Como evitar que o cachorro mantenha o hábito de ingerir fezes

Photo credit: Martin Cathrae / Foter / CC BY-SA
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Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Saiba que motivos levam os cães à coprofagia (ingestão de fezes), os problemas que esse hábito pode causar e como lidar com ele

Apesar de ser relativamente comum que os cães comam fezes, seus donos ficam horrorizados com isso, preocupados e com muito nojo! Mas, para o cão, as fezes podem ser saborosas ou divertidas, ajudar a descarregar ansiedade e servir para chamar atenção. Podem até funcionar como pretexto para o cão imitar os humanos, que recolhem os excrementos dele quando faz cocô.

Para lidar com tantas possibilidades, são necessárias estratégias distintas. De maneira geral, as dicas que daremos a seguir podem ser usadas tanto para evitar que o comportamento comece, quanto para controlá-lo.

Fezes apetitosas
Por mais incrível e nojento que possa parecer, é comum que os cães gostem do sabor de algumas fezes. Muitos deles adoram comer fezes de cavalo, de gato e até de gente, e eles são saudáveis! Esse comportamento pode ser justificado do ponto de vista nutricional. Quase sempre há, nas fezes, algum alimento não totalmente digerido.

Por um lado, os cães com problemas digestivos desenvolvem deficiências nutricionais, o que pode alterar o apetite deles e torná-los mais interessados em fezes. Por outro, cães que não digerem completamente o alimento defecam fezes com mais restos de gordura e de proteína, ou seja, que são mais apetitosas.

Quando o cão come fezes, o ideal é que ele passe por uma consulta veterinária para avaliação de eventual deficiência nutricional ou digestiva. Recomenda-se também que as fezes dele sejam analisadas com o objetivo de detectar se há restos de proteína e de gordura ou para verificar se há deficiência de determinadas enzimas.

É bom que a avaliação seja feita tanto com o cão “comedor de fezes” quanto com o cão que produziu as fezes que foram ingeridas, pois o problema pode estar num ou no outro.

Existem produtos, no mercado, para colocar na ração e deixar as fezes menos apetitosas. Alguns cães, porém, só param de comer as fezes enquanto esses produtos são adicionados. Quando o tratamento cessa, voltam ao hábito. Por isso, sempre recomendo seguir dicas comportamentais, como as dadas a seguir.

Por brincadeira
Alguns cães brincam com as próprias fezes e acabam comendo pedaços delas. Isso ocorre mais freqüentemente com filhotes, mas há adultos que continuam com o hábito por toda a vida. O comportamento também é mais comum em cães que ficam presos em locais pequenos e que dormem perto de onde fazem as necessidades.

A melhor maneira de evitar que o cão brinque com fezes é manter o ambiente limpo, livre de fezes e de urina. Procure também posicionar a caminha, o comedouro e a água do filhote no canto oposto ao do “banheirinho”.

Praticar brincadeiras e atividades físicas com o cão assim como deixar brinquedos ao alcance dele são iniciativas que ajudam a evitar a insistência em usar fezes para brincar.

Por ansiedade
Muitos cães só ingerem fezes quando estão ansiosos, geralmente por terem ficado sozinhos em casa ou por não estarem recebendo atenção de seus donos (ansiedade de separação). Nesses casos, a melhor maneira de lidar com o problema é aumentar a atividade física do cão e tratar a ansiedade. Um dos tratamentos é chegar em casa sem fazer festa nem dar bronca no cão. Costuma ser exatamente o oposto do que as pessoas fazem. Festejam o cão até perceber que ele comeu cocô. Aí passam a dar bronca. Agindo assim, só pioram o problema, pois, quanto mais eufórica e tensa for a chegada dos donos, mais o problema aumenta quando o cão é deixado sozinho.

Para chamar atenção ou por imitação
Muitos cães observam que o dono corre com grande interesse para recolher as fezes assim que são expelidas. Alguns deles tentam pegar as fezes antes que o dono consiga alcançá-las. O problema é que, em vez de jogá-las no lixo ou na privada, eles as engolem.

O truque para evitar essa competição é recolher as fezes calmamente, permitindo, inclusive, que o cão as cheire. Para conseguir isso, recomendo oferecer um petisco bem gostoso, assim que o cachorro terminar de evacuar. Ao mesmo tempo, joga-se um produto bem amargo e não tóxico em cima das fezes. Desse jeito, após ingerir o petisco, o cão poderá cheirar as fezes sem se sentir atraído por elas. E o recolhimento delas poderá ser feito com calma, sem que o cão veja isso como uma competição.

