Por Katia de Martino, adestradora da equipe Cão Cidadão.
Você tem um cão com uma idade avançada e se pergunta: “Será que é possível que ele aprenda alguma coisa com o adestramento?”. A resposta é: SIM. Seu cão pode ser adestrado, independentemente da idade. Claro que, comparado a um filhote, sem vícios de comportamento, o aprendizado será mais difícil, porém, possível.
Para que seu cão aprenda, ele precisa estar bem motivado, isso é, ter interesse em você e no que está usando como recompensa. Antes de iniciar o adestramento, é recomendável levá-lo ao veterinário, para verificar se ele sofre de alguma doença, como diabetes, problemas renais ou de cognição, entre outras enfermidades que acometem animais com idade avançada.
Dessa forma, saberemos se há algum tipo de alimento ou petisco que deve ser evitado durante o treinamento ou se há algum problema neurológico ou de audição que poderá dificultar seu aprendizado.
Utilize sempre o reforço positivo, recompensando-o quando ele fizer o que está sendo pedido. Acima de tudo, tenha paciência! Assim como um adulto leva mais tempo para aprender um novo idioma em relação a uma criança, um cão idoso precisará de mais dedicação do que um filhote, para aprender novos comandos. Estimule-o, faça com que o treinamento seja um momento agradável.
Lembre-se de que, quanto mais atividade mental dermos ao cão durante sua vida, com enriquecimento ambiental e adestramento, menos problemas neurológicos ele terá no futuro, já que as atividades deixarão o cérebro dele em atividade constante. E, claro, o deixarão mais feliz.
Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.
É mais fácil conseguir ajuda, conversar com outras pessoas e até obter telefone quando estamos acompanhados por um cão, conforme demonstrou um estudo publicado em dezembro de 2008 na renomada revista científica Anthrozoos
Para testar a hipótese de que os cães funcionam como facilitadores sociais, foram feitos quatro experimentos, todos eles com e sem cão. No primeiro, um homem pediu dinheiro na rua. No segundo, uma mulher fez a mesma coisa. No terceiro, um homem deixou cair propositadamente moedas no chão para ver se as pessoas o ajudavam a recolhê-las. No quarto, um teste idêntico foi feito por uma mulher. Por último, um homem pediu o telefone de mulheres jovens na rua. Em todos os experimentos, constatou-se que os cães ajudaram as pessoas a atingirem seus objetivos.
Assim como o resultado desse estudo não me surpreendeu, acredito que também não surpreenda ninguém que passeie pelo menos de vez em quando com seu cão. Apesar de a descoberta ser relativamente óbvia, é bastante interessante e pode nos ajudar a obter um melhor aproveitamento de mais essa função dos cães em nossa sociedade. Neste artigo dou alguns exemplos práticos de como fazer isso.
Conheça pessoas ao passear
Leve o seu cachorro para passear e as pessoas se sentirão mais à vontade para se aproximar de você e iniciar uma conversa. Para facilitar ainda mais a aproximação, demonstre que você está curtindo o passeio e o cão.
Participe de encontros de cães
Aproveite as oportunidades para sociabilizar o seu cão. Afinal, ele também é um ser sociável! Muitas pessoas levam os cães para brincar em determinados locais e horários. Normalmente, esses encontros ocorrem no final da tarde ou durante sábados, em praças e parques. Turmas muito bacanas se formam, tanto no grupo de humanos quanto no grupo dos cães!
Consiga sorrisos no trânsito
É impressionante como até o trânsito infernal das grandes cidades não é capaz de impedir que pessoas olhem para o seu cão e sorriam para você. Consigo esses sorrisos sempre que levo minhas cadelas para passear de carro comigo.
Conquiste um parceiro
Está comprovado cientificamente que é mais fácil conseguir telefones de paqueras quando estamos acompanhados por um cão. Infelizmente, o experimento só testou homens pedindo telefone de mulheres. Mas, acredito que mulheres passeando com seus cães terão ainda mais facilidade para conseguir telefones de homens e também deverão ser mais paqueradas. Provavelmente, sendo homem ou sendo mulher, você irá atrair pessoas que gostam de animais, o que é ótimo, levando-se em conta que você tem um cão.
