Dicas de comportamento: Convivência entre gatos e crianças

Photo credit: mamaloco / Foter / CC BY-ND
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Por Cassia Rabelo Cardoso dos Santos, adestradora e consultora comportamental da Cão Cidadão.

Apesar de um grande (e infundado) preconceito que muitas pessoas ainda têm com relação à convivência entre crianças e pets, especialmente gatos, a experiência do dia a dia tem demonstrado que muitos pontos positivos podem ser extraídos dessa coexistência. Logicamente que alguns cuidados devem ser tomados, visando o bem-estar de ambos – crianças e gatos – sempre com uma boa dose de paciência e sensibilidade.

Os gatos são animais sociais, plenamente capazes de estreitarem laços com outras espécies, inclusive com os mini-humanos, ou melhor, com as crianças. Mas, nunca é demais lembrar que os felinos que nos fazem companhia tendem a sentir medo e insegurança diante de situações perigosas ou estranhas do ponto de vista deles. Nesse sentido, é importante ter em mente uma característica intrínseca dos gatos: só costumam atacar quando se sentem acuados e não possuem uma rota de fuga. Se sentem medo ou insegurança, a primeira reação é fugir e buscar abrigo, mas raramente atacar.

Essa é, portanto, a primeira regra de ouro para uma convivência saudável entre gatos e crianças: a essas últimas deve ser ensinado que os gatos não são como brinquedos, não gostam de ser agarrados à força, nem tampouco de serem perseguidos o tempo todo. Mas, certamente, as crianças vão sempre procurar a companhia daquele bicho fofo e elegante, mais ainda se puderem tocá-lo. Para que a experiência seja agradável ao gato, o ideal é ensinar às crianças como chamar o gato, ao invés de agarrá-lo. O ideal é permitir à criança dar ao bichano um petisco gostoso ou uma guloseima apetitosa sempre que o gatinho atender a um chamado. Ração úmida para gatos, dada com uma colher, costuma cumprir muito bem esse papel!

Além disso, é importante ensinar a criança a brincar com o gatinho. Os felinos adoram deixar aflorar seu instinto caçador e, muitas vezes, mãos e pés dos humanos se tornam a “caça” preferida! Para evitar arranhados e machucados, deve-se ensinar à criança a sempre brincar com o gato com um brinquedo, oferecendo, por exemplo, um bicho de pelúcia para que seja a “vítima” dos abraços do vigoroso caçador!

Ainda tratando da questão das mordidas e arranhaduras, vale mencionar que gatos filhotes podem apresentar o que se denomina agressividade lúdica, que consiste, justamente, em utilizar as garras e os dentes para brincar com tudo e todos que enxergam pela frente. A melhor forma de evitar que as pernas das crianças se tornem um alvo de brincadeiras é proporcionar atividades interessantes ao gato que podem, inclusive, ter as crianças por perto para ocorrerem. Um exemplo são jogos com bolinhas de pingue-pongue ou de papel, que os gatos adoram perseguir, ou luz de laser nas paredes (tomando muito cuidado para não apontar para os olhos do bichano e causar algum dano; deve ser sempre uma brincadeira executada por adultos), que proporcionarão muitas risadas nos pequenos diante dos saltos dos gatos! Quanto mais atividade o gato tiver, com locais altos para escalar e explorar, menos necessidade terá de exercitar seus dotes de caçador nas mãos e pés das pessoas.

Vale lembrar, também, que a chegada de um bebê a uma família com um gatinho pode causar estresse ao felino. Para evitar que aquele antes querido e companheiro pet se torne desconfiado e passe boa parte do tempo escondido, é importante fazê-lo associar, sempre, o nenê a coisas positivas. Assim, quando o baby estiver por perto, somente consequências agradáveis devem surgir para o gato, como comidas gostosas, atenção e brinquedos de que ele goste muito.

Em qualquer situação, é sempre importante respeitar o tempo e espaço do gato. Caso ele esteja demorando a se enturmar com bebês ou crianças, deve-se ter paciência e persistência nas associações positivas, para que estas possam realmente surtir o efeito desejado.Finalmente, um cuidado rotineiro que pode fazer toda a diferença é manter as unhas dos gatos sempre aparadas, para que eventuais brincadeiras não gerem arranhões nas crianças.