Por receber petiscos como recompensa, o cão passará a fazer as necessidades mais vezes na frente do dono. Ótimo para poder recompensá-lo novamente e jogar o produto amargo em cima das fezes!

Como apresentar o mundo para o filhote

Photo credit: /kallu / Foter / CC BY-SA
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Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento.

Pessoas
Faz parte da socialização proporcionar momentos agradáveis ao filhote, na presença de dezenas de pessoas diferentes. Os cães dividem as pessoas em diferentes tipos, com grande facilidade. Enquanto com algumas eles podem ser confiáveis e dóceis, com outras se tornam agressivos e medrosos. Para evitar isso, devemos apresentá-los a pessoas de todos os tipos.

É preciso fazer a sociabilização de modo que abranja o máximo de etnias (principalmente pessoas brancas e negras), idades (bebê, crianças, adultos, idosos), sexos (homem e mulher), comportamentos (pessoas que falam alto, que se movimentam de maneira não usual, etc.) e presença ou ausência de cabelo e barba.

Mesmo quando há criança em casa, o filhote precisa conhecer outras crianças, para se acostumar com a diversidade.

Não existe uma quantidade exata de pessoas que convém apresentar ao cão até os 3 meses de idade, mas diversos especialistas têm recomendado cerca de 100 pessoas. Algumas delas o cão deve conhecer um pouco mais profundamente, interagindo por meio de brincadeiras e agrados. Uma boa maneira de fazer o filhote gostar de conhecer novas pessoas e, ao mesmo tempo, criar uma pequena interação com elas é pedir aos “estranhos” que dêem um petisco para ele.

Tome muito cuidado com reações que podem assustar o filhote. Principalmente por parte de pessoas estranhas ao cão. Se elas causarem situações assustadoras, podem fazer o filhote generalizar a experiência negativa e passar a ter medo de pessoas desconhecidas ou com alguma característica da pessoa que o assustou. Quanto mais sensível for o cão, mais cuidado devemos ter. Para alguns filhotes, uma aproximação brusca já é assustadora demais.

Animais
No caso de contato com outros animais, é importante manter o controle até que a situação se torne segura para o filhote e para o outro bicho, que pode ser, inclusive, um outro filhote.

Alguns filhotes se assustam demais quando um cão vem rapidamente na direção deles, mesmo que a intenção seja de brincar. A melhor maneira de evitar isso é controlar o outro cão, principalmente se for agitado ou grande, até que o filhote se aproxime dele e o investigue e, assim, perca o medo. Somente deixe os dois interagirem livremente quando perceber que nenhum deles poderá tomar um grande susto ou se sentir extremamente incomodado pela presença do outro.

Às vezes é o filhote que se aproxima rapidamente de outro animal e o assusta ou provoca uma reação agressiva. Se, ao correr na direção de um papagaio, por exemplo, o filhote o fizer sair voando, poderá tanto se assustar quanto se sentir estimulado a caçá-lo. Se a corrida for em direção a um gato, para piorar, o filhote pode levar uma patada o ficar assustado e até machucado.

Portanto, para que a sociabilização comece da maneira adequada, devemos deixar claro para o filhote que, ao se aproximar de outros animais, o faça de maneira calma e gradativa, sem assustá-los. O filhote também precisa aprender que não pode tentar caçar o outro bicho. Caso tente, deve ser imediatamente reprimido. Para obter controle mais fácil do filhote, nesses momentos ele deverá estar de coleira e na guia. Assim, se ele começar a ir rapidamente na direção do outro bicho, você poderá travar a guia e repreendê-lo.

Objetos
Os filhotes devem ser encorajados a brincar, comer e receber carinho ao lado de objetos novos e diferentes. Sempre que possível, devemos ir aproximando o filhote do objeto e não o contrário. Assim evita-se levar o objeto rapidamente demais na direção do filhote, o que poderia traumatizá-lo.

Objetos em movimento também podem ser assustadores para o filhote. Acostume-o, portanto, a carros, motos, caminhões, carrinhos de bebê, bengala, vassoura, etc. Comece com o filhote a uma distância em que se sinta completamente seguro. Brinque com ele, alimente-o e faça carinho, aproximando-o aos poucos do objeto, que deverá estar em movimento. Somente diminua a distância ao perceber que o filhote se sente completamente tranqüilo. Não o force a se aproximar demais do objeto em movimento, para ele não começar a perder a confiança em você.

