicação olfativa é muito importante na vida deles. Sabemos que eles podem captar muitas informações farejando, vemos a felicidade dos peludos quando exploram os lugares com o focinho e notamos como aquelas narinas realmente podem ser potentes.

Gregory Berns, neurocientista americano que treinou cães a permanecer imóveis, sem sedação, dentro de uma máquina de ressonância magnética, publicou outro estudo em que avaliou a resposta cerebral de 12 cachorros, também via ressonância magnética, diante de 5 odores distintos: (1) de um humano conhecido; (2) de um humano desconhecido; (3) de um cão conhecido; (4) de um cão desconhecido; e (5) o próprio odor de cada cão.

O que ele descobriu com isso?

Analisando a área iluminada no exame de ressonância dos animais, Berns concluiu que, diante do cheiro de um humano conhecido, o cérebro acionava a mesma área que é ativada quando o cão recebe um petisco. Isso mesmo!! Os cães tiveram uma “sensação” de recompensa quando sentiram o odor de uma pessoa querida.

É importante falarmos que os cientistas tiveram o cuidado de usar o odor de um humano conhecido, mas que não fosse o cheiro da pessoa que fazia o manejo diário do cão. Isso talvez indique que a pessoa que fornece comida e água ao cachorro todos os dias não necessariamente seja “o humano referência” da casa, mas não podemos afirmar isso de fato!

Como isso pode nos ajudar

Considerando o quanto um odor específico pode significar ao cão, podemos planejar treinos que valorizem mais o olfato dos nossos alunos. Por exemplo, é comum pedirmos ao tutor que, ao sair, deixe uma peça de roupa usada próximo a um cão que tem ansiedade de separação, mas não seria mais eficaz se todas as pessoas da casa deixassem um pouco do seu cheirinho espalhado pelo ambiente, para que o cão se sinta “recompensado” pelo odor de todos que conhece? Além disso, por que não tentar nos aproximar de um cão medroso com algum objeto que tenha o “odor recompensador” de um humano conhecido? Ou então, que tal pedirmos ao tutor que manipule os petiscos que vamos usar no treino para valorizarmos ainda mais aquela recompensa e fazermos com que o cão tenha associações positivas com a nossa presença?

Nesse sentido, sabemos que os odores de algumas partes do nosso corpo são bem mais intensos, então poderíamos também usar cheiros específicos, como o suor das mãos e dos pés, manipulando o petisco depois de uma corrida ou guardando a meia “cheia de chulé” para os treinos. Tudo em prol do adestramento! Podemos ainda ir mais fundo e nos arriscarmos a pedir para que o cliente use a caminha do cachorro como assento por uns dias, por exemplo. Assim, o tutor vai deixar na caminha odores bem pessoais e podemos alegar que, dessa forma, vai ser mais fácil “convencer” o cão a não frequentar tanto o sofá!

Com tudo isso, concluímos que…

Saber o real valor de um determinado odor para o cachorro pode nos ajudar com a evolução de um treino e aumentar a sensação de bem-estar de um aluno inseguro ou ansioso. Aliás, é nosso papel explicar aos tutores o quanto o olfato é importante para os cães e o quanto esse sentido influencia a vida dos peludos. Assim, os clientes poderão entender melhor alguns comportamentos que talvez os incomodem e que muitas vezes são interpretados como travessuras sem sentido.

Revisão por Juliana Sant’Ana, adestradora e membro do Grupo de Estudos Científicos da Cão Cidadão.

Gravidez psicológica: o que é preciso saber

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Muito comum entre cadelinhas que ainda não foram castradas, a gravidez psicológica ou pseudociese pode ocorrer em qualquer momento da vida do animal. “Esse problema é causado por uma alteração do hormônio progesterona, que envia para o cérebro das fêmeas a informação de que estão prenhas, mesmo sem terem cruzado”, explica o adestrador da equipe Cão Cidadão, Paulo César.

Esse problema afeta a fêmea de maneira psicológica e física, causando nela mudanças comportamentais. “Ela chega a produzir leite e adotar um filhote, que pode ser um bicho de pelúcia ou qualquer outro objeto”, detalha o adestrador.

Apesar de comum, a maioria dos tutores não sabe o que fazer quando a gravidez psicológica ocorre. Por isso, o profissional Paulo César deu dicas de como lidar com esse comportamento.