Seguindo essas dicas, a convivência entre gatos e crianças da família tende a ser uma experiência muito rica e prazerosa para todos!

A importância da socialização para o gato

Photo credit: Cats 99 / Foter / CC BY
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Por Cassia Rabelo Cardoso dos Santos, adestradora da Cão Cidadão.

Atualmente, os gatos vêm se tornando companhia cada vez mais presente nos lares brasileiros. Ainda perdem em número para os caninos, mas é crescente o número de pessoas desse imenso país que vêm se apaixonando pela companhia cativante desse ronronante animal de estimação.

Esse aumento acaba gerando, também, mudança na mentalidade das pessoas quanto à forma com que abrigam os felinos de estimação. Especialmente nos grandes centros urbanos, vem sendo afastada a ideia de que os gatos domésticos devem ter vida livre, ou seja, podem ir e voltar para casa, a seu bel prazer. É indiscutível que criar um gato dessa forma aumenta as chances de acidentes e morte prematura, razão pela qual vem sendo difundindo que aos gatos não se deve permitir sair livremente, mas sim serem mantidos em nossos lares, protegidos dos perigosos agentes externos. Mas, por outro lado, gatos criados nessas condições podem acabar sendo privados, durante toda a vida, do convívio saudável com outros de sua espécie, cães e seres humanos em geral.

Gatos, por natureza, são animais retraídos, que costumam se sentir mais confiantes com pessoas e ambientes conhecidos, ou seja, onde detenham o controle do ambiente. Ora, privar um gatinho do convívio com companheiros de sua espécie, bem como outros animais e seres humanos pode prejudicar, no futuro, sua adaptação a situações, locais e pessoas diferentes, gerando alto grau de estresse toda vez que for obrigado a se deparar com circunstâncias diferentes daquelas a que esteja habituado.

Assim, uma medida essencial para garantir ao gato uma vida adulta sem grandes sobressaltos quando deparado com novas realidades, é providenciar uma boa socialização na fase de filhote. Isso significa permitir a esse filhote que seja apresentado ao maior número possível de pessoas e animais diferentes, sempre de forma positiva, objetivando fazê-lo se acostumar mais facilmente a essas novidades. No período de socialização, todos os laços afetivos (com animais da mesma ou de diferentes espécies) são formados e, por esse motivo, constitui-se no período mais importante na vida do gato.

A chamada fase de socialização primária é bastante curta nos filhotes de felinos domésticos, ocorrendo, em média, da 2ª a 9ª semana de vida do bichano. Nem sempre é possível que o gatinho que iremos adotar esteja em casa dentro desse período. Mas, caso seja possível conhecê-lo durante essa fase (mesmo que esteja ainda com a mãe), é importante prezar por um bom trabalho de socialização.

E o que significa fazer um bom trabalho de socialização? Essa tarefa consiste em permitir ao filhote vivenciar o maior número de experiência envolvendo várias pessoas diferentes, outros gatos e animais (como cães e pássaros). E isso deve envolver, sempre, manuseio gentil e bastante frequente dos filhotes, que deve ser recompensado por todos os comportamentos amigáveis que demonstrar. Essa recompensa pode consistir em ração úmida para filhotes, que eles costumam adorar! Gatos manuseados por vários seres humanos na fase de socialização primária costumam ser muito menos arredios a pessoas, se comparados àqueles que tiveram pouco contato com humanos na fase de socialização.

Um bom exemplo de trabalho de socialização entre filhotes de gatos e crianças é colocar um pouco de ração úmida numa colher e deixar que a criança vá oferecendo ao gatinho, enquanto brincam. Da mesma forma com pessoas que tenham contato com o gatinho, que deve ser pego no colo e acariciado gentilmente.