Cachorro mais feliz com enriquecimento ambiental e comportamental

Photo credit: sendaiblog / Foter / CC BY
Photo credit: sendaiblog / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Conheça várias dicas de estímulos e atividades que evitam tédio no cão e suas conseqüências, como compulsão (lamber a pata até feri-la, por exemplo), ansiedade de separação e destrutividade

Objetivo: manter o cão ocupado
Mente vazia, oficina do diabo, diz o provérbio… Você já pensou que o seu cão, enquanto faz coisas saudáveis e corretas, não incomoda pessoas nem destrói a casa ou se automutila? Ocupá-lo é também muito mais saudável do que simplesmente impedi-lo de fazer o que ele quer.

Como entreter
Todo mundo sabe entreter o cão levando-o para passear, brincando de cabo-de-guerra com ele ou atirando bolinha. Mas poucos sabem como entretê-lo enquanto conversam com alguém, vêem televisão ou dão atenção a uma visita.

A dica é preparar diversão para esses momentos. Vale tudo que entretenha o cão e que nos deixe livres para fazer o que quisermos. Existem algumas técnicas que utilizo para proporcionar esse tipo de entretenimento.

Busca por alimento
Esconda petiscos e estimule o cão a procurá-los. Com o tempo, ele passará a vasculhar cada pedacinho da casa, com a esperança de encontrar algo apetitoso. No início, procure facilitar a localização. Depois, pouco a pouco, torne a busca mais difícil. Crie novos esconderijos e dificulte o acesso cada vez mais. Para não estimular o cão a ir aonde você não deseja, evite colocar os petiscos nesses lugares.

Garrafa pet
Esse é um dos meus instrumentos preferidos, mas pode tornar-se um pouco barulhento, dependendo da estratégia utilizada pelo cão. O procedimento consiste em fazer uns furos laterais numa garrafa pet vazia. Deseja-se que, ao ser utilizada pelo cão, caiam alguns pedaços de petisco ou grânulos de ração previamente colocados. Essa é uma ótima maneira de dar ração em vez de simplesmente servi-la no pratinho de comida. No início, faça buracos maiores na garrafa, já que muitos cães podem desistir nessa fase. Aos poucos, dificulte e exija cada vez mais. Assim poderá proporcionar entretenimento por horas, até o cão conseguir tirar o último pedacinho de alimento de dentro da garrafa.

Roer e destruir
Ossos e brinquedos mastigáveis também são ótimas opções. Muitos cães gostam do desafio de destruir coisas, como arrancar pedaços de um bichinho de pelúcia, desde os olhos e o nariz até a espuma de dentro, despedaçar uma bola ou arrancar nacos de um osso de couro.

Conheço vários cães que adoram tirar o rótulo e a tampinha de garrafas pet! Muitos também apreciam destruir coco verde – a bagunça que fica com os fiapos restantes é fácil de limpar e o seu cão merece um bom passatempo!

Outra dica é embrulhar petiscos em pedaços de cartolina ou de papel e deixar o próprio cão rasgar a embalagem.

Embora destruição seja uma ótima terapia para o cão, preste atenção. Se ele for do tipo que engole tudo, só lhe dê objetos cujos pedaços sejam digeríveis e que não possam machucá-lo ou causar obstrução gástrica.

Criações do próprio cão
É impressionante como os cães criam as próprias atividades. Infelizmente, muitas vezes não estimulamos essas iniciativas ou até mesmo as reprimimos. É comum o cão ansioso descobrir que ter uma bolinha na boca para ficar mastigando o ajuda muito nos momentos de maior ansiedade. Um exemplo é o do cão que, quando percebe que terá interação com o dono, corre e agarra uma bolinha. Para ele, é importante ter sempre uma bolinha à disposição e, no entanto, muitas vezes o dono se livra da bolinha porque se tornou vício. O contato com esse objeto permite ao cão extravasar a ansiedade e conseguir não morder a mão do dono nem destruir algum objeto da casa.

Mais uma atividade de diversos cães é correr de um lado para outro quando estão muito ansiosos, incluindo, às vezes, dar voltas em torno da mesa de jantar. Em vez de reprimir o cão por fazer bagunça, deve-se procurar ajustar a casa para essa atividade. Por exemplo, fixar os tapetes no chão e tirar objetos que possam ser derrubados durante o percurso. Essa é também uma maneira de respeitar o cão. Afinal, ele talvez preferisse, se pudesse, pular em você ou rasgar sua roupa.