1. A castração é a melhor maneira de evitar o problema, pois retira os órgãos produtores do hormônio que causa a gravidez psicológica.

2. Após essa fase, deve-se procurar um veterinário e verificar os níveis hormonais da cadelinha. Em caso de desequilíbrio, um tratamento pode ser indicado.

3. Durante a gravidez psicológica, que dura em média duas semanas, deve-se deixar o animal bastante confortável e evitar retirar o seu “filhote” imaginário.

4. Esses sintomas podem se manifestar em intensidades diferentes em cada animal.

5. Apesar de ser um problema comum, não é recomendado que a cadelinha passe por isso muitas vezes. Isso porque ela pode desenvolver estresse, além de mastite (inflamação das glândulas mamárias).

Evitar o convívio com cadelinhas que estejam de fato prenhas pode ajudar muito a controlar esses sintomas na sua cachorra. “Apesar de não haver comprovação científica definitiva, existem relatos de cadelas que entraram nesse estado ao conviver com outras prenhas”, informa o adestrador.

É indispensável não mudar a rotina da cadelinha durante esse período e respeitar o espaço dela. Com muito carinho, paciência e cuidados especiais, sua peluda voltará ao normal rapidamente. Vale sempre consultar um veterinário, principalmente nesses casos, ok?

Gostou desta dica? Se quiser contratar um de nossos profissionais de adestramento e comportamento animal, fale com a Central de Atendimento da Cão Cidadão, pelos telefones: 11 3571-8138 (São Paulo) e 11 4003-1410 (demais localidades).

25 sinais de que um gato pode estar sentindo dor

https://www.flickr.com/photos/dnlrx/16583586477/
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Por Juliana Sant’Ana, adestradora e integrante do Grupo de Estudos Científicos da Cão Cidadão.

Animais territoriais, caçadores estrategistas, atletas natos e observadores silenciosos. Sem dúvida os gatos são criaturas que despertam o nosso interesse. Conviver com um bichano garante a qualquer ser humano momentos de descontração e curiosidade. Os hábitos naturais dos felinos selvagens se refletem no gato doméstico, e uma característica marcante nesses animais é a territorialidade, que determina muito o seu comportamento.

Gatos, por natureza, procuram defender o seu território para diminuir a necessidade de disputa por recursos. Para se mostrarem mais fortes, os bichanos tendem a disfarçar quando estão machucados ou sentindo dores, uma estratégia de sobrevivência que os permite esconder as suas doenças e fraquezas. Por isso, ao nos depararmos com um gato com problemas comportamentais, é recomendável eliminarmos a hipótese de que aquele animal esteja sentido dores, antes de iniciarmos qualquer tipo de treino que vise corrigir desvios de comportamento.

O estudo

Pensando nisso, a equipe de Daniel Mills recrutou 19 veterinários, especialistas em felinos, para compor uma lista de comportamentos que estariam relacionados à presença de dor. O estudo, publicado este ano na revista Plos One, avaliou a frequência com que os gatos com dor apresentavam cada um dos itens comportamentais e verificou se essas atitudes se manifestavam em quadros clínicos de baixo ou alto nível de dor.

Após cinco meses de estudo, a equipe formada por veterinários clínicos, anestesiologistas, oncologistas, odontologistas, comportamentalistas, dermatologistas, oftalmologistas e neurologistas (nenhum cardiologista concordou em participar da pesquisa) listou 91 sinais comportamentais que foram considerados para análise e observação. Ao final, os cientistas reuniram os itens da lista que apresentaram 80% de concordância entre os veterinários especialistas. Dessa forma, os itens menos citados foram excluídos.