Facilite a inclusão social
Os cães podem ajudar, e muito, gente com dificuldade para interagir ou que se sinta excluída. Essa dificuldade é bastante comum em pessoas muito tímidas, com baixa autoestima ou portadoras de deficiência física ou mental. A companhia de um cão, além de aliviar a tensão e a ansiedade da própria pessoa, também facilita a aproximação das outras pessoas.
Quem está hospitalizado, os velhinhos em asilos e as crianças em creches também podem ser beneficiados. Visitas com cães a esses locais são cada vez mais organizadas por grupos de voluntários. Por estarem com seus cães, os visitantes acabam também interagindo melhor com os visitados.
Mostre afeto
Nós somos observados e julgados constantemente por pessoas ao nosso redor. Quem demonstra ser cuidadoso com outro ser e dá carinho automaticamente é considerado melhor. Sinta-se, portanto, orgulhoso de demonstrar afeto ao seu cão em qualquer lugar onde vocês estiverem!
Alivie a tensão de quem conversa com você
Também foi comprovado que, quando um ser humano estressado faz carinho no cão, o nível do estresse diminui. Por isso, se você quiser deixar uma pessoa relaxada ao tentar iniciar uma conversa com ela, permita que faça carinho no seu cão enquanto falam. Dizer “pode fazer carinho, ele é manso” facilita a aproximação. Reduz o estresse por permitir que a outra pessoa “invada” o seu espaço pessoal para fazer carinho. Para deixar a pessoa bem à vontade, dê dicas de onde o cão mais gosta de ser afagado.
Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento.
Pessoas
Faz parte da socialização proporcionar momentos agradáveis ao filhote, na presença de dezenas de pessoas diferentes. Os cães dividem as pessoas em diferentes tipos, com grande facilidade. Enquanto com algumas eles podem ser confiáveis e dóceis, com outras se tornam agressivos e medrosos. Para evitar isso, devemos apresentá-los a pessoas de todos os tipos.
É preciso fazer a sociabilização de modo que abranja o máximo de etnias (principalmente pessoas brancas e negras), idades (bebê, crianças, adultos, idosos), sexos (homem e mulher), comportamentos (pessoas que falam alto, que se movimentam de maneira não usual, etc.) e presença ou ausência de cabelo e barba.
Mesmo quando há criança em casa, o filhote precisa conhecer outras crianças, para se acostumar com a diversidade.
Não existe uma quantidade exata de pessoas que convém apresentar ao cão até os 3 meses de idade, mas diversos especialistas têm recomendado cerca de 100 pessoas. Algumas delas o cão deve conhecer um pouco mais profundamente, interagindo por meio de brincadeiras e agrados. Uma boa maneira de fazer o filhote gostar de conhecer novas pessoas e, ao mesmo tempo, criar uma pequena interação com elas é pedir aos “estranhos” que dêem um petisco para ele.
Tome muito cuidado com reações que podem assustar o filhote. Principalmente por parte de pessoas estranhas ao cão. Se elas causarem situações assustadoras, podem fazer o filhote generalizar a experiência negativa e passar a ter medo de pessoas desconhecidas ou com alguma característica da pessoa que o assustou. Quanto mais sensível for o cão, mais cuidado devemos ter. Para alguns filhotes, uma aproximação brusca já é assustadora demais.
Animais
No caso de contato com outros animais, é importante manter o controle até que a situação se torne segura para o filhote e para o outro bicho, que pode ser, inclusive, um outro filhote.
Alguns filhotes se assustam demais quando um cão vem rapidamente na direção deles, mesmo que a intenção seja de brincar. A melhor maneira de evitar isso é controlar o outro cão, principalmente se for agitado ou grande, até que o filhote se aproxime dele e o investigue e, assim, perca o medo. Somente deixe os dois interagirem livremente quando perceber que nenhum deles poderá tomar um grande susto ou se sentir extremamente incomodado pela presença do outro.
Às vezes é o filhote que se aproxima rapidamente de outro animal e o assusta ou provoca uma reação agressiva. Se, ao correr na direção de um papagaio, por exemplo, o filhote o fizer sair voando, poderá tanto se assustar quanto se sentir estimulado a caçá-lo. Se a corrida for em direção a um gato, para piorar, o filhote pode levar uma patada o ficar assustado e até machucado.