Oito dicas para o cachorro parar de cavar o jardim

Photo credit: blumenbiene / Foter / CC BY
Photo credit: blumenbiene / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Muitas vezes, uma dica basta para resolver o problema das escavações caninas. Mas, para saber qual é essa dica, é preciso saber antes o que leva o cão a cavoucar.

1. Crie cantinhos excepcionais
Por instinto, o cão dá uma cavadinha onde irá se deitar – costuma fazer isso até em sofás e pisos frios! Normalmente, após a cavadinha, dá umas rodadas e se deita. Muitos cães gostam de deitar-se em lugares frescos do jardim ou que permitam acompanhar o movimento da casa ou da rua. O problema é que, muitas vezes, há um canteiro de flores ou grama justamente nesses lugares. O truque é preparar cantinhos perfeitos para o cão, levando em consideração o que ele mais deseja. Às vezes, até sugiro uma pequena reforma paisagística.

2. Gaste o excesso de energia
Quanto mais energia o cão tiver, maiores as chances de ele cavar grandes buracos. Uma maneira de controlar o excesso de energia é levá-lo para passear diariamente e/ou exercitá-lo bastante, com brincadeiras.

3. Combata o tédio
Cães também ficam entediados! Gostam de passear, caçar, brincar, etc., e não de ficar isolados em um quintal. Crie atividades para tornar a vida do seu cão mais interessante. Nem que seja escondendo petiscos no jardim para ele encontrar. Ler artigos sobre enriquecimento ambiental e comportamental ajuda a ter idéias para entreter o cão.

4. Evite que enterre objetos
Enterrar ossos naturais e alimentos para consumir mais tarde também faz parte do instinto canino. Muitos cães enterram apenas alguns tipos de objetos. Se o seu fizer isso, não deixe de lhe dar os objetos daquele tipo. Mas, em vez de entregá-los, mantenha-os amarrados numa corda. Assim, ele não poderá levá-los para enterrar. Um jeito de evitar que o cão se enrosque na corda é pendurar o objeto de modo a não encostar no chão. Esse método é útil também para combater a possessividade canina por determinados objetos.

5. Prepare um cantinho para grávidas
Cadelas prestes a parir ou com gravidez psicológica procuram cavar um ninho para os filhotes. Nesses casos, devemos preparar cantinhos perfeitos para elas. E, quando a gravidez for psicológica, pode-se, ainda, tratar a fêmea com inibidores de hormônio (consulte seu veterinário).

6. Torne desagradável desenterrar
Se o cão cava lugares específicos, antes de tapar os buracos encha-os com os próprios cocôs dele. É praticamente certo que isso o fará desistir de cavar aquele local. Com o tempo, você irá minando todos os lugares mais cavados. Essa é a minha dica preferida!

7. Reestruture seu jardim
Procure adaptar o estilo do seu jardim à presença canina. Às vezes, algumas pequenas alterações podem evitar muita dor de cabeça e proporcionar menos estresse no convívio. Pedras nos lugares em que o cão cava, assim como cercas e telas, podem, muitas vezes, ser a melhor solução. Um dos meus clientes resolveu o problema com telas postas no solo dos canteiros que o cachorro cavava. Nessa alternativa, caso se queira ocultar a tela, basta jogar um pouco de terra por cima. Ou esperar que as plantas cresçam. Há, porém, o inconveniente de ser preciso retirar a tela ou cortá-la, para plantar nova muda. Em alguns casos, sugiro construir uma caixa de areia no jardim para o cão poder se divertir, cavando. Afinal, cavar é um comportamento normal e saudável.

8. Só dê bronca durante a ação errada
Nem pense em dar bronca no cão se não for no exato momento do comportamento inadequado. Está mais que comprovado: bronca fora do momento exato, além de não funcionar, pode deixar o cão confuso, o que aumenta as chances de surgirem problemas de comportamento. A melhor ocasião para repreender o cão é quando ele começa a cavar um lugar proibido. Nesse momento, procure fazê-lo sentir desconforto. Jogue um pouco de água nele ou faça um ruído que o assuste, por exemplo. Mas só faça isso se ele não for medroso nem inseguro. Algumas pessoas conversam com o cão quando ele erra. Tentam explicar que agiu incorretamente. Não faça isso. O cão pode gostar dessa atenção e começar a cavar na expectativa de receber mais!

Um tapinha não dói?

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Photo credit: dolapo / Foter / CC BY-SA

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Nunca devemos bater no cão? Nem se ele fizer algo muito grave, como atacar os próprios donos? E se dermos só um tapinha de leve, apenas para indicar que não gostamos do que fez? Bater no cão não é uma maneira de educá-lo? Ou de nada adianta bater?