Prezar por uma boa socialização permitirá que o gatinho se torne facilmente adaptável a presença de seres humanos, sendo receptível às visitas que chegam ao seu “território”. Assim, tenderá a se mostrar tranquilo e receptivo sempre que pessoas novas visitem a casa da família, sem que esta experiência se torne algo amedrontador e o faça se esconder em um cômodo até que os “invasores” deixem o ambiente…

Dessa forma, conclui-se que fazer um bom trabalho de socialização com um filhote de gato que acaba de chegar ao novo lar é essencial para que se torne um adulto equilibrado e facilmente adaptável a novas pessoas e animais, sem que tal fato seja sinônimo de alto nível de estresse, tornando a convivência mais harmônica para todos!

Como acostumar o seu gato a tomar banho?

Photo credit: yoppy / Foter / CC BY
Photo credit: yoppy / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi e Malu Araújo – adestradora da equipe Cão Cidadão.

Gatos são muito higiênicos, passam uma grande parte do dia se lambendo, mas eles também podem tomar banho, e melhor ainda, gostar de tomar banho. Preferencialmente, esse hábito deve começar desde cedo, quando o gato ainda é um filhotinho.

Para que ele goste deste momento e associe o banho a uma situação bacana, nunca contenha o gato contra sua vontade, não o coloque logo na primeira vez numa banheira cheia de água e não tente secá-lo com o secador, pois essas coisas podem assustá-lo muito. Faça tudo com calma, já que você quer que ele goste de tomar banho, e, para isso, apresente-o primeiro a tudo que possa envolver o momento do banho.

Os primeiros banhos devem ser dados em etapas: comece molhando só as patinhas, depois vá aos poucos molhando o restante do corpo dele, em outro momento passe uma toalha nele, depois, deixe ele sentir o cheiro dos produtos que você irá usar, sempre associando esses momentos com algo agradável, oferecendo para ele um petisco, brincando, fazendo carinho e falando com ele com um tom de voz suave.

Se você quer secá-lo com secador de cabelo, primeiro ligue o secador distante dele para que ele acostume com o barulho, ofereça um petisco, deixe o secador na potência mínima, aos poucos direcione o jato de ar na direção dele, ainda mantendo uma distância para não assustá-lo, e, aos poucos, passe o secador por todo o pelo do gato. Outra opção é dar preferência aos dias mais quentes e secar bem o gatinho com a toalha. Depois, deixe que ele termine de se secar com o calor do sol, principalmente se o gato apresentar muita resistência ao secador. Depois que o seu gato já estiver mais habituado com os objetos, sons e tudo o que envolve o momento do banho, você pode dar um banho completo nele.

Prepare-se! Um dia antes você pode cortar as unhas do gato, não dê banho se você não tiver tempo, não faça nada com pressa! Você também pode escová-lo antes de dar banho, evitando assim que ele solte muito pelo, proteja o ouvido dele com um chumaço de algodão. Tome cuidado também com os olhos, nariz, não jogue água diretamente nesses locais. Deixe tudo o que você vai usar separado, inclusive a toalha e o secador, o xampu e todos os produtos que você vai usar no banho; use sempre produtos recomendados pelo médico veterinário.

Uma dica é colocar uma borracha de EVA no fundo de uma bacia ou da banheira, para evitar que o gato escorregue.

Lembrando-se de tomar alguns cuidados, acostumando seu bichano desde cedo com essa situação, falando com ele durante o banho e oferecendo alguns petiscos, com certeza é uma receita que fará com que ele goste do banho! E, além de tudo, você terá um amigão bem cheiroso.

Mitos e verdades sobre o convívio com gatos durante a gravidez

Photo credit: fragment.fi / Foter / CC BY
Photo credit: fragment.fi / Foter / CC BY

Por Katia de Martino, adestradora da equipe Cão Cidadão.

Trata-se de um assunto muito polêmico e é de extrema importância desmitificá-lo. Muitos médicos pedem para as grávidas não conviverem com felinos durante a gravidez, pois o gato é o principal transmissor da toxoplasmose. Essa “recomendação médica” acaba sendo responsável por muitos casos de abandono desses animais.