Portanto, para que a sociabilização comece da maneira adequada, devemos deixar claro para o filhote que, ao se aproximar de outros animais, o faça de maneira calma e gradativa, sem assustá-los. O filhote também precisa aprender que não pode tentar caçar o outro bicho. Caso tente, deve ser imediatamente reprimido. Para obter controle mais fácil do filhote, nesses momentos ele deverá estar de coleira e na guia. Assim, se ele começar a ir rapidamente na direção do outro bicho, você poderá travar a guia e repreendê-lo.
Objetos
Os filhotes devem ser encorajados a brincar, comer e receber carinho ao lado de objetos novos e diferentes. Sempre que possível, devemos ir aproximando o filhote do objeto e não o contrário. Assim evita-se levar o objeto rapidamente demais na direção do filhote, o que poderia traumatizá-lo.
Objetos em movimento também podem ser assustadores para o filhote. Acostume-o, portanto, a carros, motos, caminhões, carrinhos de bebê, bengala, vassoura, etc. Comece com o filhote a uma distância em que se sinta completamente seguro. Brinque com ele, alimente-o e faça carinho, aproximando-o aos poucos do objeto, que deverá estar em movimento. Somente diminua a distância ao perceber que o filhote se sente completamente tranqüilo. Não o force a se aproximar demais do objeto em movimento, para ele não começar a perder a confiança em você.
Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.
Conheça várias dicas de estímulos e atividades que evitam tédio no cão e suas conseqüências, como compulsão (lamber a pata até feri-la, por exemplo), ansiedade de separação e destrutividade
Objetivo: manter o cão ocupado Mente vazia, oficina do diabo, diz o provérbio… Você já pensou que o seu cão, enquanto faz coisas saudáveis e corretas, não incomoda pessoas nem destrói a casa ou se automutila? Ocupá-lo é também muito mais saudável do que simplesmente impedi-lo de fazer o que ele quer.
Como entreter Todo mundo sabe entreter o cão levando-o para passear, brincando de cabo-de-guerra com ele ou atirando bolinha. Mas poucos sabem como entretê-lo enquanto conversam com alguém, vêem televisão ou dão atenção a uma visita.
A dica é preparar diversão para esses momentos. Vale tudo que entretenha o cão e que nos deixe livres para fazer o que quisermos. Existem algumas técnicas que utilizo para proporcionar esse tipo de entretenimento.
Busca por alimento Esconda petiscos e estimule o cão a procurá-los. Com o tempo, ele passará a vasculhar cada pedacinho da casa, com a esperança de encontrar algo apetitoso. No início, procure facilitar a localização. Depois, pouco a pouco, torne a busca mais difícil. Crie novos esconderijos e dificulte o acesso cada vez mais. Para não estimular o cão a ir aonde você não deseja, evite colocar os petiscos nesses lugares.
Garrafa pet Esse é um dos meus instrumentos preferidos, mas pode tornar-se um pouco barulhento, dependendo da estratégia utilizada pelo cão. O procedimento consiste em fazer uns furos laterais numa garrafa pet vazia. Deseja-se que, ao ser utilizada pelo cão, caiam alguns pedaços de petisco ou grânulos de ração previamente colocados. Essa é uma ótima maneira de dar ração em vez de simplesmente servi-la no pratinho de comida. No início, faça buracos maiores na garrafa, já que muitos cães podem desistir nessa fase. Aos poucos, dificulte e exija cada vez mais. Assim poderá proporcionar entretenimento por horas, até o cão conseguir tirar o último pedacinho de alimento de dentro da garrafa.
Roer e destruir Ossos e brinquedos mastigáveis também são ótimas opções. Muitos cães gostam do desafio de destruir coisas, como arrancar pedaços de um bichinho de pelúcia, desde os olhos e o nariz até a espuma de dentro, despedaçar uma bola ou arrancar nacos de um osso de couro.
Conheço vários cães que adoram tirar o rótulo e a tampinha de garrafas pet! Muitos também apreciam destruir coco verde – a bagunça que fica com os fiapos restantes é fácil de limpar e o seu cão merece um bom passatempo!
Outra dica é embrulhar petiscos em pedaços de cartolina ou de papel e deixar o próprio cão rasgar a embalagem.
Embora destruição seja uma ótima terapia para o cão, preste atenção. Se ele for do tipo que engole tudo, só lhe dê objetos cujos pedaços sejam digeríveis e que não possam machucá-lo ou causar obstrução gástrica.