Os resultados

Considerando que a dor é uma experiência multidimensional envolvendo muito mais do que uma mera sensação desagradável, os veterinários chegaram a um consenso e conseguiram catalogar 25 sinais comportamentais que podem significar que os gatos estejam sentindo dor. Esses sinais foram considerados suficientes para indicar dor quando ela ocorre, mas não necessariamente presentes em todas as condições dolorosas. São eles:

1. Mancar;
2. Sentir dificuldade para pular;
3. Andar de forma anormal, mais lentamente;
4. Apresentar relutância em se mexer;
5. Reagir à palpação;
6. Manter-se afastado/esconder-se;
7. Não se limpar/lamber;
8. Evitar brincadeiras;
9. Comer menos (diminuição do apetite);
10. Diminuir totalmente suas atividades rotineiras;
11. Esfregar-se menos nas pessoas;
12. Alterar estados de humor frente a estímulos agudos de dor;
13. Modificar totalmente seu comportamento habitual (indicativo de dor crônica);
14. Andar com as costas arqueadas para cima;
15. Apresentar mudança de peso;
16. Lamber uma determinada região do corpo;
17. Andar de cabeça baixa;
18. Contrair involuntariamente a(s) pálpebra(s) – Blefaroespasmo;
19. Alterar a maneira de se alimentar (sinal presente em nível alto de dor);
20. Evitar áreas luminosas (sinal presente em nível alto de dor);
21. Rosnar (sinal presente em nível alto de dor);
22. Gemer (sinal presente em nível alto de dor);
23. Manter os olhos fechados (sinal presente em nível alto de dor);
24. Urinar com dificuldade;
25. Sacudir a cauda.

Esses sinais são pequenos alertas para observarmos melhor os bichanos. A presença de um ou mais itens isolados não significa necessariamente que o animal está sentindo dor. Cuidado com os exageros! Todos os comportamentos devem ser analisados com relação à situação em que se apresentam e à frequência (repetição). Se o gato está estressado com a presença de uma visita, anda com a cabeça baixa e se esconde, por exemplo, isso não é indicativo de dor. Agora, se o animal repete incessantemente determinado comportamento, devemos ficar de olho.

O que fazer, então?

O intuito dos cientistas foi criar um conjunto básico de sinais para futuras pesquisas que auxiliem na detecção precoce de dor nos gatos, ou seja, esses sinais são diretrizes básicas para auxiliar veterinários e proprietários que precisam reconhecer os sinais de dor nos gatos, a fim de reduzir o sofrimento dos bichanos. Portanto, se o cliente reportar que seu gato está apresentando repetidamente alguns desses sinais comportamentais, é nosso papel, como adestradores, direcioná-lo de imediato para uma consulta veterinária, de preferência com um especialista em felinos, já que os gatos são animais tão peculiares.

Como lidar com cães que latem muito?

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Que o latido é a forma como os cães se comunicam, todos sabemos. Essa é a maneira que eles têm de nos informar sobre alguma vontade, algo que esteja errado e até de problemas de saúde. Mas, algumas vezes, esses latidos se tornam uma barreira entre a boa convivência do pet junto à família (e os vizinhos).

“O latido em excesso pode ser causado por vários motivos”, explica a adestradora da equipe Cão Cidadão, Sophie Kessar. “Alguns cães apresentam esse comportamento para chamar a atenção de seus tutores. Outra causa comum é a ansiedade de separação”, relata.

Os cães que latem demais podem estar passando por alguns distúrbios comportamentais ou até problemas físicos. O ideal é que o dono preste atenção nas atitudes do seu cãozinho para saber se algo está errado.

O problema

O latido em excesso, muitas vezes, pode ser motivado pelo próprio dono. “Essa conduta pode ser reforçada, já que, normalmente, as pessoas acabam valorizando os latidos, pedindo ao cão que pare com o barulho e dando a ele o que ele quer: atenção”, conta Sophie.

Isso acontece porque, independentemente de ser uma bronca, a atenção ofertada ao pet nesse momento já é, para ele, uma grande recompensa. Quando o animal é corrigido da maneira errada, ele entende que ao se comportar daquela forma, conseguirá o que quer.

“Essa falha de comunicação entre o tutor e o animal pode desenvolver problemas sérios compulsivos, como lambeduras excessivas, a ponto de o animal se machucar bastante. O ato se dá, no geral, por conta de um alto nível de estresse”, confirma.

Solução

Para resolver esse problema, é necessário que o tutor saiba primeiro o que está motivando o comportamento no pet. Pode ser por tédio, estresse, ansiedade, solidão, saúde debilitada, entre outros.

“É essencial contar com a ajuda de um profissional especialista em comportamento animal, para que ele auxilie o tutor a detectar o motivo que faz com que o cão tenha esse hábito”, aconselha a adestradora. “Após encontrar a razão, algumas alterações na rotina do cãozinho e da família ajudam a eliminar o problema.”