Mas, será que essa atitude extrema é mesmo necessária? Os gatos podem, sim, transmitir a toxoplasmose, mas a doença só é transmitida através das fezes desses animais. Ou seja, a pessoa teria que ingeri-las para contrair a doença. Além disso, as fezes precisam estar em uma condição ideal de temperatura e por, no mínimo, dois dias no ambiente para que o oocisto (ovo da toxoplasmose) fique esporulado (só nesse estágio é que a pessoa contrai a doença). Portanto, um simples contato com o animal, com seu pelo ou até mesmo com as fezes ‘’frescas’’ são insuficientes para que qualquer pessoa contraia a doença.

Nossos amigos podem ser hospedeiros da doença caso comam carnes cruas de peixes, aves e outros. Portanto, cuide da alimentação de seu bichano. Dê apenas alimentos industrializados, como ração. Com isso, você evita que ele seja um hospedeiro.

A via mais frequente de transmissão da toxoplasmose para os seres humanos ocorre por meio da ingestão de carne crua ou mal cozida, além de verduras mal lavadas. Portanto, a melhor maneira de evitarmos a infecção é termos muita higiene, seja com o gato ou com a alimentação.

Espero contribuir para a diminuição dos casos de abandono causados pela falta de esclarecimento. Com alguns cuidados simples é perfeitamente possível que grávidas continuem convivendo com seus “bichanos”.

Como cuidar do gato deficiente visual

Photo credit: CHRISPICS84 / Foter / CC BY
Photo credit: CHRISPICS84 / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Gatos são bastante dependentes da visão. Por isso, quando não enxergam bem, precisam de cuidados especiais

Tipos de deficiências
Assim como acontece com os humanos, existem gatos que nascem com problemas visuais, enquanto outros os adquirem por doença, acidente ou velhice. Os graus de deficiência da visão variam bastante – podem ir desde uma leve degradação da acuidade visual ou dificuldade para focar imagens até apenas conseguir diferenciar a luminosidade ou, então, atingir a cegueira total. Quando a cegueira é parcial, em um único olho, fica difícil calcular a que distância estão os objetos. Com isso, a locomoção é prejudicada, especialmente nos saltos, reduzindo a agilidade.

Adaptação
Muitos proprietários levam meses para descobrir que o gato está com problema de visão. Esses casos ocorrem principalmente quando há uma boa adaptação por parte do felino à deficiência, o que é mais provável de acontecer se o problema evoluir lentamente ou se for de nascença. Já quando a deficiência aumenta rapidamente, os sinais ficam logo evidentes, pois o comportamento do gato tende a mudar de maneira drástica.

Com a ausência ou a diminuição da visão, o cérebro se transforma para privilegiar outros sentidos. Ganham importância principalmente o olfato, a audição e o tato. Na nova condição, a memória também passa a ter maior destaque. Infelizmente, gatos idosos não podem contar tanto com essas adaptações – sua plasticidade comportamental e neurológica costuma ser limitada.

Olfato
Pela concentração do cheiro, o gato consegue identificar a direção que deve seguir para encontrar a caminha dele, por exemplo. Ele sabe que está se aproximando do que procura ao perceber que o odor do cômodo onde o objeto se encontra torna-se mais forte. Pelo olfato, também, o gato pode identificar os objetos que foram trocados de lugar. Isso o ajuda a se sentir menos ameaçado, já que qualquer coisa nova no território pode ser sinônimo de perigo.

Por isso, para evitar estressar o gato que tem deficiência visual, sempre que você trouxer um objeto para casa ou lavar um que estava em uso, procure apresentá-lo a ele. Faça-o de maneira cuidadosa, para não assustar. Também deixe o seu cheiro nos objetos antes de colocá-los ao alcance do gato, para evitar que ele os estranhe. Por exemplo, quando o tapete ou a almofada voltarem da lavanderia, passe a mão neles. Permita também que o gato se esfregue nos objetos, pois a identificação será ainda mais facilitada.