Criações do próprio cão É impressionante como os cães criam as próprias atividades. Infelizmente, muitas vezes não estimulamos essas iniciativas ou até mesmo as reprimimos. É comum o cão ansioso descobrir que ter uma bolinha na boca para ficar mastigando o ajuda muito nos momentos de maior ansiedade. Um exemplo é o do cão que, quando percebe que terá interação com o dono, corre e agarra uma bolinha. Para ele, é importante ter sempre uma bolinha à disposição e, no entanto, muitas vezes o dono se livra da bolinha porque se tornou vício. O contato com esse objeto permite ao cão extravasar a ansiedade e conseguir não morder a mão do dono nem destruir algum objeto da casa.
Mais uma atividade de diversos cães é correr de um lado para outro quando estão muito ansiosos, incluindo, às vezes, dar voltas em torno da mesa de jantar. Em vez de reprimir o cão por fazer bagunça, deve-se procurar ajustar a casa para essa atividade. Por exemplo, fixar os tapetes no chão e tirar objetos que possam ser derrubados durante o percurso. Essa é também uma maneira de respeitar o cão. Afinal, ele talvez preferisse, se pudesse, pular em você ou rasgar sua roupa.
Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.
Muitas vezes, uma dica basta para resolver o problema das escavações caninas. Mas, para saber qual é essa dica, é preciso saber antes o que leva o cão a cavoucar.
1. Crie cantinhos excepcionais
Por instinto, o cão dá uma cavadinha onde irá se deitar – costuma fazer isso até em sofás e pisos frios! Normalmente, após a cavadinha, dá umas rodadas e se deita. Muitos cães gostam de deitar-se em lugares frescos do jardim ou que permitam acompanhar o movimento da casa ou da rua. O problema é que, muitas vezes, há um canteiro de flores ou grama justamente nesses lugares. O truque é preparar cantinhos perfeitos para o cão, levando em consideração o que ele mais deseja. Às vezes, até sugiro uma pequena reforma paisagística.
2. Gaste o excesso de energia
Quanto mais energia o cão tiver, maiores as chances de ele cavar grandes buracos. Uma maneira de controlar o excesso de energia é levá-lo para passear diariamente e/ou exercitá-lo bastante, com brincadeiras.
3. Combata o tédio
Cães também ficam entediados! Gostam de passear, caçar, brincar, etc., e não de ficar isolados em um quintal. Crie atividades para tornar a vida do seu cão mais interessante. Nem que seja escondendo petiscos no jardim para ele encontrar. Ler artigos sobre enriquecimento ambiental e comportamental ajuda a ter idéias para entreter o cão.
4. Evite que enterre objetos
Enterrar ossos naturais e alimentos para consumir mais tarde também faz parte do instinto canino. Muitos cães enterram apenas alguns tipos de objetos. Se o seu fizer isso, não deixe de lhe dar os objetos daquele tipo. Mas, em vez de entregá-los, mantenha-os amarrados numa corda. Assim, ele não poderá levá-los para enterrar. Um jeito de evitar que o cão se enrosque na corda é pendurar o objeto de modo a não encostar no chão. Esse método é útil também para combater a possessividade canina por determinados objetos.
5. Prepare um cantinho para grávidas
Cadelas prestes a parir ou com gravidez psicológica procuram cavar um ninho para os filhotes. Nesses casos, devemos preparar cantinhos perfeitos para elas. E, quando a gravidez for psicológica, pode-se, ainda, tratar a fêmea com inibidores de hormônio (consulte seu veterinário).
6. Torne desagradável desenterrar
Se o cão cava lugares específicos, antes de tapar os buracos encha-os com os próprios cocôs dele. É praticamente certo que isso o fará desistir de cavar aquele local. Com o tempo, você irá minando todos os lugares mais cavados. Essa é a minha dica preferida!
7. Reestruture seu jardim
Procure adaptar o estilo do seu jardim à presença canina. Às vezes, algumas pequenas alterações podem evitar muita dor de cabeça e proporcionar menos estresse no convívio. Pedras nos lugares em que o cão cava, assim como cercas e telas, podem, muitas vezes, ser a melhor solução. Um dos meus clientes resolveu o problema com telas postas no solo dos canteiros que o cachorro cavava. Nessa alternativa, caso se queira ocultar a tela, basta jogar um pouco de terra por cima. Ou esperar que as plantas cresçam. Há, porém, o inconveniente de ser preciso retirar a tela ou cortá-la, para plantar nova muda. Em alguns casos, sugiro construir uma caixa de areia no jardim para o cão poder se divertir, cavando. Afinal, cavar é um comportamento normal e saudável.
