Por Tiago Cardoso, adestrador e franqueado da Cão Cidadão.
O texto de hoje, como mostra o título, é sobre adoção responsável. Entretanto, vou falar sobre o assunto sob uma ótica um pouco diferente.
Sabemos que os cães são amigos fiéis e grandes companheiros. Eles dispensam a nós um amor incondicional. Ouvimos por aí que o cão é o único ser capaz de amar mais ao seu dono do que a si mesmo. E eu não duvido, pois os benefícios desta amizade de tantos séculos são incalculáveis.
Mas quero deixar uma reflexão importante e, para isso, vou listar o que é ser um tutor de verdade. Acompanhe!
1. Beleza não se põe na mesa
Escolher um cão não é um processo fácil, embora muitas pessoas pensem diferente. Normalmente, essas pessoas escolhem adotar um pet considerando apenas sua estética.
Esquecem, por exemplo, de verificar (em cães de raça) quais são as pré-disposições que ele tem para doenças degenerativas. Não se preocupam em conhecer o temperamento daquele animal, se é agitado, medroso.
Quem adota ou compra por impulso não pensa como fará a sociabilização do animal, o que é fundamental, afinal, ele é um bicho que vive na cidade. É preciso se adaptar às regras gerais de boa convivência.
Se você nunca pensou nas questões acima e não pretende levá-las em consideração, não tenha um pet.
2. Animal não é brinquedo! Sim, ele dá trabalho!
Quando um bichinho é adotado não é só a vida dele que muda. A vida de todos que conviverão com ele também. A rotina dos membros da casa mudará e é fundamental saber disso.
É espantosa a falta de compreensão sobre estes pontos quando as pessoas decidem adotar um animal. A consequência da falta de conhecimento e de preocupação resulta, muitas vezes, em animais abandonados: sem comida, carinho e um lar. Ele depende inteiramente de seu tutor para se alimentar, praticar exercícios e estar com sua saúde boa.
Ter um animal te coloca em constante compromisso com a vida dele. Portanto, se você não pode ficar com este amigo por 29 anos (sim, já teve cachorro que viveu por 29 anos), então, não tenha um cão.
Se você não deseja e/ou não pode bancar gastos com comida, vacinas, castração, veterinário, remédios, banho, tosa, entre outros, não tenha um cão.
Se você não tem tempo para sua família, para seus amigos e nem para você mesmo, por que ter um cão? Ele demandará tempo!
Se você não quer limpar cocô, xixi e vômito, então, não tenha um cão.
3. A responsabilidade é sua
Se você deseja que seu filho tenha mais responsabilidade, então, eduque ele. O cão será, sem intenção, uma grande válvula para que a criança adquira alguns valores fundamentais para a vida. Mas o responsável pelo animal é você!
No início, o cãozinho será novidade e todos vão achar legal limpar sua sujeira e levar ele para passear. Mas com o passar do tempo, essas tarefas tendem a se tornar rotineiras e desinteressantes, então, tenha em mente que essas tarefas são de responsabilidade dos adultos, acima de qualquer coisa.
Enfim, antes de levar um cãozinho para a casa pense, reflita e discuta com a família. Nunca, em hipótese alguma, haja por impulso, pois o pet sentirá demais a sua falta se um dia for abandonado.