Audição
Além de possuírem ótima audição, os gatos são capazes de detectar o local de origem dos sons com muito mais precisão do que nós, humanos. As orelhas direcionáveis colaboram bastante para essa capacidade. Por meio dos sons, o felino pode identificar quem está se aproximando e em qual velocidade. A identificação será ainda mais tranquila se as pessoas falarem com ele enquanto se aproximam e antes de fazer carinho. Outra dica é, ao chamar o gato, ficar emitindo sons até ele identificar corretamente a posição e nos alcançar.

Tato
Os bigodes do gato são pelos tácteis, que funcionam como antenas e facilitam o deslocamento na escuridão total. Por meio desse pelos, ele percebe obstáculos antes de bater neles e de machucar o focinho ou os olhos, por exemplo. Jamais corte esses pelos, portanto. Ainda mais, se o gato não enxergar direito. Experimente encostar o dedo nos pelos de um olho do felino e veja como ele o fecha imediatamente, para se proteger.

Gatos cegos utilizam os bigodes dia e noite, com a mesma finalidade dos gatos com visão perfeita quando estão no escuro. Dessa forma, podem se deslocar com um pouco mais de velocidade e parar imediatamente assim que seus bigodes tocarem em algo, evitando bater e se machucar.

Outros cuidados
Procure não trocar de lugar os objetos da casa, sempre que possível. Detecte o que pode ferir o gato em caso de colisão e, para protegê-lo, cubra os pontos ameaçadores com uma camada de espuma. Quando você levar no colo um gato com problema de visão, tome cuidado: ele ficará desorientado ao ser posto no chão em local desconhecido. Mas não haverá problema se for deixado na caminha dele ou na cadeira preferida, pois poderá identificar rapidamente o objeto e saber onde está.

Lembre-se que gatos com dificuldade visual preferem escalar a saltar. Por isso, sempre que possível, providencie rampas – opte por fazê-las com materiais não escorregadios.

Gatos: demarcação de território com xixi

Photo credit: eva101 / Foter / CC BY
Photo credit: eva101 / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Entre os comportamentos do gato com maior potencial para incomodar seus proprietários está a demarcação com urina. Saiba como preveni-la e corrigi-la

Consultores comportamentais americanos e ingleses reportam que 50% das queixas recebidas de proprietários de gatos estão relacionadas com a demarcação feita com urina, conhecida como “spray marking”. Infelizmente, muitos gatos são abandonados ou sacrificados quando começam a apresentar esse tipo de comportamento.

Demarcação típica
O gato que está em pé e borrifa urina para trás, em superfícies verticais e com a cauda erguida e vibrando, encontra-se na mais clássica posição de demarcação territorial. Essa postura difere bastante daquela adotada pelos gatos para simplesmente se aliviar. Outras diferenças típicas da demarcação são a menor quantidade de urina eliminada com os borrifos e o fato de a urina geralmente não ser enterrada, por se tratar de uma forma de comunicação.

Prevenção via bem-estar
A demarcação com urina pode estar associada à tensão e ao estresse do gato por diferentes motivos. Tanto que muitos felinos param de demarcar quando o ambiente fica mais de acordo com as necessidades deles. Alguns cientistas consideram que a demarcação com urina seja uma maneira agressiva de os gatos protegerem o território.

Efeito da castração
É altamente recomendado castrar, especialmente os gatos machos, para se obter controle sobre a demarcação com urina, tanto preventivamente quanto para “curá-la”, se já se tornou problema. Pesquisas demonstram que cerca de 90% dos gatos machos param de demarcar apenas alguns meses após a castração. Mesmo que o gato continue a demarcar, a castração aumenta as chances de bom resultado no uso de técnicas comportamentais e medicamentosas para solucionar o problema, já que a redução dos hormônios sexuais costuma diminuir a predisposição para a demarcação.

Quanto às fêmeas, a castração faz com que elas não entrem no cio e reduz as chances de demarcarem, além de evitar a demarcação feita pelos machos, já que eles são incentivados pelo cio e pela demarcação praticada pelas gatas.