8. Só dê bronca durante a ação errada
Nem pense em dar bronca no cão se não for no exato momento do comportamento inadequado. Está mais que comprovado: bronca fora do momento exato, além de não funcionar, pode deixar o cão confuso, o que aumenta as chances de surgirem problemas de comportamento. A melhor ocasião para repreender o cão é quando ele começa a cavar um lugar proibido. Nesse momento, procure fazê-lo sentir desconforto. Jogue um pouco de água nele ou faça um ruído que o assuste, por exemplo. Mas só faça isso se ele não for medroso nem inseguro. Algumas pessoas conversam com o cão quando ele erra. Tentam explicar que agiu incorretamente. Não faça isso. O cão pode gostar dessa atenção e começar a cavar na expectativa de receber mais!
Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.
O comportamento sexual e a alimentação são igualmente importantes para a sobrevivência das espécies. Muitos machos param de se alimentar diante da excitação de detectar fêmea no cio. Alguns chegam a arriscar a própria vida para copular! De nada adiantaria os animais se dedicarem a sobreviver se não passassem para diante os seus genes. Por isso, não deveríamos sentir estranheza ao ver cães “desesperados” para acasalar.
Movimentos pélvicos
Proprietários que vêem, com naturalidade, seu cão brincar de luta, se espantam quando ele brinca de fazer movimentos pélvicos. Já ouvi muitas pessoas fazer observações como: “Alexandre, meu filhote é tarado! Já está querendo cruzar com apenas 40 dias de idade! O que faço?”
É com as brincadeiras que os cães aprendem a praticar os comportamentos essenciais para a sobrevivência. São conhecidos vários casos de cães com problema para acasalar por terem sido separados novos demais da mãe, dos irmãos e de outros indivíduos da espécie. É normal que as brincadeiras e treinos de monta comecem quando o filhote ainda está mamando e que continuem por toda a vida. Isso vale tanto para os machos quanto para as fêmeas. E não faz diferença se a prática ocorre com exemplares do mesmo sexo ou não.
Brincadeiras sexuais com gente
Durante o período de sociabilização, que vai até os 90 dias, os cães aprendem comportamentos próprios da espécie por meio do convívio. Quando esse aprendizado inclui a interação com seres humanos, o cão passa também a se identificar com pessoas. Para ele, torna-se natural considerá-las parceiras de brincadeiras e de treinos sexuais. Mas é claro que, pela educação, podemos ensinar o cão a não tentar copular com os nossos braços ou pernas.
Monta
O cão que monta sobre outro pode apenas estar expressando dominância. Quanto mais dominante for, menos aceitará que outros cães subam nele — principalmente os de mesmo sexo. Em compensação, o dominante poderá querer subir em todos os demais cães. Outra situação é a do macho que insiste em querer montar numa fêmea. Ela se irritará e passará a ameaçá-lo com mordidas sempre que ele chegar perto demais.
Masturbação
Alguns cães desenvolvem o hábito de se masturbar. Embora este seja um comportamento considerado normal, desde que não praticado em excesso, costuma deixar as pessoas embaraçadas. Proprietários se queixam disso principalmente quando recebem visitas. Segundo eles, o cão parece fazer de propósito. Assim que a visita chega, ele traz o travesseirinho ou brinquedo predileto e começa a se masturbar no meio da sala! Esse comportamento pode proporcionar ao cão diversos benefícios, pelo prazer obtido ao se masturbar, por conseguir chamar a atenção e por aliviar a ansiedade de ver mais pessoas interagindo com seus donos. Mesmo com tanta “concorrência”, costuma ser fácil ensinar o cão a não se comportar dessa maneira.
Há casos mais raros de cães que se masturbam compulsivamente até se machucarem. O tratamento é semelhante ao de outros problemas compulsivos, como o de lamber a pata em excesso.
Cão precisa cruzar?
