Por Camila Mello, adestradora e franqueada da Cão Cidadão
“Melissa é um Poodle muito dócil com a gente. Ela é carinhosa, doce e gosta de todo mundo. Veio para a casa com um mês e eu já tinha três Pinschers: uma fêmea e dois machos. A fêmea, Liliane, é muito mãe e, na época, adotou a Melissa. Cuidava como se fosse seu filhote. Elas viviam juntas o tempo todo brincando e até dormindo.
Mas um dia, de repente, a Melissa quase matou a Liliane: pegou-a pelo pescoço e fez um belo rasgo nela. Depois desse episódio acabou a nossa paz e elas passaram a ser inimigas. Na verdade, a Melissa passou a ter ódio total da Liliane.
Agora, eu separei as duas: a Liliane fica na sala e a Melissa no resto da casa, até mesmo porque a Liliane já está velinha (14 anos) e é bem pequena. A Melissa tem três anos e é de porte médio.
Não sei o que fazer, ainda mais porque adotei outro Pinscher (fêmea) que está com quatro meses. A Melissa também não aceita ela.
Me ajudem!”
Oi, Rosilene. Tudo bem?
A primeira questão importante sobre seu relato é tentar entender qual foi o gatilho, ou seja, o motivo que levou a Melissa a brigar com a Liliane. Nos habituamos tanto com os comportamentos dos nossos bichos, ainda mais em uma situação que até então era pacífica, que quando ocorrem eventos como esse acabamos esquecendo de observar demais acontecimentos.
Sendo assim, tente lembrar se algo de incomum aconteceu para que a Melissa reagisse desta forma. Situações que poderiam levá-la a ter esse comportamento: proteção excessiva com a comida ou com algo muito gostoso, diferente do que está acostumada, um brinquedo novo e até uma caminha ou um cobertorzinho. Cães podem se sentir ameaçados quando ganham algo novo e de que gostam muito, mesmo nunca tendo apresentado tal comportamento.
Será que ela não demonstrou um comportamento possessivo com o humano que estava presente na ocasião? Existem muitos casos de cães que desenvolvem um sentimento de posse com seu tutor.
É importante avaliar também se foi apenas um episódio ou se, a partir deste desentendimento, a Melissa passou a não tolerar a presença de mais nenhum animal.
Para que você possa fazer uma reaproximação segura dos cães, será importante realizar exercícios de limites com eles, para que entendam que há um líder na matilha e que esse líder é você. Além disso, aproveite a oportunidade para ensinar comandos básicos, assim você conseguirá atrair o foco deles para uma atividade divertida.
Assim que os cães estiverem condicionados a atender seus comandos, pode-se iniciar a aproximação supervisionada deles com a Melissa, mas lembrando que nesse primeiro momento ela deverá estar atrás de um portão ou na guia, para a segurança de todos.
É preciso mostrar à cadela que é vantajoso estar na presença dos outros cães, e que o fato de ela ter bons comportamentos na presença deles faz com que ganhe recompensas. É o que chamamos de aproximação positiva.
Com o passar do tempo, e com a repetição dos exercícios, a tendência é que a Melissa tenha mais vezes o bom comportamento, para poder receber a recompensa, que neste caso será, por exemplo, poder ficar na convivência de todos sem estar isolada em um cômodo.
Este mesmo exercício vale para o novo filhote. Mas, neste caso, você também deverá ensinar a ele quais são os limites de aproximação com a Melissa, e ela deverá entender que cada vez que o filhote se aproxima dela quem ganha carinho, atenção e petisco é ela, e só depois o filhote. Isso a fará entender que a presença da pequena é vantajosa.
Conte com a ajuda de nossos profissionais para orientá-la no desenvolvimento dos treinos.
Fonte: Portal do Dog