“Calmantes”
Drogas que reduzem a tensão, como o Valium, podem ajudar a controlar a demarcação com urina, ainda mais quando o motivo principal estiver associado a situações estressantes, como invasão de território feita por outro gato ou animal, uma grande faxina ou mudança de casa. De maneira geral, essas drogas, conhecidas, como ansiolíticos, são recomendadas por períodos não muito longos. Seu uso deve sempre ser acompanhado por um médico-veterinário e um especialista em comportamento. Normalmente, o efeito relaxante desse tipo de medicamento é quase instantâneo, diferentemente da maioria dos antidepressivos, os quais também são bastante recomendados.

Antidepressivos
Ao contrário do que muita gente acredita, os antidepressivos são receitados não só para pessoas, mas também para animais deprimidos, inclusive para o tratamento de vários problemas comportamentais, alguns deles em nada relacionados com o famoso estado depressivo.

Para o controle da agressividade, compulsão e ansiedade em gatos, bem como da demarcação territorial, são bastante recomendados princípios ativos como a fluoxetina e a clomipramina. Estudos demonstram uma eficácia de quase 90% em tais medicações no controle da demarcação territorial. Mas essa porcentagem varia bastante de estudo para estudo. Normalmente, o uso de antidepressivos é recomendado por longos períodos e o efeito pode demorar algumas semanas para aparecer.

Para o tratamento medicamentoso ser iniciado, é necessário que haja acompanhamento médico-veterinário. Após ter sido encerrado o tratamento, se o ambiente não foi alterado de modo a deixar o gato mais seguro e relaxado, o problema tende a voltar.

Feromônio
Existe ainda a possibilidade de uso do feromônio sintético Feliway, disponível em alguns pet shops. A taxa de sucesso, segundo um experimento inglês, é de cerca de 80%. Esse feromônio pode ser colocado nos locais onde o gato borrifa urina. Há também a opção de aplicá-lo no ambiente, por meio de difusores nas tomadas da casa. Na presença desse “cheiro”, os gatos tendem a ficar mais relaxados e a demarcar menos.

O método targeting para adestrar gatos

Photo credit: bortescristian / Foter / CC BY
Photo credit: bortescristian / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Para adestrar e controlar felinos, sejam gatos domésticos, onças ou leões, o targeting é a segunda técnica mais difundida, que perde só para o clicker. As duas podem ser utilizadas em conjunto, sempre que possível

Por que ensinar meu gato?
Com a ajuda do targeting, fica mais fácil e prático ensinar o gato a ir para determinado lugar sob comando – por exemplo, a subir na geladeira, a entrar na caixa de transporte, etc. No caso de grandes felinos perigosos, essa ferramenta torna possível deslocar os animais e posicioná-los sem ter de entrar em contato com eles, o que é muito prudente. Diversos zoológicos do mundo utilizam o targeting quando precisam lidar com grandes animais de modo a evitar acidentes envolvendo tratadores.Usando o targeting, por diversas vezes ensinei gatos domésticos a achar uma saída para descer de árvores e telhados sem precisar de escada! Com esse método conduzi também, para um documentário, uma jaguatirica por caminhos específicos dentro de um recinto enorme. Dificilmente trabalho com um animal sem ensinar a ele as técnicas do clicker e do targeting.

O que é?
Essa técnica de adestramento normalmente ensina o animal a se aproximar de um alvo (target, em inglês) e a encostar o focinho nele. Dessa forma, guiamos o bicho para onde queremos com a ajuda do target, que pode ser uma bolinha na ponta de uma vara, por exemplo.

Como treinar
Antes de tudo, devemos definir um bom target e associá-lo a uma ou várias recompensas. Depois, ensinamos o gato a seguir o target e a tocá-lo. A partir daí, é só posicionar o target no lugar aonde queremos que o gato vá. Com alguns truques podemos ensiná-lo não só para qual lugar ir mas também por onde e como ir. Aos poucos, torna-se possível substituir o targeting por comandos verbais ou gestuais.

Escolha do alvo
Existe uma infinidade de objetos que podem ser utilizados como target. Encontram-se diversas opções no mercado, bastando digitar “target training” em um buscador da internet, como o Google. Há também diversas soluções caseiras que podem funcionar muito bem, como bolinha de pingue-pongue, fitinha e guizo. Um bom target deve ser de fácil visualização, substituível, não ingerível e seguro. Quanto mais ele se destacar no ambiente, mais fácil será para o animal localizá-lo.