Tanto o cão quanto a cadela podem ter vida saudável e longa sem nunca acasalar. Na verdade, os acasalamentos aumentam o risco de contrair doença sexualmente transmissível.
Acasalar acalma?
Muitas relacionam a falta de relações sexuais ao grau excessivo de atividade do cão e ao comportamento de montar nas pessoas. Vários experimentos já demonstraram que o cão agitado, com alta libido ou que apronta pela casa, continua se comportando do mesmo modo depois de ter relação sexual. O cão jovem, ao sair da adolescência, por exemplo, apresentará mudanças comportamentais independentemente de ter acasalado ou não.
Castração provoca sofrimento?
A castração causa alterações hormonais que mudam o comportamento sexual. As cadelas deixam de entrar no cio e a maioria dos machos perde o interesse por elas. Fora isso, os animais castrados demonstram alegria, curiosidade, interesse no que acontece ao redor e brincam sem parecer prejudicados pela castração. Os cães-guias de cegos, por exemplo, são todos castrados para desempenhar melhor suas funções.
Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.
Cães hiperativos. Quem tem sabe o trabalho que um cão hiperativo pode dar. Alguns cães se comportam de maneira agitada grande parte do tempo, dificultando bastante o convívio normal ou desejado para um animal de companhia.
Como identificar um cão hiperativo?
Cada cão possui um determinado nível de atividade que pode variar bastante de raça para raça e de indivíduo para indivíduo. Não existe uma linha divisória clara entre cães normais e cães hiperativos, portanto alguns cães podem ser considerados normais por alguns especialistas e hiperativos por outros.
Os cães claramente hiperativos exibem continuamente um comportamento acelerado, tornando o convívio um tanto quanto difícil. Muitas vezes os proprietários se sentem sufocados pelo fato de o animal não parar quieto ou não parar de querer chamar a atenção buscando objetos, destruindo móveis, choramingando e latindo. Infelizmente tais cães costumam acabar trancados dentro de um canil ou separados fisicamente do convívio familiar, solução um tanto quanto cruel.
A hiperatividade pode começar cedo?
Um cão já pode demonstrar hiperatividade nos primeiros meses de vida. Sem querer, muitas pessoas acabam escolhendo o filhote hiperativo, pois é esse que geralmente vai correndo e fazendo festa para cada visita que aparece. Muitas pessoas dizem que elas é que foram escolhidas pelo filhote, geralmente se referindo a esse comportamento – “Ele me escolheu! Veio correndo na minha direção e não parou de me lamber e nem de abanar o rabo!!”
Esperanças frustradas
É comum que proprietários de um cão hiperativo acreditem que ele seja agitado por ser ainda jovem e que vai se acalmar, mas com o tempo percebem que continua do mesmo jeito apesar de já ter se tornado adulto.
Principalmente no caso de cães machos, existe um mito de que o cão precisa cruzar para se acalmar. Tal informação não procede, e isso é confirmado por pesquisas científicas. Portanto não perca tempo procurando um parceiro sexual para seu animal com essa finalidade.
Seleção genética
Muitas raças que existem hoje foram selecionadas para o trabalho. Cães sempre dispostos a executar atividade física, incansáveis e hiperativos, eram, freqüentemente, selecionados. Isso resultou em cães ótimos para o trabalho, mas ativos demais para a função exclusiva de companhia.
Alergia alimentar
Alguns cães podem ter um excesso energético devido a alergias alimentares. O diagnóstico é feito através de alterações alimentares utilizando dietas hipoalergênicas, comerciais ou caseiras, por cerca de dois meses.
Distúrbio de Déficit de Atenção e Hiperatividade
Cães com distúrbio de déficit de atenção e hiperatividade costumam ter dificuldade de se concentrar apenas em um estímulo, dando a impressão de estar prestando atenção em tudo ao mesmo tempo. De maneira semelhante ao que ocorre com crianças com o mesmo diagnóstico, o tratamento pode ser feito com anfetaminas, que, nesses casos, em vez de aumentar a atividade, como seria o esperado em um indivíduo que não sofra desse mal, tende a reduzi-la a níveis normais.
Outras causas
O hipertiroidismo e o aumento dos níveis de estrógeno também podem ser as causas de hiperatividade. Exames de sangue podem ser úteis para o diagnóstico do problema.