Atenção, amor, carinho e muitos passatempos ajudam o pet a superar essa fase. “É importante que sejam oferecidos brinquedos e passeios diários, para que toda a energia acumulada seja extravasada de forma positiva”, afirma Sophie. “É muito comum que eles venham a latir muito quando ficam ociosos, portanto, é importante que eles brinquem, passeiem e sociabilizem”, completa.

O adestramento é uma forma de oferecer todas essas atividades para o pet, pois o aprendizado é um estímulo tanto mental quanto físico para o bichinho. Com a ajuda do adestrador, será muito mais fácil eliminar esse problema e ter uma convivência harmoniosa com ele.

“É importante que o dono se envolva e se comprometa nos treinos propostos pelo profissional. Seguir exatamente os protocolos sugeridos faz toda a diferença. É preciso paciência e dedicação para condicionar e mudar o comportamento de um animal, mas, certamente, com treinos frequentes e consistentes, o problema será eliminado.”

E não se esqueça: o latido em excesso pode significar um problema de saúde, portanto, leve o pet a um médico veterinário de confiança para checar se está tudo certinho com o pet.

Gostou desta dica? Se quiser contratar um de nossos profissionais de adestramento e comportamento animal, fale com a Central de Atendimento da Cão Cidadão, pelos telefones: 11 3571-8138 (São Paulo) e 11 4003-1410 (demais localidades).

Animais podem entrar em depressão?

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A depressão em animais é assunto de muitos estudos e, até hoje, não se chegou a uma conclusão se os bichos podem ou não passar por esse problema. Eles podem ficar apáticos e até um pouco tristes quando vivem em um ambiente não muito agradável para eles.

“Muitas vezes, não ter as suas necessidades atendidas como espécie pode fazer com que alguns animais desenvolvam ansiedade ou fiquem entediados e, assim, eles apresentam alguns comportamentos que podem ser confundidos com os sintomas da depressão”, explica Fabio Antonio, adestrador e membro do Grupo de Estudos Científicos da Cão Cidadão.

Mudança de comportamento

O especialista explica que algumas pessoas também confundem e interpretam um animal muito quieto como deprimido, mas, na maioria das vezes, pode haver algum problema de saúde envolvido. Por isso, é importante levar o pet ao veterinário sempre que notar alguma mudança de comportamento.

A apatia pode ser provocada por diversos motivos, entre eles, a falta de um ambiente saudável e próprio para o pet. Os animais precisam ter as suas necessidades atendidas para manter a saúde física e, principalmente, a mental em dia. “O ambiente é fundamental para o bem-estar do pet, e precisa trazer atividades e desafios diários”, comenta Fabio.

O adestrador informa ainda que cada espécie demanda uma atenção diferenciada. “Não podemos esperar que um gato se sinta bem em um ambiente preparado para um cão ou que um roedor fique tranquilo em um local pensado para gatos”, adverte. “Isso pode gerar uma ansiedade excessiva, além de problemas comportamentais decorrentes do estresse crônico, como agressividade, latidos em excesso, medos e fobias”, completa.

Outro motivo que pode gerar a apatia é a solidão. Animais, como os cães, são “programados” para viverem em grupo e, quando passam muito tempo sozinhos, podem desenvolver problemas comportamentais, físicos e psicológicos simplesmente porque a solidão não é um comportamento natural da espécie.

Como agir

O melhor tratamento para a apatia é a prevenção. “Habituar o pet desde filhote às situações que ele vai passar durante a sua vida é fundamental”, indica Fabio. “Eles precisam aprender a ficarem sozinhos aos poucos, o ambiente precisa ser rico em atividades e é necessário que os cães tenham passeios diários. No caso dos gatos, o seu espaço deve ser respeitado. Eles devem ter a opção de se esconderem em tocas quando quiserem ou de interagir com algum brinquedo que estimule a caça.”

Uma boa dica também é a castração. “Do ponto de vista comportamental, a castração geralmente traz mais benefícios para os cães machos e, no caso dos gatos, para ambos os sexos”, informa o adestrador. “O procedimento ajuda a reduzir a ansiedade no caso dos machos, evitando problemas comportamentais. Para as cadelinhas, pelo que se sabe hoje, a castração traz benefícios para a saúde, ajudando a prevenir problemas, como a infecção de útero.”