Para tanto, ajuda bastante levar em conta as características do local onde o gato será treinado bem como conhecer as características da visão dos gatos. Escolha um target que possa ser substituído se estragar, pois, caso contrário, você precisará adaptar o gato ao novo target. Muitos gatos dão fortes patadas no target para tentar agarrá-lo ou, em alguns casos, tentam comê-lo! Por isso, evite qualquer coisa que possa machucar ou ser ingerida.

Recompensas
Sempre que o gato se aproximar do target ou que tocar nele, deve ser recompensado. No início, convém colocar o target bem perto do focinho do gato e, com o tempo, podemos ir afastando. Quem já usa o clicker pode clicar e recompensar o gato sempre que tocar o alvo ou se aproximar dele. A maneira mais rápida de ensinar é pôr um petisco bem apetitoso no próprio target. Assim, o gato se aproxima e encosta no target para pegar o alimento. No instante em que ele irá alcançar a comida, podemos clicar (a dica vale também para quem não usa ainda o método clicker).

Você pode serrar uma bolinha de pingue-pongue ao meio e colocar um petisco dentro de uma metade, usando-a inicialmente como se fosse um pratinho. Depois de algum tempo, começo a não pôr o petisco na meia bolinha todas as vezes, mas continuo clicando e recompensando. Muitas pessoas fazem essa transição rápido demais e o gato passa a ignorar o target. Evite que isso aconteça intercalando o local da recompensa. Ponha-a às vezes no próprio target e, às vezes, na sua mão. Quanto estiver pondo o petisco somente na sua mão, já poderá usar uma bolinha inteira como target, mas não há problemas em continuar usando a meia bolinha.

Seguir o target
Aos poucos, vá distanciando o target e faça o gato percorrer distâncias cada vez maiores. No início, o target pode ser posicionado a centímetros do focinho, mas depois pode chegar a diversos metros de distância. É nessa fase que começa a ser muito útil prender o target em uma haste, para ganhar agilidade e alcançar lugares altos ou distantes. Sempre que o gato alcançar o target, deverá ser recompensado.

Criar gesto ou comando
Se, por exemplo, quisermos ensinar o gato a subir na geladeira simplesmente apontando para ela, devemos fazer o gesto de apontar e imediatamente posicionar o target no topo dela. Assim que o gato pular e chegar lá, devemos recompensá-lo. Com o tempo, ele irá se antecipar e pulará na geladeira somente ao ver você apontar com o dedo. Não esqueça de recompensá-lo nesse momento!

Como lidar com mais de um gato

Photo credit: Bev Goodwin / Foter / CC BY
Photo credit: Bev Goodwin / Foter / CC BY

Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.

Você tem vários gatos? Veja como proporcionar a eles mais bem-estar na vida em grupo

Meus gatos estão bem?
Gatos são bastante mais sutis que cães para dar pistas quando a situação não é das melhores. Em vez de terem compulsões e de se automutilarem, como ocorre com os cães, os gatos simplesmente reduzem a atividade e dormem mais. Cai, portanto, a freqüência das explorações, das brincadeiras, da alimentação e do uso da caixa de areia. Mudanças como essas exigem cuidado e atenção para serem percebidas.

Espaço mínimo
Alguns estudos demonstram que, quando os gatos se dão relativamente bem, é melhor deixá-los vivendo em grupo do que separados individualmente. Para isso acontecer, entretanto, é preciso que o grupo possa se comportar o mais naturalmente possível. Ou seja, entre os felinos que estão em ambiente confinado, o relacionamento deve acontecer de maneira semelhante à que ocorreria se não houvesse restrição de espaço.

O normal, para um gato que vive em grupo, é permanecer cerca de 50% do tempo fora da visão dos demais e, quando está com os outros gatos, passar a maior parte do tempo afastado deles, de um a três metros. Sempre que possível, portanto, é preciso que o ambiente ofereça condições e espaço para cada gato ficar fora da vista dos demais e a até três metros um do outro.