O que faze?r
Evite escolher o filhote mais agitado da ninhada, pois o filhote pode já estar demonstrando um comportamento hiperativo. Além de observar os filhotes, experimente fazer um carinho relaxante (massagear calmamente o animal enquanto fala com ele) e observar seu comportamento. Alguns poderão relaxar e curtir o carinho, enquanto que outros podem ficar cada vez mais excitados. Os que ficarem mais agitados têm uma maior chance de ser hiperativos.
Controle é essencial
Cães bastante ativos precisam ser muito bem educados, já que podem, em pouco tempo, destruir objetos da casa, incomodar as visitas, etc. Se o cão não o respeitar, procure auxílio de um adestrador.
Bastante atividade física
Cães com pouca atividade física podem demonstrar agitação e inquietação, por isso procure levar seu cão para fazer exercícios através de caminhadas e brincadeiras.
Permita comportamentos que dão vazão à ansiedade dele
Alguns cães aprendem a controlar a ansiedade por meio de alguns comportamentos, como o de mastigar algum objeto enquanto recebem carinho. Esses animais, assim que avistam alguém, procuram imediatamente um brinquedo para ficar mordendo. Essa pode ser uma solução saudável encontrada por eles mesmos para uma ansiedade excessiva.
Por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal.
Você joga uma bolinha, o cão a pega e traz, mas se recusa a soltá-la? Alexandre Rossi ensina como conseguir a devolução e, finalmente, curtir a brincadeira por completo!
Quem nunca jogou uma bolinha para o cão trazer de volta? Essa talvez seja a mais famosa brincadeira dos donos com seus cães. Mas ver a bola devolvida para que possa ser jogada de novo é uma cena mais imaginária que real. O comum é o cão abocanhar a bola, se aproximar do dono e não soltá-la. Ou soltá-la e agarrá-la antes que o dono a consiga recuperá-la.
Diante desse quadro, o dono muitas vezes adota a estratégia de agir disfarçadamente. Finge desinteresse e, de repente, faz a tentativa de pegar a bola. Em vão. Centésimos de segundo antes, o cão escapa com ela na boca, dá um olé, e o dono fica com cara de bobo.
Quando finalmente a bola é alcançada, o cão não a solta de jeito nenhum e o dono desiste de brincar. Por que isso ocorre? Será que os cães não conseguem entender a lógica da brincadeira?
O problema
Jogar bolinha é uma prática pela qual buscamos uma interação agradável com o cão. Por isso, para nós pode ser decepcionante vê-lo apoderar-se da bola, não entregá-la e, ainda por cima, cada vez que tentamos tirá-la dele, ter de fazer “cabo de guerra”.
Disputar a bola em vez de soltá-la é uma predisposição canina herdada. É assim que o ancestral lobo age para repartir a caça em diversos pedaços. E tem mais. Desfilar com um objeto desejado por outro membro do grupo é uma demonstração de poder. Por isso, continuar com a bola enquanto o dono se desdobra para resgatá-la é motivo de enorme prazer para o cão.
A solução
É perfeitamente possível convencer o cão a devolver a bola. Para tanto, aja de acordo com o ponto de vista dele. Arremesse a bolinha “com gosto”, em velocidade, mas de maneira que o cão consiga persegui-la e capturá-la. Observe se ele gosta mais de bolas rasteiras ou de pular e capturar a “presa” no ar, e passe a arremessar do jeito que ele prefere.
Quando o cão estiver com a bola na boca, chame-o pelo nome para vir até você. Se ele não vier, emudeça e ignore-o. Se vier, festeje-o e não demonstre muito interesse pela bola. Repita a técnica de festejar o cão sempre que ele trouxer a bola atendendo a um chamado seu.
A etapa seguinte é pegar o cão de surpresa e tentar recuperar a bola antes de haver qualquer disputa. Para tanto, depois de ele chegar com a bola e de ter sido festejado, pare com a festa e ignore-o. De repente, quando ele menos esperar, com um movimento rápido puxe a bolinha da boca dele. Se o cão a soltar, pegue-a e dê parabéns, fazendo muita festa. Se não a soltar, e você concluir que não será possível obter sucesso com esse método, tente uma nova estratégia: vencer o cão pela gula.