O importante é manter o bem-estar do seu amigão em dia, atendendo as suas necessidades e oferecendo atividades que o estimulem.

Gostou desta dica? Se quiser saber mais sobre como adestrar o seu cão, ou contratar um de nossos profissionais, entre em contato com a Central de Atendimento da Cão Cidadão, pelos telefones: 11 3571.8138 (São Paulo) e 11 4003.1410 (demais localidades).

Cães realmente sentem pena das pessoas?

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Por Alexandre Rossi, zootecnista e especialista em comportamento animal.

A revista Galileu publicou uma matéria afirmando que os cães sentem pena das pessoas, como se os cientistas tivessem conseguido provas disso. O texto da matéria nos leva a esse entendimento, pois menciona uma pesquisa em que a empatia nos cães foi um dos aspectos estudados pelos cientistas.

Mas o que é empatia?

Empatia é a capacidade de se contagiar com a emoção do outro. Esse contágio pode ocorrer de forma automática e até de maneira inconsciente, mas também pode envolver processos mentais mais complexos, como conseguir se colocar no lugar do outro e imaginar como essa pessoa pode estar se sentindo.

Opiniões foram tratadas como fatos

A pesquisa citada pela matéria não apresenta nenhuma descoberta, mas propõe uma reflexão sobre a capacidade de os cães terem empatia pelos humanos e menciona que ainda não houve um debate sobre esse tópico e que também não há propostas de pesquisas para explorar mais profundamente essa ideia. Nesse estudo, há uma discussão interessante sobre o grau de empatia que os cães talvez tenham com os humanos, com base em relatos, pesquisas e raciocínio lógico.

O artigo tem as seguintes finalidades: explicar por que os próprios autores acreditam que os cães sejam capazes de ter empatia por humanos, revisar evidências a favor e contra essa opinião e propor rotas para futuros estudos sobre o tema. Ao final, os cientistas dizem que pesquisar sobre o tema é algo especialmente importante para tomarmos decisões sobre nossas obrigações com os cães. Por exemplo, se os cachorros são capazes de sentir nossas emoções, cães terapeutas que visitam pacientes com dor podem se prejudicar com isso e necessitar, portanto, de massagens e outros cuidados para se acalmar?

Utilidade prática para nós, experts em comportamento

Mais uma vez mostramos que a mídia pode exagerar e até mesmo mudar conclusões de estudos científicos. Nós, profissionais da área, devemos sempre questionar o que está sendo divulgado, especialmente quando a informação é replicada pela grande mídia, que simplifica os textos para o público geral e muitas vezes acaba sendo apelativa.

Opinião do GEC sobre empatia nos cães

Existem várias evidências que nos levam a acreditar que os cães sejam capazes de demonstrar empatia por outros cães e por nós. Alguns estudos mostraram, por exemplo, que os cachorros tendem a bocejar mais quando veem um humano bocejando, indicando a presença de neurônios espelho que reagem aos nossos comportamentos.

Sabemos também que os cães conseguem diferenciar nossos comportamentos, expressões e tonalidade de voz e que muitos demonstram mudanças comportamentais e fisiológicas com relação a isso, mas afirmar que eles sentem pena dos humanos é forçar a barra diante das evidências que temos e principalmente porque esse estudo científico não fez tal afirmação. Pelo contrário, o artigo apresentou inclusive argumentos e evidências que vão contra esse entendimento.

Opinião do GEC sobre estresse em cães terapeutas

Não acreditamos que os cães selecionados para a Terapia Assistida por Animais sofram ao visitar pessoas doentes por terem empatia por elas. Através de anos de experiência levando cães para esse trabalho, pudemos constatar a disposição dos animais para entrar nas instituições e se relacionar com as pessoas enfermas. Se eles estivessem sofrendo, provavelmente não buscariam esse contato de maneira tão espontânea.

Revisão por Juliana Sant’Ana, adestradora e membro do Grupo de Estudos Científicos da Cão Cidadão.

Como saber se o cão está com frio?