Com relação ao espaço para exploração e exercício, quanto maior ele for, melhor. Mas um ambiente pequeno pode se tornar interessante e estimulante para o gato. E mais vale um ambiente menor, mas estimulante, do que um espaço maior, porém vazio.

Prateleiras e divisórias
Prateleiras aumentam a área de exploração e possibilitam que os gatos observem o ambiente a partir de um ponto elevado, o que lhes dá maior controle. Em conjunto com divisórias, as prateleiras oferecem a possibilidade de cada gato ficar fora do campo de visão dos demais.

Um estudo científico demonstrou que, freqüentemente, o controle do espaço no piso é feito pelos gatos mais dominantes, enquanto os mais submissos se refugiam nas prateleiras.

Esconderijos
Ter onde se esconder é importante para os gatos. O esconderijo, mesmo quando não usado, deixa o felino mais confiante por saber que, quando for preciso, poderá ter uma rota de fuga e um lugar para se abrigar.

Está comprovado cientificamente que, nos gatos que vivem em ambiente confinado, mas com esconderijo, há uma redução do hormônio cortisol, o qual, em níveis altos, indica estresse e maior sensibilidade para doenças e alergias.

Recursos essenciais
É comum um gato se sentir inibido para beber, comer ou usar a caixa de areia quando outro gato mais dominante o observa. Por isso, convém que a água, a comida e os banheiros sejam disponibilizados em mais de um local, colocados de modo que não se torne possível a um gato controlar todos esses recursos ao mesmo tempo. Assim, se o gato mais dominante estiver deitado na frente de uma caixa de areia, haverá outra caixa de areia para ser usada longe do olhar dele.

Água
Gatos que vivem agrupados em espaços pequenos consomem, geralmente, muito menos água do que deveriam. Procure estimular os seus gatos a beber. Disponibilize fontes de água e coloque-as afastadas das caixas de areia e dos potes de comida.

Comida
Sempre que possível, devemos procurar alimentar os gatos individualmente ou sob supervisão. Controlar a quantidade de comida que cada gato ingere permite evitar obesidade e detectar se algum deles está sem apetite, eventual sinal de doença ou de estresse. Quando não é possível fazer esse tipo de controle, a recomendação é adotar uma rotina rigorosa de verificação do peso de cada gato.

Caixas de areia
O baixo uso das caixas de areia pelos gatos que vivem em casa pode causar problemas de saúde. Para evitá-los, devemos nos esforçar para cada gato poder ir ao “banheiro” com facilidade. Estimula-se o maior uso das caixas de areia posicionando-as longe da comida e da caminha e mantendo-as sempre limpas. O ideal é ter uma caixa a mais do que a quantidade de gatos. Se não for possível, convém ter pelo menos uma caixa para cada dois gatos.

Intolerância entre dois gatos
Confrontos entre gatos de um grupo são comuns. Nessas disputas ocorrem chiados, patadas e unhadas. Um pouco de agressividade deve ser considerada normal. Mas, se um dos gatos ficar aterrorizado demais e viver escondido, deve-se separá-lo ou pedir ajuda a um especialista em comportamento. Algumas vezes, a única saída é formar dois grupos de gatos numa mesma casa, mantidos separados ou em gatis diferentes.

Alexandre Rossi na capa da revista Mais Que Pet

mais-que-pet_internaO especialista em comportamento animal, Alexandre Rossi, é capa da edição de setembro da revista Mais Que Pet.

Na entrevista, o especialista deu algumas dicas valiosas sobre o comportamento dos animais, além de explicar alguns temas que são cruciais para todos os donos. Alexandre ainda falou um pouco sobre o seu trabalho, citando o caso mais difícil que atendeu recentemente – o Chow Chow Billy-, e sobre a parceria que fechou com a operadora Claro, para o lançamento do Claro Pet, um serviço que traz dicas diárias sobre adestramento para assinantes.

E é claro que a estrela, Estopinha, não poderia ficar de fora. A Mais Que Pet revela para você cinco coisas supersecretas da cadelinha. Agora, que tal conferir a entrevista?

Clique aqui e confira na íntegra.

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