O truque
Obter a cooperação do cão fica mais fácil com a ajuda de petisco. Mostre a guloseima quando ele estiver voltando com a bolinha. Ele abrirá a boca e você fará a troca do petisco pela bola. Encare a recompensa como um preço pago para conseguir que o cão brinque do jeito que você gosta!
Se, por ver a guloseima na sua mão, o cão deixar de buscar a bolinha, esconda-a no bolso. Nesse caso, só a tire de lá quando ele voltar trazendo a bola. Em pouco tempo, o cão aprenderá que, ao soltá-la, pode ganhar recompensa. E, mesmo vendo o petisco antes de a bola ser arremessada, passará a buscá-la e a trazê-la.
Resumo
. A maioria dos cães não devolve prontamente a bolinha que foi buscar.
. Evite correr atrás do cão quando ele estiver com a bolinha na boca, para não reforçar o comportamento.
. Não tente arrancar a bolinha da boca do cão, pois ele vai gostar muito mais de brincar de cabo-de-guerra do que de devolvê-la.
. Recompense o cão com petiscos por ter devolvido a bolinha para você.
. Assim que o cão voltar e quando soltar a bolinha, elogie-o bastante.
Por Cássia Rabelo Cardoso dos Santos, adestradora e consultora comportamental da equipe Cão Cidadão.
As férias chegaram e, com elas, muitas pessoas aproveitam para curtir momentos de descontração com seus pets. Uma boa dica é treinar alguns comandos com eles, para que possam se divertir ainda mais!
Com o adestramento, é possível estabelecer um canal de comunicação eficaz com o pet. Ele começa a entender o que queremos e esperamos dele. O adestramento baseado no reforço positivo, ou seja, utilizando recompensas que o pet aprecie bastante para premiar os acertos, é a forma mais eficaz de ensinar brincando! Para iniciar os treinos, o ideal é induzir o movimento esperado e recompensar exatamente no instante em que ele ocorrer.
A utilização de um marcador, chamado de clicker, auxilia bastante no treinamento. O clicker é um aparelhinho que emite um som metálico ao ser pressionado. Mas, pode-se também utilizar um estalo com a boca. Isto para que o exato momento em que o comportamento esperado seja marcado, ficando ainda mais claro para o peludo que é aquilo que se espera dele e que logo em seguida receberá a recompensa. Após algumas sessões de treinamento, o som do clicker significará “acertei, agora vou ganhar uma recompensa deliciosa!”.
Por exemplo, para ensinar o comando SENTA, basta manter um petisco pequeno entre os dedos e bem perto do focinho, direcionando a cabeça do cão para trás. A tendência é que ele naturalmente se sente e, nesse momento, deve ouvir o clicker e ser recompensado! Após algumas repetições, quando o movimento se tornar praticamente automático, introduz-se o comando verbal.
Outro comando interessante é o VEM, muito útil quando se está com o cão no parque, por exemplo. O segredo desse comando é associar o chamado sempre a algo muito positivo, ou seja, quando o cão ouvir o dono chamando, qualquer que seja o local, certamente virá imediatamente ao saber que ganhará algo que goste bastante!
Mas, é importante lembrar: não utilize o comando VEM para situações desagradáveis para o cão, como, por exemplo, tomar remédio ou ir embora do parque, pois, assim, ele passará a associar que o chamado do dono não significa algo tão legal assim.
Outro bastante divertido é o BUSCA e SOLTA, a ser utilizado para o cão buscar um brinquedo, trazê-lo e devolvê-lo. Bolinhas, em geral, são as preferidas e esses dois comandos acabam gerando momentos muito divertidos entre o cão e seu dono!
Fazer o cão perseguir a bola é fácil, pois eles costumam ter enorme prazer nessa atitude. Mas, nem sempre é tão fácil fazê-lo trazer de volta e soltar. O grande segredo é ter duas bolas ou brinquedos iguais, de que ele goste muito. Quando se joga um, começa-se a brincar com o outro. A tendência natural, ao ver outro objeto sendo mais valorizado pelo dono, é que o cão solte aquele que estiver em sua boca. Nesse momento, deve-se clicar e jogar o outro imediatamente. O treino torna-se, rapidamente, uma brincadeira muito divertida!
Com o reforço positivo, aplicado com base nas dicas acima, é possível ensinar um infinidade de comandos aos pets, tornando tudo uma brincadeira extremamente divertida, durante as férias ou em qualquer oportunidade!
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