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Com a frente fria que está chegando para derrubar as temperaturas em alguns estados do país, as blusas de frio começam a dar novamente o ar de sua graça e sair dos armários, a fim de esquentar os brasileiros. Mas, e os pets? Será que eles também sentem o frio que sentimos? Como descobrir?

Na verdade, os animais são protegidos por seus pelos e, por isso, sentem frio com muito menos intensidade que os humanos. De qualquer forma, é importante lembrar que ainda assim o pet sente frio e não é imune à doenças respiratórias e outras relacionadas ao inverno, por exemplo.

Dicas para cuidar com muito amor e aconchego do bichinho:

1. Como sei que meu pet está com frio?

“Uma das maneiras de descobrir se o animal está sofrendo de frio é prestar atenção se está tremendo ou se está procurando ficar bem encolhidinho”, alerta Alexandre Rossi, zootecnista e especialista em adestramento e comportamento animal.

2. Posso colocar roupinhas no meu cãozinho?

Na maioria das vezes, mesmo que os pets não estejam apresentando nenhum dos sinais citados acima, os tutores, ao sentirem frio, imediatamente colocam uma roupinha no animal, para protegê-lo da friagem. Mas isso nem sempre é necessário. “A verdade é que a maioria dos cães, quando estão em atividades de adestramento, andando ou fazendo algum outro exercício, estão passando calor, principalmente quando estão com roupas”, comenta Alexandre.

Descobrir se o pet está incomodado com o calor é fácil, assim como no frio: basta prestar atenção nas atitudes dele, como observar a respiração e checar se ele está com a boca aberta e a língua um pouco para fora. “Colocar a roupinha no pet nesse momento não é ideal. É importante antes de deduzir se o bichinho está com frio ou calor, verificar, por meio de suas atitudes, o que de fato ele está sentindo”, finaliza Alexandre.

Atenção redobrada ao comportamento do animal é a chave para fazer a escolha acertada e oferecer ao bichinho bem-estar, saúde e segurança. Se ele apresentar resistência para se adaptar não somente às roupas, mas também aos acessórios úteis, o adestramento costuma ser um excelente exercício de dessensibilização.

Gostou desta dica? Se quiser saber mais sobre como adestrar o seu cão, ou contratar um de nossos profissionais, entre em contato com a Central de Atendimento da Cão Cidadão, pelos telefones: 11 3571.8138 (São Paulo) e 11 4003.1410 (demais localidades).

Sociabilização: apresente o mundo ao filhote

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A sociabilização faz parte do processo de desenvolvimento dos pets e é a maneira mais assertiva para apresentá-los aos estímulos do mundo, como outros animais, sons diferentes, pessoas, carros, objetos etc.

Os bichinhos que não passaram por essa fase de adaptação podem apresentar, com o tempo, dificuldade em lidar com situações corriqueiras, além de se tornarem adultos mais medrosos e inseguros.

Como ocorre?

No geral, recomenda-se que a sociabilização seja feita entre o 2º e o 3º mês de vida do animal. Isso porque é nessa fase que o cérebro está aberto a novas experiências e o pet pronto para interagir em situações que ainda são desconhecidas.

“Todos esses novos estímulos estão soltos na mente do pet e a sociabilização nada mais é do que organizar essas novidades e ensinar o animal a maneira correta de se portar em determinadas situações”, diz Joilva Duarte, adestradora da equipe Cão Cidadão.

Contudo, pets de qualquer idade podem ser sociabilizados, caso não tenham passado por essa fase quando filhotes. “A sociabilização pode e deve ser feita com todos os animais, independentemente da idade”, orienta a adestradora. “No caso dos mais velhos, existe uma dificuldade um pouco maior, pois eles já estão com certos comportamentos condicionados”, comenta Joilva.

Associações positivas

Procure associar os objetos e as situações que o pet têm medo a coisas boas e que ele goste, como, por exemplo, petiscos gostosos, carinho ou brinquedos.

“A ideia é que se faça um contracondicionamento, ensinando ao animal uma nova maneira de lidar com as situações”, orienta a adestradora.

Tenha em mente que a exposição a essas situações deve ser gradual e feita com calma e muita paciência, sempre respeitando o limite do animal.

Você também pode contar com um profissional de adestramento para ajudá-lo no processo de sociabilização do seu bicho de estimação.

Quer saber mais sobre o assunto? Clique aqui.

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