A minha resposta continua a ser a mesma de 10 anos atrás: nunca devemos bater no cão para educá-lo. Neste artigo procuro justificar e explicar a minha posição, sem preconceitos nem radicalismo. Gostaria de deixar explicito que a minha posição não é compartilhada por todos os especialistas em comportamento, já que o tema é bastante polêmico no nosso meio.

Cuidado com preconceito e radicalismo
É comum que gente bem-intencionada acabe por prejudicar a vida de seus animais por acreditar em conceitos radicais e sem flexibilidade. Conheço diversas pessoas que morrem de pena de punir seus cães por mau comportamento. Por isso, seus animais tornam-se mal-educados e acabam tendo de ficar trancados em canis ou do lado de fora de casa, longe de onde mais gostariam de estar: junto do seu grupo! Portanto, não sou contra a punição (atenção: punir não é sinônimo de bater), principalmente quando ela contribui para melhorar o bem-estar e a relação entre as pessoas e o cão da casa.

Punição psicológica tudo bem?
Outra idéia radical é acreditar que é errado punir fisicamente, mas tudo bem se a punição for psicológica. Por exemplo, quando o bicho faz algo errado, em vez de bater nele, ignorá-lo ou mostrar desdém por horas ou dias! Para o cão que depende da aceitação do grupo para sentir-se bem, a atitude poderia ser considerada até cruel. Portanto, não bater no cão não significa necessariamente fazer a coisa certa. Se ele pudesse escolher, acredito que preferiria um tapinha a ser ignorado por longo período!

Mas por que não bater?
Se bater fosse a melhor ou a única maneira de estabelecer limites e educar o cão, eu seria a favor. Educação é essencial para garantir o bem-estar e o bom convívio. Mas há diversas técnicas para punir um cão, mais vantajosas que um tapa, por exemplo. Podemos, ainda, na maioria das vezes recompensar os comportamentos corretos em vez de punir os errados, motivando o cão a acertar e, de quebra, exercitando nossa capacidade de perceber e recompensar as coisas certas, em lugar de focar sempre no que está errado.

Punição ideal
É a punição que faz o cão evitar determinado comportamento ao associá-lo com algo desagradável. Acredito também que a punição deva ser segura, no sentido de não haver possibilidade de machucar o animal nem a pessoa. Deve ser também clara, no intuito de educar, de inibir um comportamento, e não de vingar-se nem de extravasar raiva.

Bater não é seguro para o cão
É relativamente fácil machucar um cão quando se bate nele. Raramente conseguimos controlar nossos movimentos com precisão tal que provoquem apenas desconforto. Imagine uma pessoa dando uma joelhada no tórax do cão para ele parar de pular em cima dela (técnica descrita por diversos livros de comportamento!). Dependendo da velocidade com a qual o cão veio para cima de você, a força do seu joelho no tórax dele pode se multiplicar e até provocar uma fratura de costela! Tapas no focinho também podem machucar, se forem fortes demais ou em região mais sensível. Muita gente bate mais forte quando está com raiva, o que aumenta ainda mais a possibilidade de exageros.

Não é seguro para as pessoas
Algumas punições podem deixar o cão mais perigoso. Bater costuma ser uma delas. Diversos cães reagem agressivamente ao perceber que alguém irá atacá-los com o corpo ou com um objeto. Principalmente se antes disso a pessoa ameaçou ou olhou fixamente nos olhos, atitudes típicas de quem está revoltado ou nervoso. Ao apanhar, nem sempre o cão reage agressivamente se a agressão veio de um superior hierárquico. Mas pode atacar mais facilmente outra pessoa que o ameace, como uma mulher ou criança. Ou seja, bater num cão pode torná-lo mais perigoso até para outras pessoas. Cães que passam a temer movimentos bruscos podem atacar uma criança que esteja indo abraçá-los, por exemplo.

Que fazer, então?
A conclusão é que devemos aprender a educar. Fazer, às vezes, algo de que o cachorro não gosta para inibir alguns comportamentos ou estabelecer limites. Mas não devemos correr o risco de machucá-lo nem de nos machucar. Por isso, recomendo que as punições causem apenas susto (desconforto psicológico) ou desconforto físico no animal, sempre na intensidade adequada. No próximo artigo, darei diversas dicas de como conseguir educar o cão sem nunca mais ter de bater nele.

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